sábado, 31 de janeiro de 2009
Lula apresenta Dilma como a futura presidente
BELÉM - Em clima de despedida, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou ontem a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, aos organizadores do Fórum Social Mundial. Na sua última participação no evento como presidente, ele avaliou que o próximo encontro, em 2011, possivelmente no exterior, contará com a presença da ministra. "Se for em 2010, eu ainda irei como presidente. Mas se for em 2011 já vai ser a Dilma", disse, sob aplausos de cerca de cem pessoas.
No encontro, Lula encarregou a ministra de apresentar a proposta de uma Conferência Nacional de Comunicação, que começará com debates nos estados e municípios. O evento, que ele pretende organizar ainda neste ano, discutirá um velho projeto do governo de regulamentar o setor. Lula espera que ainda neste ano possa realizar a conferência e aprovar o projeto no Congresso. O próprio presidente avalia, no entanto, que o assunto não tem consenso na área.
Quase sempre ao lado do presidente, Dilma teve uma atuação discreta nos dois dias em que esteve em Belém. Evitou holofotes e participou de encontros fechados de Lula com os presidentes Hugo Chávez (Venezuela), Evo Morales (Bolívia), Rafael Corrêa (Equador) e Fernando Lugo (Paraguai).
Durante o seminário "A América Latina e o Desafio da Crise Financeira", que reuniu cerca de cinco mil pessoas e contou com a presença dos presidentes sul-americanos na noite de quinta-feira, Dilma recebeu aplausos dos participantes do fórum. O novo visual da ministra não passou despercebido no fórum. Quando sua imagem apareceu nos telões instalados no local do seminário, a multidão assoviou.
Mesmo evitando a imprensa, a ministra ofuscou a presença de 11 colegas de governo que participam do encontro de Belém.
Os organizadores do fórum pediram a Lula que a diplomacia brasileira ajude a resolver problemas de vistos para os participantes da próxima versão do evento nos Estados Unidos, no México ou em um país árabe, possíveis sedes da versão 2011 do fórum. Em entrevista, o presidente disse que não esteve no Fórum Econômico Mundial, em Davos, por não considerar o evento neste ano "interessante".
Ele aproveitou a presença de ativistas europeus e americanos na reunião com os organizadores do Fórum Social para criticar as negociações de paz no Oriente Médio. Lula defendeu que os representantes do Hamas, adversário de Israel e do atual governo palestino sejam ouvidos nas negociações. O presidente relatou que num encontro recente com um diplomata palestino perguntou como o governo palestino avaliaria a possibilidade dele, Lula, conversar com o Hamas.
O diplomata respondeu que gostaria que isso não ocorresse.
Ele elogiou a realização do Fórum Social Mundial em Belém. "O presidente da República não poderia deixar de participar de um encontro como este, representativo e de boa qualidade", afirmou. "Este fórum foi surpreendente pela qualidade e pela participação da juventude", acrescentou. "De alguma forma, Belém recuperou o prestígio do fórum."
sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
Jogando "em casa", Dilma paticipa do FSM como candidata - Por Glauco Faria
Revista Forum
Na tarde desta quinta-feira, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, teve momentos de candidata a presidente da República durante sua participação na mesa “Mulheres nos espaços do poder”, durante o Fórum Social Mundial 2009. Na prática, o tema que motivava a mesa não foi tão abordado como poderia, em função de todas as atenções estarem voltadas para Dilma.
Saudada aos gritos de "Brasil, urgente. Dilma presidente", a ministra assistiu a governadora do Pará, Ana Júlia Carepa (PT), abrir a mesa. Ela até chegou a falar sobre a participação feminina na política, associando parte das críticas que sofre a preconceitos sobrepostos. "Não me discriminam somente por ser mulher, mas por se mulher de esquerda, mulher do PT", argumentou.
Boa parte do seu tempo também foi usado para defender seu governo e anunciar a conclusão de obras como o asfaltamento da BR-163, tema bastante polêmico no FSM e motivo de algumas mesas de debates. A governadora chegou a citar três vezes o nome de Dilma como futura presidente, em sua fala. Algo constrangida, a ministra teve que ser puxada pela governadora para abraçá-la ao fim de seu discurso.
A titular da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres, Nilcéia Freire, centrou sua intervenção no tema da mesa, sem mencionar a possível presidenciável petista. Citou a reforma política como algo fundamental para garantir a igualdade de participação de homens e mulheres, fazendo a defesa das listas fechadas com cotas de mulheres candidatas e financiamento público de campanha para que elas possam reduzir as condições de desigualdade nas campanhas eleitorais.
Fátima Cleide, senadora petista de Rondônia, ressaltou um ponto importante na questão da educação e reafirmou a necessidade de o STF efetivar a Lei do Piso, sancionada pelo presidente Lula.
Ditadura
Ao abrir sua fala, Dilma relembrou seu início de militância política, durante a ditadura militar. "Estou feliz por estar em uma tenda que homenageia os 50 anos da Revolução cubana, que fez parte da minha formação política", disse. Destacou a importância do governo Lula ter criado a secretaria ocupada por Nilcéia Freire, lembrou de personalidades históricas da esquerda como Sérgio Buarque de Holanda, Florestan Fernandes e Mário Pedrosa e comparou a eleição de Lula a um "rio com afluentes" onde se encontram o PT, os movimentos sociais e os partidos populares.
Dilma defendeu o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). "Querem apresentar o PAC somente como uma lista obras, mas ele é um projeto político de distribuição de riquezas". Ela também ressaltou a mudança de postura do governo Lula em relação aos países da África e América do Sul, saudando presidentes do continente à esquerda e qualificando o presidente venezuelano Hugo Chávez como uma "liderança progressista e preocupada com o seu povo".
