Possibilidade de o PMDB gaúcho apoiar Dilma Rousseff abriria uma nova fase no embate entre petistas e pemeedebistas no Estado
Os esforços petistas e pedetistas para fortalecer a candidatura da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) à Presidência com apoio dos peemedebistas gaúchos colocaram o cenário eleitoral no Estado de cabeça para baixo. De repente, aliados de Tarso Genro (PT) e José Fogaça (PMDB) – atuais pontas-de-lança de uma rivalidade de quase 20 anos – foram obrigados a avaliar as vantagens e os prejuízos de uma reviravolta histórica.
Ontem, disposto a assegurar a aliança com o PDT, Fogaça sinalizou que seguirá o que o PMDB nacional decidir sobre a disputa presidencial (leia entrevista na página 6). Como os caciques que comandam o partido estão fechados com Dilma, o prefeito da Capital, que precisa renunciar ao cargo até o início de abril para concorrer a governador, na prática admite subir no palanque da ministra, uma exigência dos pedetistas para selar a união. Também ontem, em encontro com o presidente estadual do PDT, Romildo Bolzan Jr., Fogaça avalizou outra condição da sigla, a vaga de vice na chapa.
Mantido esse cenário, Fogaça vai impor constrangimentos a ele próprio e a Tarso. Se o adversário aparecer ao lado de Dilma, o candidato petista terá de se esforçar para provar ser o preferido da ministra e do presidente Lula. Nem mesmo caciques da campanha tarsista sabem explicar como será o comportamento de Lula na disputa gaúcha. Há quem acredite que o presidente não virá ao Estado. O ex-prefeito de Bagé, Luiz Fernando Mainardi, pensa diferente:
– Se o PMDB do RS apoiar Dilma, Lula e a ministra vão estar no palanque de Fogaça. Acho que vai haver dois tipos de comício, um com Tarso e outro com Fogaça.
Na trincheira peemedebista, a confusão é semelhante por conta da divisão entre apoiadores de Dilma e do governador paulista José Serra (PSDB). Apesar da convicção de que a tese de candidatura própria ao Planalto não decolará, os caciques pretendem manter o discurso para evitar constrangimentos a Fogaça, que não será obrigado a se posicionar neste momento.
– Não estamos em nenhum brete. Até a convenção, em junho, o PMDB defende a candidatura própria. Lá, veremos qual a tese vencedora – afirma o secretário-geral do PMDB, Eliseu Padilha.
Após um encontro com Dilma na sexta-feira em Porto Alegre, o prefeito teve de acalmar os ânimos dos apoiadores de Serra. Segundo um aliado, Fogaça relatou internamente no partido que a visita da ministra foi técnica.
– Fogaça pode até ter vontade de se aliar a Dilma, mas é um processo muito difícil de construir internamente – diz o presidente do PMDB de Porto Alegre, Fernando Záchia.
A preocupação de serristas é como administrar o apoio a Dilma em momentos de acirramento com o PT. Outro motivo de tensão é como explicar aos eleitores o rompimento com o PSDB e a aliança não tradicional com os velhos algozes.
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