segunda-feira, 1 de abril de 2013

Aécio tem dificuldades para obter tempo de tevê

Além de lidar com um problema velho –a falta de unidade do PSDB— o presidenciável tucano Aécio Neves depara-se com um desafio novo: as dificuldades para montar uma coligação partidária competitiva. Nesse jogo, os partidos importam pouco, quase nada. O que conta é o tempo de propaganda de cada um.
Mesmo envolvendo a máquina de Minas Gerais nas suas articulações, Aécio não é páreo para Dilma Rousseff, que monta seu palanque em plena Esplanada dos Ministérios. Para complicar, a oposição enfrenta agora a concorrência de um governista dissidente, o governador pernambucano Eduardo Campos (PSB).
Nos últimos anos, sempre que tratavam de alianças eleitorais, os tucanos enchiam o peito como uma segunda barriga para anunciar, antes de qualquer negociação, que dispunham de dois parceiros automáticos. Hoje, o DEM (46 segundos) e o PPS (15 segundos) ameaçam tomar outro rumo. Ambos flertam com Eduardo Campos.
Sem ministérios a oferecer, Aécio inclui na sua equação o governo de Minas Gerais. No lance mais ousado, insinua nos subterrâneos que pode apoiar um nome do PP (1 minuto e 19 segundos) para a sucessão do afilhado político Antonio Anastasia. Chama-se Alberto Pinto Coelho. É o atual vice-governador de Minas.
O PP mineiro solta fogos com a pespectiva de o filiado Alberto Pinto obter o patrocínio de Aécio. Porém, a maioria do PP federal pende para Dilma, não para Aécio. O partido ocupa a pasta das Cidades –um dos ministérios politicamente mais rentávei$ da Esplanada.
Sobrinho de Tancredo Neves e primo de Aécio, o senador Francisco Dornelles (RJ) deixará a presidência do PP em 11 de abril –um pouco por enfado, um pouco para evitar o constrangimento de não entregar a legenda ao parente. Assumirá o comando do PP o senador Ciro Nogueira (PI).
Ciro é muito amigo de Aécio. Mas o acerto com o PSDB não depende de sua vontade. Na sucessão de 2010, o PP escalou o muro. Não entregou seu tempo de tevê nem a Dilma nem ao tucano José Serra. Nos Estados, liberou os diretórios. No plano nacional, manteve-se neutro.
O PP chegou à neutralidade graças a uma esperteza de Dornelles. Presidente do partido já nessa época, o primo de Aécio se absteve de convocar a convenção para escolher um candidato.  Passada a eleição, o PP ganhou a pasta das Cidades. Hoje, ainda que quisesse, Ciro teria dificuldades para evitar o casamento formal com Dilma.
Há outras legendas com o tempo de propaganda exposto sobre o balcão. O PDT (44 segundos) acaba de se reposicionar na pasta do Trabalho e flerta com Eduardo Campos, que cogita oferecer-lhe a posição de vice. O PR (1 minuto e 10 segundos) reúne-se com Dilma nesta semana para tentar reaver o Ministério dos Transportes.
O PTB (38 segundos), que fechara com José Serra em 2010, hoje divide-se entre Dilma e Eduardo Campos. Nesta terça, a presidente exibirá seu mostruário de cargos aos líderes do partido no Senado, Gim Argello (DF); e na Câmara, Jovair Arantes (GO). O governador Pernambucano prefere tricotar com Roberto Jefferson, presidente licenciado e dono da maioria dos votos da convenção que decidirá sobre 2014. Há também o PSD (1 minuto e 39 segundos), cujo presidente, Gilberto Kassab, pende para Dilma sem descartar Eduardo.
Ou seja: até onde a vista alcança, Aécio Neves não dispõe, por ora, senão da vitrine televisiva do próprio PSDB (1 minuto e 43 segundos). Quanto a Dilma, no cenário mais pessimista, terá em torno de dez minutos. No otimista, mais de 12. Será uma competição desigual.

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Médico Clínico e Sanitarista - Doutor em Saúde Pública - Coronel Reformado do Quadro de Dentistas do Exército. Autor dos livros "Sistemismo Ecológico Cibernético", "Sistemas, Ambiente e Mecanismos de Controle" e da Tese de Livre-Docência: "Profilaxia dos Acidentes de Trânsito" - Professor Adjunto IV da Faculdade de Medicina (UFF) - Disciplinas: Epidemiologia, Saúde Comunitária e Sistemas de Saúde. Professor Titular de Metodologia da Pesquisa Científica - Fundação Educacional Serra dos Órgãos (FESO). Presidete do Diretório Acadêmico da Faculdade Fluminense de Odontologia. Fundador do PDT, ao lado de Leonel Brizola, Darcy Ribeiro, Carlos Lupi, Wilson Fadul, Maria José Latgé, Eduardo Azeredo Costa, Alceu Colares, Trajano Ribeiro, Eduardo Chuy, Rosalda Paim e outros. Ex-Membro do Diretório Regional do PDT/RJ. Fundador do Movimento Verde do PDT/RJ. Foi Diretor-Geral do Departamento Geral de Higiene e Vigilância Sanitária, da Secretaria de Estado de Saúde e Higiene/RJ, durante todo o primeiro mandato do Governador Brizola.