A ministra também repetiu o presidente LUla em discursos, ao dizer que o Brasil estava mais preparado para a crise do que em ocasiões anteriores, quando recorria ao auxílio do Fundo Monetário Internacional (FMI). Atacou os defensores do "fundamentalismo de mercado" e vaticinou: "O mercado tem que ser regulado sim, outro modelo é possível".
Ao final, Dilma sorriu, tirou fotos e distribuiu autógrafos em credenciais, agendas, boné do MST e até mesmo em uma camisa da Tuna Luso, equipe local. Para desespero dos jornalistas que a aguardavam, foram 18 minutos de espera. E a certeza que a candidata já está em campanha.
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Glauco Faria
Na tarde desta quinta-feira, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, teve momentos de candidata a presidente da República durante sua participação na mesa “Mulheres nos espaços do poder”, durante o Fórum Social Mundial 2009. Na prática, o tema que motivava a mesa não foi tão abordado como poderia, em função de todas as atenções estarem voltadas para Dilma.
Saudada aos gritos de "Brasil, urgente. Dilma presidente", a ministra assistiu a governadora do Pará, Ana Júlia Carepa (PT), abrir a mesa. Ela até chegou a falar sobre a participação feminina na política, associando parte das críticas que sofre a preconceitos sobrepostos. "Não me discriminam somente por ser mulher, mas por se mulher de esquerda, mulher do PT", argumentou.
Boa parte do seu tempo também foi usado para defender seu governo e anunciar a conclusão de obras como o asfaltamento da BR-163, tema bastante polêmico no FSM e motivo de algumas mesas de debates. A governadora chegou a citar três vezes o nome de Dilma como futura presidente, em sua fala. Algo constrangida, a ministra teve que ser puxada pela governadora para abraçá-la ao fim de seu discurso.
A titular da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres, Nilcéia Freire, centrou sua intervenção no tema da mesa, sem mencionar a possível presidenciável petista. Citou a reforma política como algo fundamental para garantir a igualdade de participação de homens e mulheres, fazendo a defesa das listas fechadas com cotas de mulheres candidatas e financiamento público de campanha para que elas possam reduzir as condições de desigualdade nas campanhas eleitorais.
Fátima Cleide, senadora petista de Rondônia, ressaltou um ponto importante na questão da educação e reafirmou a necessidade de o STF efetivar a Lei do Piso, sancionada pelo presidente Lula.
Ditadura
Ao abrir sua fala, Dilma relembrou seu início de militância política, durante a ditadura militar. "Estou feliz por estar em uma tenda que homenageia os 50 anos da Revolução cubana, que fez parte da minha formação política", disse. Destacou a importância do governo Lula ter criado a secretaria ocupada por Nilcéia Freire, lembrou de personalidades históricas da esquerda como Sérgio Buarque de Holanda, Florestan Fernandes e Mário Pedrosa e comparou a eleição de Lula a um "rio com afluentes" onde se encontram o PT, os movimentos sociais e os partidos populares.
Dilma defendeu o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). "Querem apresentar o PAC somente como uma lista obras, mas ele é um projeto político de distribuição de riquezas". Ela também ressaltou a mudança de postura do governo Lula em relação aos países da África e América do Sul, saudando presidentes do continente à esquerda e qualificando o presidente venezuelano Hugo Chávez como uma "liderança progressista e preocupada com o seu povo".
A ministra também repetiu o presidente LUla em discursos, ao dizer que o Brasil estava mais preparado para a crise do que em ocasiões anteriores, quando recorria ao auxílio do Fundo Monetário Internacional (FMI). Atacou os defensores do "fundamentalismo de mercado" e vaticinou: "O mercado tem que ser regulado sim, outro modelo é possível".
Ao final, Dilma sorriu, tirou fotos e distribuiu autógrafos em credenciais, agendas, boné do MST e até mesmo em uma camisa da Tuna Luso, equipe local. Para desespero dos jornalistas que a aguardavam, foram 18 minutos de espera. E a certeza que a candidata já está em campanha.
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Glauco Faria
quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
Dilma foca discurso no público feminino
SÃO PAULO - Em uma de suas primeiras aparições desde que se submeteu a procedimentos estéticos para renovar o visual, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, fez ontem um discurso voltado principalmente às mulheres e com elogios à política do governo Lula para a área previdenciária. Durante a comemoração dos 86 anos da Previdência Social, realizada na capital paulia, a ministra destacou que "reconhecer direitos é uma das questões fundamentais para que um País alcance a cidadania para todos". Antes do discurso, o presidente Lula concedeu aposentadoria e salário-maternidade para dois contribuintes no evento.
A ministra, que é apontada como a candidata do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para disputar as eleições presidenciais de 2010 pelo PT , citou em seu discurso o exemplo de Adriana Queiroz da Silva, que recebeu o salário-maternidade quinze dias depois do nascimento de sua filha, Ingrid, para falar da agilidade do serviço do INSS.
Segundo a ministra, no passado, Adriana teria que assistir ao crescimento de sua filha antes de receber o benefício. "Isso não é uma dádiva do Estado, isso é o reconhecimento que o Estado brasileiro tem para com as mulheres brasileiras", disse. E continuou: "É o Estado garantindo e reconhecendo que ter filhos é fundamental para um País."
A ministra disse que uma das características mais importantes do atual governo é a inclusão social, conquistada a partir de programas como o Bolsa Família e também do crescimento econômico sustentado ao longo dos anos, "sobretudo diante da crise, quando o governo toma uma série de medidas, como é o caso dos investimentos, que vamos manter nas obras de infraestrutura, mas, sobretudo na área social". Ainda no discurso, ela frisou: "Nós não podemos conceber que reconhecer direitos não seja algo fundamental num Estado democrático que tenha compromisso com o desenvolvimento social, não só com o desenvolvimento econômico."
