segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Pesquisa enfraquece candidatura de Ciro Gomes à Presidência, dizem analistas

Maurício Savarese
Do UOL Notícias
Em São Paulo

A candidatura do deputado Ciro Gomes (PSB) à Presidência perde fôlego com a divulgação da pesquisa CNT/Sensus, disseram nesta segunda-feira (1º) analistas ouvidos pelo UOL Notícias.

Para eles, a tendência de queda da intenção do voto do ex-ministro somada à ascensão da petista Dilma Rousseff abala a tese de que um segundo presidenciável governista na disputa reduziria as chances de vitória do governador de São Paulo, José Serra, pré-candidato do PSDB.

Na sondagem, Ciro caiu de 17,5% em novembro para 11,9% em janeiro, enquanto Dilma subiu de 21,7 para 27,8% no mesmo período. Integrantes do PSB esperam um avanço do deputado na próxima pesquisa, uma vez que ele será a estrela do programa partidário na televisão, a ser exibido neste mês. O salto da ministra-chefe da Casa Civil nas pesquisas se deu depois da transmissão petista, em dezembro.

Como a diferença entre os governistas Dilma e Ciro se alargou nas últimas sondagens, partidários do deputado avaliam que ele precisa chegar a cerca de 20% das intenções de voto até março para tentar se manter na corrida presidencial. O cientista político Amaury de Souza, consultor da MCM, afirma que o sobe e desce nas pesquisas é “um período de turbulências previsível na pré-pré-campanha, porque nem a pré-campanha começou”. Mas vê dificuldades para o ex-governador do Ceará.

“Mas está mais difícil para o PSB emplacar a tese de que Dilma terá maiores chances de vitória se Ciro concorrer. Para isso, o programa partidário tem que alavancar a posição do deputado em seis, sete por cento.

O Ciro caiu muito de dezembro para cá e caiu fora da margem de erro. Hoje já fica fácil para Lula defender o plebiscito entre Serra e Dilma”, disse. “Mas se Ciro depois do programa subir bem, a conversa tem que ser outra."

Antes da crise de hipertensão de Lula na última sexta-feira, o governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, disse ao mandatário que a presença do deputado na sucessão presidencial ajudaria a enfrentar a oposição.

O petista tem reunião com Ciro até o fim de março para definir se ele terá apoio para se candidatar ao governo de São Paulo -Estado para o qual transferiu seu domicílio eleitoral-, ou se receberá a tolerância para buscar a Presidência da República.

Plano B
Para Francisco Fonseca, cientista político FGV-SP, o dado que aponta empate técnico entre Serra e Dilma apenas quando Ciro está na disputa não reforça as chances do deputado de se candidatar. A dúvida no Palácio do Planalto, na avaliação dele, não diz respeito às chances de a ministra polarizar com o governador sem ajuda do polêmico deputado, mas sim de ter um “plano B” para o caso de a petista não deslanchar.

“Ainda é cedo. Por hora a tendência, independentemente do Ciro, é de queda do Serra e subida da Dilma. Há grande desconhecimento da Dilma como candidata do Lula. Ainda há conhecimento da própria candidata, não sabem quem ela é.

A disputa plebiscitária que o presidente Lula quer continua fazendo sentido. No segundo turno, se houver, será um plebiscito de qualquer maneira. E o Ciro, candidato ou não, vai apoiar o governo Lula. Não há o que desagregar”, afirmou.

Para o cientista político Claudio Couto, da PUC-SP, o deputado só tem chances de disputar a Presidência se tiver “uma condução de campanha amena na relação com o governo”. “Mas a gente nunca sabe como ele vai reagir. O presidente deve ter preocupações com isso na hora de definir”, afirmou.

Ele acredita que se Ciro entrar na disputa pode ajudar Dilma a fazer uma ponte com eleitores avesos ao PT, caso não vá ele mesmo para um eventual segundo turno contra Serra.

“Estamos falando de um ex-tucano, percebido como não tão de esquerda por alguns setores, jeito de executivo. O papel dele, se entrar, é de aparecer como alguém simpático ao governo e que desanuvia parte da rejeição ao petismo."

Outro papel que Ciro cumpriria na disputa é atacar o tucano Serra, líder nas pesquisas de intenção de voto e adversário histórico do deputado do PSB.

"Mas para isso ele tem de se viabilizar primeiro, subir nas pesquisas e ganhar o OK de Lula”, afirma Couto.

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