quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Aécio-Ciro, uma chapa impossível? (Carlos Chagas)


BRASÍLIA - Seria viável uma chapa Aécio Neves-Ciro Gomes, para as eleições presidenciais de 2010? Só por milagre, mas milagres, às vezes, acontecem. Primeiro, o governador de Minas precisaria deixar o PSDB, onde pontifica sem ressalvas a candidatura José Serra. A solução seria passar-se para o PMDB, mas qual a reação dos tucanos?

De pouco adiantaria exigirem, por analogia, a cassação do mandato de Aécio, porque além do entendimento de que a decisão do Supremo Tribunal Federal vale apenas para mandatos legislativos, caso bandeando-se para o PMDB a fim de disputar a eleição presidencial, ele precisaria renunciar ao governo mineiro seis meses antes da eleição, ou seja, em abril.

Acresce ser o PMDB um enigma. Quem garante que o partido, acolhendo o governador, fará dele o seu candidato? Tem muita gente contra, não apenas os partidários das candidaturas Roberto Requião e Nelson Jobim. Para desembarcar numa aventura, Aécio Neves pensará duas vezes, lembrando-se de que seu avô, Tancredo Neves, quase viu desfeitos seus sonhos presidenciais ao fundar o PP, deixando o PMDB, que era "o partido do Arraes". Por uma vacilada do governo militar, que criou dificuldades ao funcionamento do novo partido, Tancredo voltou atrás e reintegrou-se na antiga legenda, onde depois obteve a consagradora indicação.

O reverso da medalha também é cheio de espinhos e escarpas. Alguém pode ter certeza de que Ciro Gomes aceitaria lugar subalterno, disputando a vice-presidência? O ex-governador do Ceará e ex-ministro da Fazenda e da Integração Nacional é candidato a presidente da República. O raciocínio que valeria para Aécio Neves, de poder contar com o apoio do presidente Lula, vale também para Ciro Gomes, até com mais ênfase, porque integra a base parlamentar do governo, pelo Partido Socialista.

Mesmo assim, quer dizer, apesar desses obstáculos, tem gente insistindo em que a saída para os atuais detentores do poder encontra-se na chapa Aécio-Ciro. O presidente Lula já deu sinais de que o candidato não precisará necessariamente provir do PT. Antes de qualquer companheiro ele percebeu a fragilidade de seu partido em termos de nomes de peso para concorrer à sua sucessão.

Além disso, contribuiu para aplainar ainda mais a base parlamentar oficial. Por certo encontrará dificuldades variadas que talvez não supere, se quiser impedir o PT de concorrer com nome próprio, mas sempre valerá a pena prever o segundo turno, diante da evidência de que nem Dilma Rousseff, nem Marta Suplicy, nem Tarso Genro e nem Patrus Ananias alcançariam os dois primeiros lugares.

Em suma, e apesar do anacronismo de certos observadores, insistindo em que é cedo e que muita água passará sob a ponte, tanto o presidente Lula quanto os líderes partidários e os possíveis candidatos já se preparam. Preferem ficar com o provérbio árabe de que bebe água limpa quem chega primeiro na fonte. Quem sabe a salvação do governo de coalizão hoje no poder repouse mesmo na dobradinha Aécio-Ciro?

Apenas um adendo, na questão sucessória: caso vá ficando demonstrado que ninguém tira a vitória de José Serra e dos tucanos, conforme as pesquisas, engrossará a corrente do terceiro mandato, que nem o Lula conseguirá conter. Se quiser, é claro.

Surpresa agradável

Não há como negar que a performance de Garibaldi Alves na presidência do Senado vem constituindo grata surpresa, até para os céticos que nele não faziam fé. O senador pelo Rio Grande do Norte entrou com o pé direito quando tomou posse e, depois, ao inaugurar os trabalhos da presente sessão legislativa. Protestou contra as incursões do Executivo e do Judiciário nas prerrogativas do Legislativo e vem estimulando seu colega presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, a também opor-se à enxurrada de medidas provisórias editadas pelo governo.

É possível que ainda neste primeiro semestre o Congresso vote emenda constitucional limitando o poder de o Palácio do Planalto legislar e restringindo as medidas provisórias exclusivamente a casos de urgência e relevância. E sem a inadmissível cláusula do trancamento das pautas de Câmara e Senado enquanto não apreciadas em prazo específico. O governo não está gostando nem um pouco, em especial a ministra Dilma Rousseff, mas deputados e senadores, desta vez, parecem dispostos a enfrentar reações.