Dilma elogiou as medidas adotadas pelo Ministério da Previdência que permitiram também a agilização dos serviços. "Nesse dia, hoje, nós estamos não somente reconhecendo direitos, mas também melhorando e dando consistência a uma gestão voltada ao cidadão, para a sociedade, e não voltada para a exigência de papéis e nem voltada para o cumprimento de detalhes que não são necessários, de fato, para que o direito seja reconhecido de forma legítima e ética", declarou.
A ministra agradeceu ainda aos servidores da Previdência Social que assistiam à cerimônia. "Temos sobretudo que reconhecer que é o trabalho de homens e mulheres da Previdência que torna isso possível, ao mesmo tempo que a decisão política do governo e do presidente Lula", finalizou.
A ministra, que é apontada como a candidata do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para disputar as eleições presidenciais de 2010 pelo PT , citou em seu discurso o exemplo de Adriana Queiroz da Silva, que recebeu o salário-maternidade quinze dias depois do nascimento de sua filha, Ingrid, para falar da agilidade do serviço do INSS.
Segundo a ministra, no passado, Adriana teria que assistir ao crescimento de sua filha antes de receber o benefício. "Isso não é uma dádiva do Estado, isso é o reconhecimento que o Estado brasileiro tem para com as mulheres brasileiras", disse. E continuou: "É o Estado garantindo e reconhecendo que ter filhos é fundamental para um País."
A ministra disse que uma das características mais importantes do atual governo é a inclusão social, conquistada a partir de programas como o Bolsa Família e também do crescimento econômico sustentado ao longo dos anos, "sobretudo diante da crise, quando o governo toma uma série de medidas, como é o caso dos investimentos, que vamos manter nas obras de infraestrutura, mas, sobretudo na área social". Ainda no discurso, ela frisou: "Nós não podemos conceber que reconhecer direitos não seja algo fundamental num Estado democrático que tenha compromisso com o desenvolvimento social, não só com o desenvolvimento econômico."
Dilma elogiou as medidas adotadas pelo Ministério da Previdência que permitiram também a agilização dos serviços. "Nesse dia, hoje, nós estamos não somente reconhecendo direitos, mas também melhorando e dando consistência a uma gestão voltada ao cidadão, para a sociedade, e não voltada para a exigência de papéis e nem voltada para o cumprimento de detalhes que não são necessários, de fato, para que o direito seja reconhecido de forma legítima e ética", declarou.
A ministra agradeceu ainda aos servidores da Previdência Social que assistiam à cerimônia. "Temos sobretudo que reconhecer que é o trabalho de homens e mulheres da Previdência que torna isso possível, ao mesmo tempo que a decisão política do governo e do presidente Lula", finalizou.
sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
Serra, Dilma, Aécio e Ciro
A sucessão presidencial de outubro de 2010 está distante, mas lances recentes apontaram tendências. O governador de São Paulo, José Serra, e a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, consolidam-se a cada dia como prováveis candidatos à Presidência do PSDB e do PT, respectivamente.
Mais fraco no jogo tucano, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, não tem colecionado boas notícias políticas desde as eleições municipais de outubro do ano passado. Aécio recuou algumas casas no jogo de poder presidencial. E parece estar perdendo o bonde de eventual saída do PSDB para uma filiação ao PMDB.
O deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) passa por situação semelhante à de Aécio. Parece que já esteve mais próximo de viabilizar uma candidatura ao Palácio do Planalto com chance real de êxito.
As coisas mudam na política. Atestado de óbito de carreiras ou projetos políticos não são prudentes. No entanto, os passos dados por Serra e Dilma têm sido mais consistentes.
No PT, por exemplo, a única alternativa a Dilma é uma eventual cristianização de Dilma. Ou seja, lançá-la, mas abandoná-la se o projeto não emplacar. Não é esse o sinal dado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele vai colocar a faca no dente para tentar elegê-la. Busca costurar alianças amplas para apoiá-la. E, obviamente, a gerência da crise econômica terá peso decisivo.
No PSDB, a maioria prefere Serra. Isso já foi dito a Aécio. Serra, aliás, tem feito belos lances de articulação política. Aécio, um craque em articulação, está em má fase desde o ano passado. O governador paulista se aproximou de Lula, tirando do colega mineiro o privilégio de oposicionista mais bem relacionado com o presidente.
Serra tenta amarrar setores do PMDB à sua candidatura. Como não há mais verticalização. No pior cenário para o tucano, o PMDB faria aliança nacional com Dilma, mas poderia se aliar a tucanos em disputas estaduais.
As eleições para as presidências da Câmara e do Senado estão mais ligadas aos interesses de Dilma e Serra do que de Aécio e Ciro.
Lula abandonou a candidatura de Tião Viana (PT-AC) ao comando do Senado. Está disposto a bancar acertos políticos que garantam os peemedebistas Michel Temer na presidência da Câmara e José Sarney no comando do Senado. Tudo para tentar atrair o PMDB para a eventual candidatura de Dilma.
Ironicamente, Temer é um peemedebista muito amigo de Serra. E Sarney poderá dever ao PSDB a consolidação de sua vantagem sobre Tião Viana. Serra, portanto, dará uma mão ao ex-presidente, que responsabiliza politicamente o tucano paulista pela operação da Polícia Federal que implodiu a candidatura presidencial de sua filha, Roseana, em 2002. Seria um gesto de aproximação que pode ser útil no futuro, apesar de Sarney ser o maior dilmista do PMDB.
