domingo, 15 de abril de 2012

Alckmin diz à cúpula do PSDB que não almeja a Presidência em 2014 e estimula planos de Aécio (Josias de Souza)



Após circunscrever as ambições políticas de José Serra à cidade de São Paulo, o PSDB decidiu certificar-se de que não haveria nenhum outro estorvo doméstico ao projeto Aécio Neves-2014.
Organizou-se um almoço no apartamento de Fernando Henrique Cardoso, no bairro paulistano de Higienópolis. Durante o repasto, o presidenciável Aécio dirigiu-se diretamente a Geraldo Alckmin.
Aécio disse que todo governador de São Paulo é candidato natural ao Planalto. E se dispôs a abdicar de suas pretensões caso Alckmin tivesse a intenção de pleitear, “legitimamente”, seu lugar na fila do PSDB.
Em resposta, Alckmin declarou que não lhe passa pela cabeça repetir em 2014 o papel que desempenhou em 2006, quando foi às urnas contra Lula. Em timbre peremptório, assegurou que planeja disputar a reeleição ao governo paulista.
Alckmin estimulou Aécio a alçar voo. Mais que isso. Comprometeu-se a suar a camisa por ele em São Paulo, o maior colégio eleitoral do país. Em arremate, Aécio afirmou que, sendo assim, sentia-se à vontade para tocar seu projeto.
A conversa ocorreu há coisa de um mês. Além do anfitrião FHC, testemunharam o compromisso de Alckmin outros dois personagens: o deputado Sérgio Guerra (PE), presidente do PSDB federal, e o ex-senador Tasso Jereissati.
Ficou entendido que, livre do contraponto de Serra, avalizado por Alckmin e apoiado por FHC, o mineiro Aécio foi como que formalizado como o primeiro da fila do tucanato, deslocando pela primeira vez o eixo do PSDB de São Paulo para Minas.
Desde então, Aécio se move com maior desenvoltura. Em privado, diz que o partido, notabilizado pelas divisões internas, vive uma fase de rara tranquilidade. No momento, dedica-se a duas tarefas.
Numa frente, administra as ansiedades. Um pedaço da legenda gostaria que levasse sua cara de presidenciável à vitrine imediatamente. Ele discorda. Acha que pode elevar a taxa de exposição sem oferecer o semblante de candidato a tapas.
Costuma citar uma frase que atribui ao ex-governador mineiro Hélio Garcia: “Candidato não pode ter pára-choque grande”. Quer dizer: colocar o carro na pista antes da hora é coisa que não pretende fazer.
Noutra frente, Aécio calibra o discurso oposicionista, apimentando-o. E se equipa para tentar evitar que sua unção venha a se tornar, como é praxe no PSDB, uma decisão de cúpula. Quer envolver no processo a dita “militância”.
Conforme já noticiado aqui, Aécio deseja submeter-se a um modelo de prévias assemelhado às primárias dos EUA. Nesse modelo, ainda que seja o único postulante, seria convertido em candidato oficial do PSDB numa grande votação que ocorreria em dezembro de 2013.
Na cabeça de Aécio, avizinha-se o seguinte cenário: Lula não será candidato. O PT irá mesmo de Dilma Rousseff. A economia tende a desandar. Parte do transatlântico partidário do governo buscará alternativas. Imagina-se em condições de amealhar novas parcerias. Resta agora rezar e combinar com os russos.

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Médico Clínico e Sanitarista - Doutor em Saúde Pública - Coronel Reformado do Quadro de Dentistas do Exército. Autor dos livros "Sistemismo Ecológico Cibernético", "Sistemas, Ambiente e Mecanismos de Controle" e da Tese de Livre-Docência: "Profilaxia dos Acidentes de Trânsito" - Professor Adjunto IV da Faculdade de Medicina (UFF) - Disciplinas: Epidemiologia, Saúde Comunitária e Sistemas de Saúde. Professor Titular de Metodologia da Pesquisa Científica - Fundação Educacional Serra dos Órgãos (FESO). Presidete do Diretório Acadêmico da Faculdade Fluminense de Odontologia. Fundador do PDT, ao lado de Leonel Brizola, Darcy Ribeiro, Carlos Lupi, Wilson Fadul, Maria José Latgé, Eduardo Azeredo Costa, Alceu Colares, Trajano Ribeiro, Eduardo Chuy, Rosalda Paim e outros. Ex-Membro do Diretório Regional do PDT/RJ. Fundador do Movimento Verde do PDT/RJ. Foi Diretor-Geral do Departamento Geral de Higiene e Vigilância Sanitária, da Secretaria de Estado de Saúde e Higiene/RJ, durante todo o primeiro mandato do Governador Brizola.