As mais recentes pesquisas sobre intenções de voto para a prefeitura da cidade de São Paulo, tanto a do Ibope quanto a do Datafolha, apresentam um avanço de Gilberto Kassab sobre Geraldo Alckmin e uma queda de 3 ou 4 pontos de Marta Suplicy, que, apesar disso, segue disparada na frente.
Desceu para 35 por cento e está previamente classificada para o segundo turno. A dúvida é se será contra Kassab ou Alckmin. Não existia esta dúvida, mas passou a existir. O ex-governador vem recuando, o atual prefeito avançando. Para o Ibope, ambos encontram-se empatados no vigésimo segundo andar. Para o Datafolha, Kassab atingiu 22 pontos, Alckmin ficou com 21.
Se Alckmin for qualificado para o confronto decisivo, o resultado, hoje, seria imprevisível. Mas se couber a Kassab enfrentar Marta, a ex-ministra do Turismo leva boa vantagem. É explicável. Gerald Alckmin, no segundo turno, arrebata os eleitores de Kassab. Mas se Kassab superar o ex-governador, nem todos os que tiverem votado em Alckmin vão para ele, magoados com o comportamento do governador José Serra, que, embora do PSDB, mantém-se dúbio entre os principais competidores de Marta Suplicy.
A meu ver, Marta deve torcer para que seu adversário seja Kassab. Eleita a candidata do PT, a derrota será de José Serra. Com isso, sem sombra de dúvida, crescerá a candidatura de Aécio Neves entre os tucanos para enfrentar Dilma Rousseff, candidata declarada de Lula, na sucessão presidencial de 2010. O governador de São Paulo, até o momento, está mais forte do que o governador de Minas Gerais no partido e, portanto, na convenção. Mas continuará mais forte depois das urnas?
Esta é a pergunta. Sobretudo porque, junto com o PT, Aécio vai vencer em Belo Horizonte com o candidato Marcio Lacerda disparado nos levantamentos do Ibope e Datafolha. O quadro da capital mineira está nítido. O da cidade de São Paulo, não. Há nuvens em torno, não só do desfecho, mas também em volta de Serra. Se Alckmin vencer, depois das vacilações do governador, não é absolutamente certo que o apoiará na luta pelo Planalto. Alckmin pode até preferir Aécio, que sempre o prestigiou e esteve com ele. Política é um enigma.
De qualquer forma, a candidatura de Serra à presidência passou a correr risco. Pode até não se consolidar. Vai depender do desfecho de São Paulo. No entanto, o panorama para daqui a dois nos não apresenta muitas alternativas. A ministra Dilma Rousseff pelo PT, em aliança com o PMDB de José Sarney, como este já afirmou diretamente. Ciro Gomes, no esquema, fica sem espaço, pelo menos ao lado de Lula. Pertence ao PSB.
Se disputar sozinho, não tem chance. Vice, ele só poderá ser de Serra ou Aécio, pela oposição. Não companheiro de chapa da chefe da Casa Civil. Pois o vice de Dilma Rousseff, mantido o quadro de hoje, terá que ser alguém do PMDB. Política é assim. Alternativas surgem. Alternativas se esgotam. Ciro Gomes já disputou a presidência duas vezes: teve 10 por cento dos votos em 98; 12, em 2002. Não concorreu em 2006. Dificilmente poderá concorrer em 2010. Explosivo, pavio curto demais.
Um outro assunto. Excelente reportagem de Juliana Sofia, "Folha de S. Paulo" de 13 de setembro, focalizando os déficits que marcam o desempenho dos regimes previdenciários estaduais. Uma verdadeira calamidade. Em seu conjunto, somaram um total de 20,5 bilhões de reais. Só em 2007. Pela forma com que atuam os governos dos estados, os prejuízos só podem crescer e jamais equilibrar a despesa com a receita.
Os dados, citados por Juliana Sofia, são do próprio Ministério da Previdência Social. Explico porque os déficits deverão ser cada vez maiores. O do Rioprevidência - RJ, por exemplo, registrou no exercício passado um saldo negativo de nada menos que 3,2 bilhões de reais. Para uma receita (contribuição do funcionalismo) de 2,4 bilhões, verificou-se uma despesa da ordem de 5,6 bilhões. Não acontece por acaso.
Trata-se do seguinte: os funcionários antigos são estatutários. Recolhem, portanto, 11 por cento de seus vencimentos, sem limite, para a seguridade. A taxa média de aposentadoria é de 12 mil casos por ano. O desembolso com o pagamento das aposentadorias - como é natural - cresce.
E não é compensado pelo ingresso de novos servidores, uma vez que os que entram são contratados diretamente pela CLT, ou por intermédio de ONGs, e assim, em ambos os caos, não contribuem para o Rioprevidência e sim para o INSS. O mesmo acontece com os cargos em comissão. Dessa forma, o governo do Rio de Janeiro, em vez de captar recursos para a área do estado, os transfere para a esfera federal.
Descapitaliza-se, portanto. Mas não apenas isso. Como empregador celetista, tem que recolher 22 por cento sobre a folha de salários também para o INSS. É o que determina a lei. Se as admissões fossem estatutárias, a administração Sergio Cabral livrar-se-ia desses 22 por cento e a parte de 11 por cento, dos funcionários, seria paga por eles próprios.
A celetização do Serviço Público, como se vê, custa imensamente mais caro, não só ao RJ, mas a todos os estados. Por que governadores a adotam então? Eis aí uma pergunta sem resposta. A menos que o objetivo seja canalizar recursos financeiros para ONGs que crescem velozmente no País. Um mistério.
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Quem sou eu
- Blog do Paim
- Médico Clínico e Sanitarista - Doutor em Saúde Pública - Coronel Reformado do Quadro de Dentistas do Exército. Autor dos livros "Sistemismo Ecológico Cibernético", "Sistemas, Ambiente e Mecanismos de Controle" e da Tese de Livre-Docência: "Profilaxia dos Acidentes de Trânsito" - Professor Adjunto IV da Faculdade de Medicina (UFF) - Disciplinas: Epidemiologia, Saúde Comunitária e Sistemas de Saúde. Professor Titular de Metodologia da Pesquisa Científica - Fundação Educacional Serra dos Órgãos (FESO). Presidete do Diretório Acadêmico da Faculdade Fluminense de Odontologia. Fundador do PDT, ao lado de Leonel Brizola, Darcy Ribeiro, Carlos Lupi, Wilson Fadul, Maria José Latgé, Eduardo Azeredo Costa, Alceu Colares, Trajano Ribeiro, Eduardo Chuy, Rosalda Paim e outros. Ex-Membro do Diretório Regional do PDT/RJ. Fundador do Movimento Verde do PDT/RJ. Foi Diretor-Geral do Departamento Geral de Higiene e Vigilância Sanitária, da Secretaria de Estado de Saúde e Higiene/RJ, durante todo o primeiro mandato do Governador Brizola.
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