O candidato de Ciro na Câmara é um azarão: Aldo Rebelo (PC do B-SP). A aliança congressual entre PSB, PDT e PC do B, o chamado bloquinho, vem se enfraquecendo.
Aécio já foi convidado por Temer a se filiar ao PMDB em duas ocasiões. Não deu o salto do trapézio sem rede. Barack Obama arriscou e beliscou. Política também é assim: tem de acreditar. Uma filiação de Aécio ao PMDB para tentar concorrer ao Planalto em 2010 fica mais complicada a cada dia.
Uma saída seria criar um novo partido com Ciro, mas é uma opção que pode soar como aventura. Não parece que Aécio vá deixar o PSDB, partido no qual caminha para ser derrotado por Serra. Entrar no pequeno PSB teria uma bela fragilidade: pouco tempo de TV. Grandes alianças políticas não andam disponíveis na praça para contentar quatro potenciais candidatos ao Palácio do Planalto.
Mais fraco no jogo tucano, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, não tem colecionado boas notícias políticas desde as eleições municipais de outubro do ano passado. Aécio recuou algumas casas no jogo de poder presidencial. E parece estar perdendo o bonde de eventual saída do PSDB para uma filiação ao PMDB.
O deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) passa por situação semelhante à de Aécio. Parece que já esteve mais próximo de viabilizar uma candidatura ao Palácio do Planalto com chance real de êxito.
As coisas mudam na política. Atestado de óbito de carreiras ou projetos políticos não são prudentes. No entanto, os passos dados por Serra e Dilma têm sido mais consistentes.
No PT, por exemplo, a única alternativa a Dilma é uma eventual cristianização de Dilma. Ou seja, lançá-la, mas abandoná-la se o projeto não emplacar. Não é esse o sinal dado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele vai colocar a faca no dente para tentar elegê-la. Busca costurar alianças amplas para apoiá-la. E, obviamente, a gerência da crise econômica terá peso decisivo.
No PSDB, a maioria prefere Serra. Isso já foi dito a Aécio. Serra, aliás, tem feito belos lances de articulação política. Aécio, um craque em articulação, está em má fase desde o ano passado. O governador paulista se aproximou de Lula, tirando do colega mineiro o privilégio de oposicionista mais bem relacionado com o presidente.
Serra tenta amarrar setores do PMDB à sua candidatura. Como não há mais verticalização. No pior cenário para o tucano, o PMDB faria aliança nacional com Dilma, mas poderia se aliar a tucanos em disputas estaduais.
As eleições para as presidências da Câmara e do Senado estão mais ligadas aos interesses de Dilma e Serra do que de Aécio e Ciro.
Lula abandonou a candidatura de Tião Viana (PT-AC) ao comando do Senado. Está disposto a bancar acertos políticos que garantam os peemedebistas Michel Temer na presidência da Câmara e José Sarney no comando do Senado. Tudo para tentar atrair o PMDB para a eventual candidatura de Dilma.
Ironicamente, Temer é um peemedebista muito amigo de Serra. E Sarney poderá dever ao PSDB a consolidação de sua vantagem sobre Tião Viana. Serra, portanto, dará uma mão ao ex-presidente, que responsabiliza politicamente o tucano paulista pela operação da Polícia Federal que implodiu a candidatura presidencial de sua filha, Roseana, em 2002. Seria um gesto de aproximação que pode ser útil no futuro, apesar de Sarney ser o maior dilmista do PMDB.
O candidato de Ciro na Câmara é um azarão: Aldo Rebelo (PC do B-SP). A aliança congressual entre PSB, PDT e PC do B, o chamado bloquinho, vem se enfraquecendo.
Aécio já foi convidado por Temer a se filiar ao PMDB em duas ocasiões. Não deu o salto do trapézio sem rede. Barack Obama arriscou e beliscou. Política também é assim: tem de acreditar. Uma filiação de Aécio ao PMDB para tentar concorrer ao Planalto em 2010 fica mais complicada a cada dia.
Uma saída seria criar um novo partido com Ciro, mas é uma opção que pode soar como aventura. Não parece que Aécio vá deixar o PSDB, partido no qual caminha para ser derrotado por Serra. Entrar no pequeno PSB teria uma bela fragilidade: pouco tempo de TV. Grandes alianças políticas não andam disponíveis na praça para contentar quatro potenciais candidatos ao Palácio do Planalto.
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
Aécio nega enfraquecimento político com nomeação de Alckmin para secretaria de Serra
Serra nega que convite feito a Alckmin tenha relação com a disputa eleitoral de 2010
da Folha Online
O governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), negou hoje que tenha ficado enfraquecido politicamente com a indicação do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) para a Secretaria de Desenvolvimento do governador de São Paulo, José Serra (PSDB). Aécio e Serra são os nomes fortes do PSDB para a eleição presidencial de 2010.
19.jan.09/Ricardo Nogueira/Folha Imagem
Nas eleições municipais de 2008, Aécio veio a São Paulo declarar apoio a Alckmin, enquanto Serra pouco apareceu ao lado do ex-governador. A preferência --não oficializada-- de Serra era pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM), seu antigo vice.
Aécio disse que o fortalecimento de Serra é bom para o PSDB em São Paulo. "Se José Serra ganhar é bom para todos nós. É muito importante o fortalecimento do governador de São Paulo, é muito importante a unidade do partido em São Paulo", disse ele, segundo texto enviado por sua assessoria. "Portanto, essa decisão, essa ida do Geraldo Alckmin, acho, é uma homenagem a todos nós tucanos, mas acho que a mim em especial."