Mantendo o mesmo tom de comportamento até o final do ano, Garibaldi se transformará no grande eleitor para sua sucessão no biênio 2009-2011, de fundamental importância por conta da sucessão presidencial e das eleições gerais de 2010. Pode ser que decida concorrer ao governo do Rio Grande do Norte, que já ocupou, mas, se preferir descer da presidência do Senado para o plenário, terá se transformado num ponto de referência.

Cuidado com os tucanos

O presidente Lula declarou a disposição de não intrometer-se nas eleições municipais de outubro, ou seja, não subirá em palanque algum, sequer dos companheiros. Tem motivos, porque em boa parte das capitais estaduais e das grandes cidades os diversos partidos da base de apoio do governo estarão se enfrentando na escolha dos prefeitos.

Mesmo assim, o presidente tem sido alertado por amigos de que mais valeria criar algumas desavenças em seu pano de fundo do que deixar o caminho livre para os tucanos. Uma vitória de Geraldo Alckmin em São Paulo serviria para tornar ainda mais difícil a sucessão presidencial de 2010, tendo em vista que no aceso da disputa José Serra e o hoje candidato inarredável acabarão se acertando.

Por tudo isso, aguardam os petistas de São Paulo que o presidente abra pelo menos uma exceção e se engaje na campanha de Marta Suplicy para a sucessão de Gilberto Kassab. O sinal de sua concordância estaria na promessa de que, derrotada, a ex-prefeita retornaria ao Ministério do Turismo.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Virgílio quer disputar pré-candidatura do PSDB de 2010 com Serra e Aécio

26/02/2008 - 17h11

GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília

O senador Arthur Virgílio (PDSB-AM) solicitou hoje oficialmente ao PSDB para incluir seu nome como pré-candidato à presidência da República em 2010. O líder tucano no Senado pediu "igualdade de tratamento" no partido em relação aos demais candidatos, o que prevê a inclusão do seu nome nas pesquisas de intenções de voto realizadas pela legenda.

Virgílio disse à Folha Online que não teme a polarização entre os governadores José Serra (PSDB-SP) e Aécio Neves (PSDB-MG) --que nos bastidores já deram início à disputa pela candidatura tucana à presidência.

"Eu não tenho medo de nada. Hoje, o Serra está na frente do Aécio. Eu quero saber o quanto eu estou atrás do Aécio. No mínicmo, nós vamos abrir as discussões no partido", disse.

O senador garantiu que sua candidatura à presidência é "coisa séria", sem a disposição de sair da disputa mesmo que as pesquisas apontem um fraco desempenho eleitoral. "Eu estou começando, mas não estou brincando. Vou levar isso a sério. Quem achar que é uma brincadeira, vai ver que [a candidatura] é coisa inabalável."

Virgílio encaminhou ofício ao presidente do PSDB, Sérgio Guerra, no qual declara oficialmente a sua pré-candidatura. No documento, o senador também solicita ser incluído em todos os programas do partido, no rádio e na TV, de âmbito regional e federal.

O tucano disse acreditar que Guerra vai lhe conferir igualdade de tratamento em relação aos demais candidatos por ser um "zeloso guardião da linha democrática seguida pelo partido".

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Blog do Josias: Aécio busca acordo com aliados de Lula para 2010

21/02/2008 - 03h55

Para se destacar no PSDB como candidato à Presidência em 2010, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, vem buscando fazer acordos com partidos da atual bancada governista, informa o blog do Josias.

Enquanto o governador de São Paulo, José Serra, aparece na frente em pesquisas de opinião, Aécio mantém contatos mais freqüentes com o PMDB e o PSB para mostrar que tem a capacidade de agregar. "Pesquisa é importante, mas não é tudo", disse.

Os diálogos com os partidos da base aliada ao PT se tornaram mais freqüentes depois que Serra deixou clara sua preferência pela reeleição de Gilberto Kassab (DEM) à Prefeitura de São Paulo, em detrimento de Geraldo Alckmin (PSDB).

Ao mesmo tempo, os partidos tentam convencer o tucano a deixar o PSDB para disputar contra o próprio Serra --preferido do partido até agora-- na corrida presidencial.

Leia matéria completa no blog do Josias.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Aécio x Serra

15/02/2008

Apesar de ser o político com as mais robustas intenções de voto nas pesquisas sobre a sucessão presidencial de 2010, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), não terá vida fácil para viabilizar a sua candidatura.

Evidência disso foi a eleição do novo líder da bancada de deputados federais do PSDB, episódio no qual o candidato de Serra, Arnaldo Madeira, foi derrotado por 36 a 22 votos pelo colega José Aníbal.

Na quarta-feira (13/02), uma articulação do governador de Minas, Aécio Neves, foi fundamental para derrotar Madeira.

Vez ou outra, Serra e Aécio marcam um jantar, tomam um vinho e combinam uma trégua.

