FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Recife
O deputado federal e ex-ministro Ciro Gomes (PSB-CE) afirmou ontem em Recife (PE) que um acordo político entre os governadores e presidenciáveis tucanos José Serra (SP) e Aécio Neves (MG) tornará a oposição "potencialmente favorita às eleições de 2010".
"Eu vejo isso porque [o acordo] reuniria as forças que estavam juntas antes da Revolução de 1930", declarou Ciro, referindo-se à política do "café com leite" da Primeira República (1889-1929), dominada pelos partidos republicanos de Minas e São Paulo, que se alternaram no poder de 1894 a 1929.
Para Ciro, se essa aliança se consolidar --fato que considera "improvável, mas possível de acontecer"--, as forças que apóiam o governo terão que "colocar a prevalência dos interesses nacionais à frente das justas pretensões" partidárias.
Segundo o deputado, isso inclui as "candidaturas precocemente postas". "E quem está falando é um dos citados", afirmou, referindo-se às articulações para que seja um dos postulantes à sucessão presidencial. "O que não pode é impor", disse. "O que temos que fazer é ter muito juízo", declarou.
Além da união da base, Ciro acredita que o eventual favoritismo da oposição pode ser compensado também com o sucesso do governo, "não hoje, mas na data [da eleição]". "É preciso que o presidente Lula esteja pilotando com incontrastável sucesso" --o que, para ele, não ocorre atualmente.
Ex-ministro da Integração Nacional no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o deputado apontou "dificuldades de gestão e de coordenação" no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e "lentidão no cumprimento de algumas metas".
Sobre uma eventual indicação do PSB à sua candidatura em 2010, Ciro disse, ao lado do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), que espera "estar à altura desse momento absolutamente risonho" para sua vida pessoal.
Campos afirmou que Ciro "deve estar pronto para ser convocado para missões partidárias" e que "o PSB tem consciência de que, em 2010, terá um papel importante na cena [política do país]".
Para o governador, o processo do mensalão, que envolve aliados e ex-integrantes do governo, não interferirá no pleito. "Não interferiu em 2006 com a força que alguns desejavam, muito menos interferirá em 2010", declarou.
Ciro disse que o PSDB "tem muito pouca moral para falar em corrupção seja de quem for". Amigo do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), ele excluiu de suas críticas o parlamentar cearense e o governador de Minas, Aécio Neves, que afirmou admirar e querer bem.