O mineiro aproveitou para elogiar a nomeação de Alckmin. "Qualquer espaço público que venha a ser ocupado pelo ex-governador Geraldo Alckmin, eu me sinto extremamente prestigiado. [...] Me sinto pessoalmente prestigiado pela oportunidade que São Paulo vai ter com um colaborador da dimensão política e pessoal de Geraldo Alckmin. Ganham todos com a sua nomeação e eu, pessoalmente como seu amigo e seu admirador, me sinto também homenageado por essa indicação."
Prévias
Aécio voltou a defender a realização de prévias para escolha do candidato do PSDB à Presidência. "Prévias são instrumentos adequados de mobilização das bases partidárias, mas mais do que isso, de construção de um projeto que seja de todos e não apenas de setores do partido."
O PSDB apresentou ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) uma consulta sobre a realização de previas. "Obviamente, como é algo inovador no Brasil, precisávamos saber com clareza os limites dessas prévias porque a legislação permite que manifestações de candidatos só possam ocorrer após o dia 5 de julho, após a homologação das candidaturas, o dia 5 de julho do ano da eleição."
segunda-feira, 12 de janeiro de 2009
PMDB e DEM prometem composição com tucanos (Tribuna da Imprensa)
SÃO PAULO - A mais de um ano e meio das eleições de 2010, líderes do DEM e do PMDB em São Paulo já se decidiram por uma aliança com o PSDB, herdada do acordo que ajudou a reeleger o prefeito Gilberto Kassab (DEM) na capital. Se as intenções se confirmarem, o candidato da aliança PSDB-DEM-PMDB abrirá a corrida em vantagem, antes mesmo de seu nome ser definido. Ele terá o apoio dos partidos do atual governador José Serra (PSDB) e do prefeito da capital, Gilberto Kassab (DEM), combinado ao amplo tempo na propaganda eleitoral no rádio e na televisão de que dispõem os peemedebistas.
Apesar da incerteza sobre os rumos do PMDB na esfera nacional, o presidente do partido no Estado, Orestes Quércia, selou o apoio a Kassab na eleição passada, em troca da ajuda do DEM para concorrer ao Senado em 2010. De quebra, o PMDB paulista embarcou na campanha para transformar Serra no candidato do PSDB ao Planalto. Com sua fatia do bolo reservada, Quércia diz que apoiará qualquer nome escolhido pelo DEM e pelo PSDB para o governo paulista.
"O que nós queremos é uma composição de forças", afirma o ex-governador, descartando qualquer possibilidade de seu partido lançar candidato. Ele próprio disputou a eleição de 2006, que levou Serra ao comando da administração estadual. Para o peemedebista, a aliança em São Paulo está decidida. Agora, resta apenas definir se a composição será estendida à campanha presidencial. "Existe uma possibilidade de o PMDB decidir apoiar o governador José Serra. Pode ser difícil, mas não impossível."
O presidente nacional do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), diz que as chances de reverter a aliança são nulas. "Não vejo como essa união não se concretizar, até porque é a vontade de todos", diz o parlamentar. Ele garante ainda que a única chance de o DEM lançar candidato é se, em conjunto, os três partidos entenderem que esta é a melhor alternativa.
Saulo Queiroz, secretário do DEM, diz não descartar a possibilidade de o partido indicar o nome para o governo. "Não há dúvidas hoje de que o nome do governador José Serra é importante. Mas também não há dúvidas de que o nome mais importante na cidade de São Paulo hoje é Gilberto Kassab."
Apesar da incerteza sobre os rumos do PMDB na esfera nacional, o presidente do partido no Estado, Orestes Quércia, selou o apoio a Kassab na eleição passada, em troca da ajuda do DEM para concorrer ao Senado em 2010. De quebra, o PMDB paulista embarcou na campanha para transformar Serra no candidato do PSDB ao Planalto. Com sua fatia do bolo reservada, Quércia diz que apoiará qualquer nome escolhido pelo DEM e pelo PSDB para o governo paulista.
"O que nós queremos é uma composição de forças", afirma o ex-governador, descartando qualquer possibilidade de seu partido lançar candidato. Ele próprio disputou a eleição de 2006, que levou Serra ao comando da administração estadual. Para o peemedebista, a aliança em São Paulo está decidida. Agora, resta apenas definir se a composição será estendida à campanha presidencial. "Existe uma possibilidade de o PMDB decidir apoiar o governador José Serra. Pode ser difícil, mas não impossível."
O presidente nacional do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), diz que as chances de reverter a aliança são nulas. "Não vejo como essa união não se concretizar, até porque é a vontade de todos", diz o parlamentar. Ele garante ainda que a única chance de o DEM lançar candidato é se, em conjunto, os três partidos entenderem que esta é a melhor alternativa.
Saulo Queiroz, secretário do DEM, diz não descartar a possibilidade de o partido indicar o nome para o governo. "Não há dúvidas hoje de que o nome do governador José Serra é importante. Mas também não há dúvidas de que o nome mais importante na cidade de São Paulo hoje é Gilberto Kassab."
quinta-feira, 8 de janeiro de 2009
PTB abre as portas para filiação de Alckmin (Tribuna da Imprensa)
SÃO PAULO - As portas do PTB estão abertas para um eventual ingresso do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) em suas fileiras. Na última terça-feira, três dos principais líderes do PTB no Estado reuniram-se e, ao fim do encontro, dois pontos ficaram acertados. O partido participará somente de coligações que tenham candidatos próprios em todos os níveis. E aguardará no primeiro semestre a decisão pessoal de Alckmin, nome preferido pela legenda para sair candidato a governador em 2010.