Mas o armistício não dura até a sobremesa.

Motivo: só há uma vaga de candidato a presidente pelo PSDB.

Aécio não aceita que a candidatura Serra seja um fato consumado, como querem o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e outros importantes dirigentes tucanos.

Serra avalia que 2010 será sua última e melhor chance de conquistar o Palácio do Planalto. O paulista terá então 68 anos. Já Aécio estará com 49 anos na eleição presidencial. Ainda jovem para um político, poderia aguardar.

O mineiro até admite não disputar, mas diz a aliados que precisará ser convencido e batido lealmente.

Entretanto, ele crê que haverá na próxima sucessão fatores favoráveis a um nome da oposição.

Primeiro e mais significativo desses fatores: Lula não poderá concorrer. Em 2014, porém, o atual presidente poderá se recandidatar.

Outros fatores: PT não tem um nome forte e Ciro Gomes (PSB) ainda assusta setores petistas e do empresariado. Ou seja, 2010 poderá ser o ano em que o cavalo passará selado na porta de Aécio.

A disputa entre os dois principais presidenciáveis do PSDB ainda terá muitos rounds. Para complicar, há divergências de outras naturezas no partido que contribuem para enfraquecer os tucanos.

Uma delas é o modo como a legenda deve fazer oposição a Lula.

Uma ala mais radical prega linha dura em relação ao petista. Outra, composta por Aécio e Serra, prefere pegar mais leve.

Ironicamente: Aécio, mais moderado do que Serra em relação a Lula, aliou-se a um "oposicionista radical" como Geraldo Alckmin para derrotar o governador paulista no episódio da eleição do novo líder do tucano. Serra tem também o seu "radical de conveniência", FHC.

Embaralhadas assim, as divisões tucanas tendem a enfraquecer o partido, que ora parece liderado pelo DEM, ora atua como uma força disposta a fazer uma sonhada aliança com o PT.

Nesse cenário, Serra tem mais a perder do que Aécio, político que transita com mais desenvoltura em outras paragens.

O mineiro é cortejado pelo PMDB, que adoraria tê-lo filiado para lançá-lo à Presidência. Possui linha direta com Lula. E é amigo de um grande inimigo de Serra, o deputado federal e ex-ministro Ciro Gomes (PSB), político do campo lulista com maior cacife eleitoral nas pesquisas mais recentes.

*

Arquivo Datafolha

Na pesquisa Datafolha publicada no início de dezembro, houve um cenário com os dois presidenciáveis tucanos. Serra obteve 33%; Ciro, 19%; Heloisa Helena (PSOL), 15%; Aécio, 11% e Nelson Jobim (PMDB e ministro da Defesa), 2%.

Em um cenário sem Aécio e com a melhor marca de um postulante petista (6% de Marta Suplicy, ministra do Turismo), Serra ficou com 37% contra 18% de Ciro.

HH obteve 13%, e Jobim, 2%. Quando Dilma Rousseff substituiu Marta, a ministra da Casa Civil conseguiu modestos 2%. Nessa simulação, Serra obteve 38%. Ciro, 19%.

Kennedy Alencar, 40, é colunista da Folha Online e repórter especial da Folha em Brasília. Escreve para Pensata às sextas e para a coluna Brasília Online, sobre os bastidores da política federal, aos domingos.

E-mail: kalencar@folhasp.com.br

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domingo, 10 de fevereiro de 2008

Chapa Aécio-Ciro volta a ser cogitada no Planalto (Kennedy Alencar)

10/02/2008

Na relação de quase amor e quase ódio entre tucanos e petistas, o momento é de tensão. Ao lado do DEM, uma ala do PSDB deseja realizar uma CPI dos cartões corporativos no plano federal, o que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vê como tentativa de enfraquecer seu governo.

O PT deu o troco em São Paulo, propondo uma comissão parlamentar de inquérito na Assembléia para investigar gastos semelhantes do governo José Serra.

Para complicar ainda mais, um setor petista que detesta as boas relações da seção mineira com Aécio Neves quer trazer o governador mineiro para o imbróglio, cobrando explicações sobre despesas pequenas feitas sem licitação.

Parece não ser uma boa hora, portanto, para falar de eventual aproximação entre PT e PSDB. Mas Lula e uma ala do PT capitaneada pelo prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, voltaram a pensar na possibilidade de Aécio integrar uma ampla coligação em 2010 para tentar derrotar uma provável aliança entre PSDB e DEM.

O cenário

Lula continua a avaliar que Aécio não obterá a candidatura do PSDB à Presidência da República. Para o presidente, o governador de São Paulo, José Serra, será o nome tucano na cédula eleitoral de 2010.

