
Moacyr Lopes Jr./Folha
Ao retornar da viagem que faz ao exterior, Lula receberá um pedido de audiência da cúpula do PMDB.
Sócio majoritário do consórcio partidário que gravita em torno do governo, o PMDB está inquieto.
Deve-se a inquietude à dificuldade que os peemedebistas encontram para costurar alianças com o PT na maioria dos Estados.
O desassossego dos peemedebistas aumenta à medida que o calendário avança em direção a 2010.
Avalia-se que, sem uma interferência direta de Lula, os pedaços para importantes do partido podem cair no colo do PSDB.
Conforme já noticiado aqui, o alto comando do PMDB identifica uma aversão ao petismo em alguns de seus principais diretórios estaduais.
O fenômeno produz uma incômoda dicotomia:
Embora ocupe seis ministérios na Esplanada de Lula, o PMDB pende, hoje, mais para a candidatura presidencial de José Serra (PSDB) do que para a de Dilma Rousseff (PT).
A idéia é dar à conversa com Lula ares de aviso: ou o presidente age imediatamente ou a aliança em torno de Dilma pode subir no telhado.
O PMDB pede a Lula que entre em campo porque já não exerga na grande área do PT nenhum interlocutor com autoridade para negociar.
Ricardo Berzoini (SP), o atual presidente do PT, é carta que escorrega para fora do baralho. Sua presidência se encaminha para o final. Termina em novembro.
Insinua-se como substituto de Berzoini o chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho. Mas o presidente demora-se em liberá-lo.
Os peemedebistas mais aflitos são justamente os que defendem com mais ardor o nome de Dilma.
Entre eles o líder do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Ele vem realizando consultas à sua bancada. E já enxerga a fumaça.
A última reunião de avaliação de conjuntura ocorreu há seis dias, em Brasília. Deu-se na casa do deputado Waldemir Moka (PMDB-MS).
Lá estavam, além de soldados da bancada, dois generais do PMDB: o presidente da Câmara, Michel Temer, e o ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional).
O Mato Grosso do Sul, Estado de Moka, é um dos pedaços do mapa em que o PMDB tem dificuldades para se acertar com o PT.
A visão que se espraia pelo PMDB pode ser resumida em quatro tópicos:
1. A doença de Dilma Rousseff impôs à costura nacional uma meia-trava;
2. O freio não afetou, porém, os entendimentos nos Estados, que ganham velocidade;
3. Menos estruturado nacionalmente, o PSDB nutre, em relação à disputa pelos governos estaduais , um apetite menor que o do PT.
Em consequência, a fricção do PMDB é maior com o petismo. E os acertos regionais parecem fluir mais naturalmente com as forças do campo tucano-democrata de Serra.
4. Mantida a dinâmica atual, quando chegar a hora de jogar lenha na fornalha presidencial, será difícil acomodar a locomotiva do PMDB nos trilhos que levam a Dilma.
Daí o pedido de interferência de Lula. Há coisa de 30 dias, em reunião com um grupo de grãopetistas, o presidente pedira “juízo” no trato com o PMDB.
Depois, num encontro de seu diretório nacional, o PT aprovou resolução que condiciona os arranjos locais à costura nacional.
Foi a forma encontrada pelo PT para levar ao freezer o lançamento prematuro de candidaturas petistas aos governos dos Estados.
Para o PMDB, se ficar nisso não resolve. Deseja-se que, empurrado por Lula, o PT demonstre efetiva “generosidade”.
Menciona-se como emblemática a situação de Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país.
Ali, o PMDB empina a candidatura do ministro Hélio Costa (Comunicações). Pesquisas internas o apontam como favorito.
A despeito disso, o PT divide-se entre o ex-prefeito Fernando Pimentel e o ministro do Bolsa Família, Patrus Ananias.
“Se o governador Aécio Neves (PSDB) fizer um aceno para o Hélio Costa, a coisa vai ficar complicada”, resumiu ao blog um cardeal do PMDB.
Escrito por Josias de Souza às 02h50
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