"Temos expectativa que o Geraldo saia do PSDB, esta hipótese foi levantada na reunião. Mas é uma decisão que depende dele", disse o senador Romeu Tuma, um dos participantes, ao lado do presidente regional da sigla, Campos Machado, e do médico Jorge Roberto Pagura.
Para Tuma, o fator que pode pesar na decisão final do ex-governador de São Paulo está na vontade política do governador José Serra (PSDB). "Pelo que temos observado, o Palácio dos Bandeirantes está mais propenso a apoiar o nome de Aloysio Nunes Ferreira (atual chefe da Casa Civil)", diz. Pesa ainda o fato de Machado de ter sido o candidato a vice-prefeito da capital paulista na chapa de Alckmin nas últimas eleições municipais.
O senador do PTB de São Paulo avalia que o ex-governador possui forte presença eleitoral no interior do Estado, o que vai ao encontro da nova estratégia da sigla visando as eleições de 2010. Segundo Tuma, em março, a agremiação iniciará um processo de criação de dez regionais no interior paulista. Se depender da vontade dele, a vaga ao Senado tem dono. "Não cogito aposentadoria. O tempo ainda não chegou para mim", diz Tuma, de 77 anos, citando frase do empresário José Mindlin, que, aos 94, permanece em plena atividade.
O senador do PTB afirma acreditar que, até o fim do primeiro semestre, seja possível definir o quadro para 2010. Até lá, Tuma continuará mantendo conversas com políticos de diferentes partidos, até mesmo do DEM, do qual se desfiliou por divergências partidárias. "Estive na semana passada com o Gilberto Kassab, tenho amigos no DEM, mas não pretendo deixar o PTB."
Procurado, Alckmin respondeu, por meio da assessoria, que, "no momento, vem se dedicando à medicina e ao magistério e, na hora adequada, irá voltar a falar sobre política". Nos últimos meses, ele dá aulas na Universidade Metropolitana de Santos (Unimes) e na Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), além de trabalhar no ambulatório de acupuntura do Hospital São Paulo e na Divisão de Medicina de Reabilitação do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
"Temos expectativa que o Geraldo saia do PSDB, esta hipótese foi levantada na reunião. Mas é uma decisão que depende dele", disse o senador Romeu Tuma, um dos participantes, ao lado do presidente regional da sigla, Campos Machado, e do médico Jorge Roberto Pagura.
Para Tuma, o fator que pode pesar na decisão final do ex-governador de São Paulo está na vontade política do governador José Serra (PSDB). "Pelo que temos observado, o Palácio dos Bandeirantes está mais propenso a apoiar o nome de Aloysio Nunes Ferreira (atual chefe da Casa Civil)", diz. Pesa ainda o fato de Machado de ter sido o candidato a vice-prefeito da capital paulista na chapa de Alckmin nas últimas eleições municipais.
O senador do PTB de São Paulo avalia que o ex-governador possui forte presença eleitoral no interior do Estado, o que vai ao encontro da nova estratégia da sigla visando as eleições de 2010. Segundo Tuma, em março, a agremiação iniciará um processo de criação de dez regionais no interior paulista. Se depender da vontade dele, a vaga ao Senado tem dono. "Não cogito aposentadoria. O tempo ainda não chegou para mim", diz Tuma, de 77 anos, citando frase do empresário José Mindlin, que, aos 94, permanece em plena atividade.
O senador do PTB afirma acreditar que, até o fim do primeiro semestre, seja possível definir o quadro para 2010. Até lá, Tuma continuará mantendo conversas com políticos de diferentes partidos, até mesmo do DEM, do qual se desfiliou por divergências partidárias. "Estive na semana passada com o Gilberto Kassab, tenho amigos no DEM, mas não pretendo deixar o PTB."
Procurado, Alckmin respondeu, por meio da assessoria, que, "no momento, vem se dedicando à medicina e ao magistério e, na hora adequada, irá voltar a falar sobre política". Nos últimos meses, ele dá aulas na Universidade Metropolitana de Santos (Unimes) e na Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), além de trabalhar no ambulatório de acupuntura do Hospital São Paulo e na Divisão de Medicina de Reabilitação do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
terça-feira, 6 de janeiro de 2009
As surpresas com Geddel e Suplicy (Carlos Chaqas)
BRASÍLIA – Novidades políticas neste começo de ano, só duas referentes ao cada vez mais próximo 2010: Geddel Vieira Lima, do PMDB, corre o risco de tornar-se candidato à vice-presidência da República na chapa encabeçada por Dilma Rousseff; Eduardo Suplicy vai botar água no chope do presidente Lula, exigindo uma prévia junto às bases do PT, quando disputará a indicação com a chefe da Casa Civil.
Tudo na dependência de Dilma decolar é claro, porque se lá para julho continuarem baixos os seus percentuais nas pesquisas, fica o dito pelo não dito, tornando-se irrefreável entre os companheiros a necessidade do terceiro mandato para o presidente Lula.
Quanto ao resto, nada de novo. Michel Temer permanece favorito nas eleições para a presidência da Câmara, enquanto, no Senado, a disputa flui para José Sarney em vez de Tião Viana ou Garibaldi Alves. Não haverá reforma do ministério, exceção a casos isolados e por enquanto desconhecidos. As reformas política e tributária continuarão sendo debatidas, mas dificilmente aprovadas no ano parlamentar.
José Serra manterá confortável distância sobre Aécio Neves, no interior do ninho, imaginando também permanecer na pole-position diante de possíveis adversários externos, começando por Dilma e admitindo-se Ciro Gomes e Heloísa Helena.
