BRASÍLIA - A indicação do senador Edison Lobão (PMDB-MA) para o Ministério das Minas e Energia somada à crise energética diminuíram o potencial eleitoral da ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil, segundo avaliação de parlamentares da oposição e da base aliada. O líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), disse que a ocupação das Minas e Energia pelo peemedebista, contra a vontade de Dilma, faz menos estrago à eventual candidatura da ministra à Presidência, do que as ameaças de um novo apagão. "As advertências são graves", argumentou.
Mesmo frisando que não tem nada contra o senador Edison Lobão, o tucano afirmou que considera "desprezível" o método utilizado pelo governo. "São capitanias hereditárias com donatários, o senador José Sarney é o donatário do sistema elétrico do País", disse Virgílio.
Na avaliação do deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), a vitória do critério político no preenchimento do cargo, somado ao risco do apagão, "tira um pouco a energia de a ministra vir a ser a candidata do PT". "Ela vai ter de lavrar minas mais profundas e será difícil conseguir isso quando o governo é refém voluntário do fisiologismo".
"Então, chegamos a este absurdo aí, de ver o PMDB cobrar a fatura sem o menor compromisso técnico", alegou. O resultado dessa combinação, a nomeação de Lobão e a crise energética, segundo o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), mostra que a situação de Dilma como possível candidata à sucessão do presidente Lula sofreu "um arranhão".
"É uma derrota que a ministra sofre e isso tem repercussões internas por demonstrar que ela não é tão prestigiada pelo presidente Lula quanto muitos imaginam", disse, se referindo a entrega da pasta de Minas e Energia a um político do PMDB, quando, na opinião do senador, a possível crise energética exigia um técnico no cargo.
"O gerentão foi aposentado", afirmou o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), ao apontar o "enfraquecimento" da ministra no episódio. "Ela vinha controlando o setor de energia de forma muito próxima e ao diminuir sua cotação como candidata, o presidente Lula mostrou que não priorizará na sua sucessão ninguém com características de gerenciamento", justificou.
Para o deputado Ivan Valente (PSOL-SP), a tentativa da ministra de passar uma idéia de racionalidade no governo foi superada, "porque vai ter de engolir as exigências políticas e fisiológicas dos partidos da base". "Ela perdeu para o mote do governo de se tornar refém do fisiologismo", constatou.
Na avaliação da líder do bloco do governo, senadora Ideli Salvatti (PT-SC), o episódio tomou o rumo esperado desde o início, quando já se sabia que o Ministério de Minas e Energia ficaria com o PMDB. "Inclusive o presidente Lula demorou muito tempo para dar sinal (de ocupar a vaga), porque queria resguardar a possibilidade de o Silas (Rondeau) voltar", lembrou, referindo-se ao afastamento do ministro, também ligado a Sarney, pela suspeita de ter sido favorecido pela Construtora Gautama. "Ela sabe que isso faz parte das condições de um governo de coalização", defendeu.
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