Aécio já andou dizendo nos bastidores que não aceita "fato consumado". Leia-se: dar de barato desde já que Serra será o candidato por ser o presidenciável mais bem posicionado em todas as pesquisas eleitorais.

Aécio ameaçou abrir uma dissidência em Minas, segundo colégio eleitoral do país --base na qual tem sólido apoio. Não interessa a Serra, portanto, brigar com o colega.

Mas apenas um deles será o candidato. E o governador mineiro acha pouco a vaga de vice.

Uma chance de entendimento entre os dois tucanos é o final da reeleição e a volta de um mandato presidencial de cinco anos, mas essa não é uma operação fácil.

Na avaliação de Lula, Aécio deveria ousar e trocar o PSDB pelo PMDB. Poderia fazê-lo um ano antes da eleição e deixaria um vice de confiança assumir seu posto, Antonio Anastasia.

Os peemedebistas já convidaram Aécio. Avaliam que ele teria discurso: retornar ao partido de seu avô, Tancredo, porque o PSDB lhe teria fechado as portas prematuramente. Essa é outra operação tão complicada quanto o arranjo para acabar com a reeleição.

Se Aécio aceitasse correr o risco, Lula se empenharia para que Ciro Gomes (PSB) topasse ser vice dele. Ex-ministro da Integração Nacional e nome do campo lulista mais forte nas pesquisas hoje, Ciro conquistou a confiança de Lula. Jovem como Aécio, formaria com o mineiro uma chapa com grande penetração no Nordeste e no segundo maior colégio eleitoral do país. O PMDB é um partido enraizado nacionalmente, o que ajudaria esse projeto presidencial.

Mas há ainda outra operação complicada: Lula convencer o PT a coadjuvar essa chapa em troca de uma forte participação no governo. Comando da área econômica e social, por exemplo.

Esse é o cenário traçado por integrantes da cúpula do PT e do governo que avaliam que o partido dificilmente conseguirá viabilizar um nome forte para disputar a sucessão de Lula. É o cenário traçado por gente que acha que Dilma Rousseff, a poderosa ministra da Casa Civil, não vai decolar apesar dos empurrões que Lula tem lhe dado.

Arquivo do Datafolha

No início de dezembro de 2007, pesquisa Datafolha publicada pela Folha mostrou que Serra era o presidenciável mais forte em todos os cenários. Mas, na hipótese em que Aécio constava como candidato, ele tinha a sua menor marca.

Vamos aos números: Serra obteve 33%; Ciro, 19%; Heloisa Heleina (PSOL), 15%; Aécio, 11% e Nelson Jobim (PMDB e ministro da Defesa), 2%.

Em um cenário sem Aécio e com a melhor marca de um postulante petista (6% de Marta Suplicy, ministra do Turismo), Serra ficou com 37% contra 18% de Ciro. HH obteve 13%, e Jobim, os seus modestos 2%.

Quando Dilma substituiu Marta, a ministra conseguiu parcos 2%. Serra oscilou para 38%. Ciro também marcou um ponto percentual a mais (19%).

Kennedy Alencar, 40, é colunista da Folha Online e repórter especial da Folha em Brasília. Escreve para Pensata às sextas e para a coluna Brasília Online, sobre os bastidores da política federal, aos domingos.

E-mail: kalencar@folhasp.com.br


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Quem sou eu

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Médico Clínico e Sanitarista - Doutor em Saúde Pública - Coronel Reformado do Quadro de Dentistas do Exército. Autor dos livros "Sistemismo Ecológico Cibernético", "Sistemas, Ambiente e Mecanismos de Controle" e da Tese de Livre-Docência: "Profilaxia dos Acidentes de Trânsito" - Professor Adjunto IV da Faculdade de Medicina (UFF) - Disciplinas: Epidemiologia, Saúde Comunitária e Sistemas de Saúde. Professor Titular de Metodologia da Pesquisa Científica - Fundação Educacional Serra dos Órgãos (FESO). Presidete do Diretório Acadêmico da Faculdade Fluminense de Odontologia. Fundador do PDT, ao lado de Leonel Brizola, Darcy Ribeiro, Carlos Lupi, Wilson Fadul, Maria José Latgé, Eduardo Azeredo Costa, Alceu Colares, Trajano Ribeiro, Eduardo Chuy, Rosalda Paim e outros. Ex-Membro do Diretório Regional do PDT/RJ. Fundador do Movimento Verde do PDT/RJ. Foi Diretor-Geral do Departamento Geral de Higiene e Vigilância Sanitária, da Secretaria de Estado de Saúde e Higiene/RJ, durante todo o primeiro mandato do Governador Brizola.