Como a realidade consegue sempre ser mais fascinante do que a ficção, é bom ficar com o pé atrás. Não dá para prever inusitados, pela própria lógica da semântica, ainda mais quando prevalecem, em política, o fato novo e o fato consumado, algozes de cálculos e de compromissos.
Apesar de haver declarado mil vezes não admitir o terceiro mandato, o Lula poderá ceder ao império das circunstâncias, se ficarem evidentes a vitória de Serra e a volta dos tucanos ao palácio do Planalto. O PMDB, de seu turno, poderá pesar prós e contras e decidir ficar onde sempre esteve, ou seja, com os vencedores. No caso, aderindo ao candidato do PSDB, com a ironia de poder indicar Geddel Vieira Lima como candidato a vice. Em paralelo, se insistir em não continuar mesmo, mas percebendo a impossibilidade da eleição de Dilma, o presidente Lula apoiaria Ciro Gomes? Ou manobraria para Aécio Neves bandear-se para o PMDB, surgindo como candidato?
Mesmo no Congresso surpresas não parecem afastadas. Agastado como PMDB, que quer as duas presidências, o PT retiraria o apoio a Michel Temer para apoiar Aldo Rebelo? E no Senado, se Sarney estiver falando sério e não pretender voltar à presidência da Casa, Garibaldi Alves continuaria?
Por tudo, melhor será aguardar cada dúvida no seu dia apropriado. Reunir todas pode dar dor de cabeça.
Na contramão
Insistiu o presidente Lula, na passagem do ano, em Fernando de Noronha e em Salvador, para todo mundo gastar. Não apenas o assalariado temeroso de perder o emprego, mas, em especial, os prefeitos recém-empossados e com medo de não poder cumprir suas promessas de campanha. Depois, o cidadão comum endividado e desempregado terá condições de bater na porta do palácio do Planalto, pedindo ajuda? Porque os prefeitos, certamente, farão isso.
Relaxar e gozar?
Nos aeroportos, permaneceu a confusão no último fim de semana do prolongado período de festas de Natal e Ano Novo. Vôos cancelados, atrasos aos montes, filas e falta de assistência aos passageiros. Nada de diferente do acontecido há um ano. Em especial, nenhuma expectativa de que a situação venha a melhorar.
Deve preparar-se o cidadão comum, carente de jatinhos particulares e de aeronaves oficiais. Vem aí o Carnaval, a Semana Santa, as férias de julho, a Semana da Pátria e, logo depois, o Natal e o Ano Novo. Inexistem sinais de que o governo interromperá a incompetência e a ganância das duas empresas monopolizadoras do transporte aéreo. TAM e GOL não estão nem aí para as ameaças pueris de multas e cassação de concessões de linhas. Sabem que ruim com elas, pior sem elas, já que para a população faltam alternativas. Viajar pelas rodovias federais e estaduais significa aventura mais perigosa ainda. Como inexistem ferrovias, a saída será mesmo relaxar e gozar nos aeroportos, como recomendou tempos atrás a indigitada ex-ministra do Turismo.
Com que roupa?
O dia não está marcado, mas na segunda quinzena do mês em curso o presidente Lula pretende reunir em Brasília todos os governadores estaduais, para discussão a respeito da crise econômica. Salvo engano, repetirá o conselho dado aos novos prefeitos: “gastem!” A estratégia do presidente é ver aumentado o ritmo de obras públicas e concessão de crédito às empresas e até ao cidadão comum, forma de fazer o dinheiro circular e de evitar a onda de desemprego já rolando pelo mundo.
Pode até dar certo, com base na experiência do governo federal, que não arrefecerá na disposição de levar adiante o PAC pelo simples motivo de haver recursos nos cofres públicos, oriundos das reservas que já foram de 200 bilhões de dólares mantidas lá fora. Já foram porque a boca de lobo ampliada lá fora continua carreando aqui para dentro os frutos de exportações celebradas antes da crise. Custará bastante para a interrupção do fluxo.
O problema é que os estados carecem desse mecanismo. Muitos na bancarrota, outros próximos dela, nenhum se encontra em condições de atender as recomendações do presidente. Nem mesmo São Paulo, onde as restrições começam a prejudicar negócios com outras unidades da federação.
O que responderão os governadores ao Lula? Pedirão participação nos bilhões geridos por Brasília? Exigirão redução de seus compromissos com o governo federal? Concluirão haver chegado o momento de o Congresso votar para valer a reforma tributária?
Resta-lhes desembarcar na capital entoando o histórico samba de Noel Rosa, o “com que roupa”, quando estiverem diante do chefe do governo.
Tudo na dependência de Dilma decolar é claro, porque se lá para julho continuarem baixos os seus percentuais nas pesquisas, fica o dito pelo não dito, tornando-se irrefreável entre os companheiros a necessidade do terceiro mandato para o presidente Lula.
Quanto ao resto, nada de novo. Michel Temer permanece favorito nas eleições para a presidência da Câmara, enquanto, no Senado, a disputa flui para José Sarney em vez de Tião Viana ou Garibaldi Alves. Não haverá reforma do ministério, exceção a casos isolados e por enquanto desconhecidos. As reformas política e tributária continuarão sendo debatidas, mas dificilmente aprovadas no ano parlamentar.
José Serra manterá confortável distância sobre Aécio Neves, no interior do ninho, imaginando também permanecer na pole-position diante de possíveis adversários externos, começando por Dilma e admitindo-se Ciro Gomes e Heloísa Helena.
Como a realidade consegue sempre ser mais fascinante do que a ficção, é bom ficar com o pé atrás. Não dá para prever inusitados, pela própria lógica da semântica, ainda mais quando prevalecem, em política, o fato novo e o fato consumado, algozes de cálculos e de compromissos.
