Fortalecido, Mercadante monta cacife para 2018
Auxiliar mais próximo e presente de Dilma Rousseff, ministro chefe da Casa Civil participou das principais conversas para a formação do novo ministério; venceu guerra de posições com governador Jaques Wagner, que ficará circunscrito à Defesa, e deve manter a Secom dentro do Palácio do Planalto e fora do Ministério das Comunicações, que ficará com Ricardo Berzoini; no coração do poder, Mercadante se firmou, nos últimos dois anos, como homem de confiança de Dilma; colocação estratégica para definir a sucessão de 2018; se o governo der certo, ele é o cara247 – A segunda leva de novos ministros, que será apresentada pelo Palácio do Planalto até a segunda-feira 29, dará um quadro completo da correlação de forças montada pela presidente Dilma Rousseff em torno de seu governo. Mas já se sabe quem é o homem forte: o ministro chefe do Gabinete Civil, Aloizio Mercadante.
Auxiliar mais próximo e presente, nos últimos dois anos, de Dilma, ele participou das conversas mais importantes da formação ministerial, inquestionável na posição de principal conselheiro. A partir de sua 'promoção' do ministério da Educação, em 2013, Mercadante não sofreu nenhum revés importante. Sua principal queda de braço, com o governador da Bahia, Jaques Wagner, terminou melhor para ele.
A nomeação para o Ministério da Defesa colocou o aliado adversário longe das confabulações palacianas, circunscrito a uma pasta na qual não se pode, sem risco, falar o que quiser. À frente das três Forças Armadas, Wagner terá de, teoricamente, dar um passo atrás da política para cumprir bem o seu papel. E não se espere para ele grandes verbas para o programa de submarinos nucleares. Por mais que Dilma deseje, dificilmente o ajuste de despesas do governo não passará por ali.
Neste momento, Mercadante está dentro da solução final para a formação do novo governo, quando estão sendo definidos novos espaços para o PT.
O ministro das Relações Institucionais, a uma passo de assumir as Comunicações, Ricardo Berzoini, será mais um a balizar o renovado poder de Mercadante. Caso não consiga levar consigo a Secom, com as verbas publicitárias do governo, Berzoini verá ficar dentro do Planalto, como está hoje, o poder de mudar, na prática, o relacionamento comercial entre o governo e a mídia. Sem dúvida, por mais técnicos que sejam os critérios, uma ferramenta importante para calibrar, na prática, as doses de empenho no projeto de regulação da mídia que ainda não tem consenso dentro do comando da administração.
Assegurado no cargo de chefe do Gabinete Civil, que chegou a ser almejado por Wagner, Mercadante será a principal correia política de Dilma com o dia a dia da imprensa, tanto no aspecto comercial como no do relacionamento político.
Até onde se sabia às vésperas do Natal, Dilma teria desistido de nomear o deputado gaúcho Pepe Vargas para a Articulação Política. Caso isso se confirme, será um novo ganho de qualidade de Mercadante. Ele saberá, rapidamente, ocupar o espaço que, no cotidiano do poder, já se confundo com as funções do chefe do Gabinete Civil. Com esta configuração, se se poderá chamar alguém de superministro no segundo governo Dilma, este é Mercadante.
Discreto e cioso de sua imagem, Mercadante mantém o hábito de se mostrar vigilante sobre tudo o que cerca sua imagem na mídia. Na semana passada, ele enviou nota ao jornal Valor para desmentir que, conforme o informado, ele teria o hábito de entrar na sala da presidente Dilma sem ser anunciado. Avisou que, ao contrário, só entra quando é chamado, o que não diminui em nada sua força real no governo. Trabalhando em silêncio, mas não abrindo mão de marcar suas posições em cada situação mais sensível ao governo, o ministro é visto hoje com quem ficará melhor posicionado, dentro do governo, para influir e, talvez, se tornar o principal personagem da sucessão de Dilma, em 2018. Os primeiros adversários, afinal, perderam terreno antes da largada.
A principal queda de braço, ele ganhou, de frente com o governador da Bahia, Jaques Wagner.
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