Apesar de haver declarado mil vezes não admitir o terceiro mandato, o Lula poderá ceder ao império das circunstâncias, se ficarem evidentes a vitória de Serra e a volta dos tucanos ao palácio do Planalto. O PMDB, de seu turno, poderá pesar prós e contras e decidir ficar onde sempre esteve, ou seja, com os vencedores. No caso, aderindo ao candidato do PSDB, com a ironia de poder indicar Geddel Vieira Lima como candidato a vice. Em paralelo, se insistir em não continuar mesmo, mas percebendo a impossibilidade da eleição de Dilma, o presidente Lula apoiaria Ciro Gomes? Ou manobraria para Aécio Neves bandear-se para o PMDB, surgindo como candidato?
Mesmo no Congresso surpresas não parecem afastadas. Agastado como PMDB, que quer as duas presidências, o PT retiraria o apoio a Michel Temer para apoiar Aldo Rebelo? E no Senado, se Sarney estiver falando sério e não pretender voltar à presidência da Casa, Garibaldi Alves continuaria?
Por tudo, melhor será aguardar cada dúvida no seu dia apropriado. Reunir todas pode dar dor de cabeça.
Na contramão
Insistiu o presidente Lula, na passagem do ano, em Fernando de Noronha e em Salvador, para todo mundo gastar. Não apenas o assalariado temeroso de perder o emprego, mas, em especial, os prefeitos recém-empossados e com medo de não poder cumprir suas promessas de campanha. Depois, o cidadão comum endividado e desempregado terá condições de bater na porta do palácio do Planalto, pedindo ajuda? Porque os prefeitos, certamente, farão isso.
Relaxar e gozar?
Nos aeroportos, permaneceu a confusão no último fim de semana do prolongado período de festas de Natal e Ano Novo. Vôos cancelados, atrasos aos montes, filas e falta de assistência aos passageiros. Nada de diferente do acontecido há um ano. Em especial, nenhuma expectativa de que a situação venha a melhorar.
Deve preparar-se o cidadão comum, carente de jatinhos particulares e de aeronaves oficiais. Vem aí o Carnaval, a Semana Santa, as férias de julho, a Semana da Pátria e, logo depois, o Natal e o Ano Novo. Inexistem sinais de que o governo interromperá a incompetência e a ganância das duas empresas monopolizadoras do transporte aéreo. TAM e GOL não estão nem aí para as ameaças pueris de multas e cassação de concessões de linhas. Sabem que ruim com elas, pior sem elas, já que para a população faltam alternativas. Viajar pelas rodovias federais e estaduais significa aventura mais perigosa ainda. Como inexistem ferrovias, a saída será mesmo relaxar e gozar nos aeroportos, como recomendou tempos atrás a indigitada ex-ministra do Turismo.
Com que roupa?
O dia não está marcado, mas na segunda quinzena do mês em curso o presidente Lula pretende reunir em Brasília todos os governadores estaduais, para discussão a respeito da crise econômica. Salvo engano, repetirá o conselho dado aos novos prefeitos: “gastem!” A estratégia do presidente é ver aumentado o ritmo de obras públicas e concessão de crédito às empresas e até ao cidadão comum, forma de fazer o dinheiro circular e de evitar a onda de desemprego já rolando pelo mundo.
Pode até dar certo, com base na experiência do governo federal, que não arrefecerá na disposição de levar adiante o PAC pelo simples motivo de haver recursos nos cofres públicos, oriundos das reservas que já foram de 200 bilhões de dólares mantidas lá fora. Já foram porque a boca de lobo ampliada lá fora continua carreando aqui para dentro os frutos de exportações celebradas antes da crise. Custará bastante para a interrupção do fluxo.
O problema é que os estados carecem desse mecanismo. Muitos na bancarrota, outros próximos dela, nenhum se encontra em condições de atender as recomendações do presidente. Nem mesmo São Paulo, onde as restrições começam a prejudicar negócios com outras unidades da federação.
O que responderão os governadores ao Lula? Pedirão participação nos bilhões geridos por Brasília? Exigirão redução de seus compromissos com o governo federal? Concluirão haver chegado o momento de o Congresso votar para valer a reforma tributária?
Resta-lhes desembarcar na capital entoando o histórico samba de Noel Rosa, o “com que roupa”, quando estiverem diante do chefe do governo.
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Quem sou eu
- Blog do Paim
- Médico Clínico e Sanitarista - Doutor em Saúde Pública - Coronel Reformado do Quadro de Dentistas do Exército. Autor dos livros "Sistemismo Ecológico Cibernético", "Sistemas, Ambiente e Mecanismos de Controle" e da Tese de Livre-Docência: "Profilaxia dos Acidentes de Trânsito" - Professor Adjunto IV da Faculdade de Medicina (UFF) - Disciplinas: Epidemiologia, Saúde Comunitária e Sistemas de Saúde. Professor Titular de Metodologia da Pesquisa Científica - Fundação Educacional Serra dos Órgãos (FESO). Presidete do Diretório Acadêmico da Faculdade Fluminense de Odontologia. Fundador do PDT, ao lado de Leonel Brizola, Darcy Ribeiro, Carlos Lupi, Wilson Fadul, Maria José Latgé, Eduardo Azeredo Costa, Alceu Colares, Trajano Ribeiro, Eduardo Chuy, Rosalda Paim e outros. Ex-Membro do Diretório Regional do PDT/RJ. Fundador do Movimento Verde do PDT/RJ. Foi Diretor-Geral do Departamento Geral de Higiene e Vigilância Sanitária, da Secretaria de Estado de Saúde e Higiene/RJ, durante todo o primeiro mandato do Governador Brizola.