BRASÍLIA - Insistimos na pergunta: vão entregar o poder ao Serra? A referência é para o fato de que nem divulgadas vêm sendo as pesquisas encomendadas pelo Palácio do Planalto e adjacências a respeito das possibilidades de Dilma Rousseff eleger-se em 2010. A chefe da Casa Civil não passa de um dígito enquanto o governador de São Paulo vai além dos 40%.
As coisas podem mudar, ouve-se nos bastidores do governo, sendo o presidente Lula, por enquanto, o maior crédulo nas mudanças. O diabo é que, se as coisas não mudarem, como fica o sistema de poder hoje exercido pelo PT, PMDB e penduricalhos, beneficiados com nomeações, favores e facilidades de toda ordem?
Como ficarão as centrais sindicais, mesmo condenadas a um silêncio constrangedor, com a CUT à frente, mas felizes por conta da participação de seus dirigentes no banquete servido desde 2003? Nem se fala dos bancos e das financeiras, atendidos em suas mínimas necessidades ao primeiro sinal da crise mundial. Até os aquinhoados pelo bolsa-família começam a preocupar-se, ainda que pareça impossível José Serra retirar-lhes a esmola.
Todo esse complexo aglomerado de comensais anda acordando de pesadelos diante da simples hipótese de entrar em campo um novo time, provavelmente não menos ávido de ganhar as tetas do governo, dispostos que estão os tucanos a recuperar o tempo perdido.
Entregarão o poder ao Serra, sabendo todos das conseqüências para a vida de cada um, individualmente, além do estrago que poderá ser feito em suas corporações?
A partir da possibilidade de a candidatura da companheira não decolar, abrem-se mil esboços de estratégias. Por que não admitir outro nome do PT? A resposta é que o partido anda ralo de possibilidades, depois da queda de José Dirceu e de Antônio Palocci. Que tal buscar fora do PT, mas no governo, uma alternativa fiel?
Quem, sabendo-se que Henrique Meirelles não é do ramo e Nelson Jobim enfrenta sérios problemas de convivência no PMDB? Pinçar um candidato nos pequenos partidos afins, tipo Ciro Gomes? Também não dá, menos pelo sumiço do candidato duas vezes derrotado, mais por conta da ciumeira petista.
Esperar que Aécio Neves deixasse o ninho dos tucanos para lançar-se na aventura peemedebista? Ora, a legenda que antes pertenceu ao dr. Ulysses é hoje feudo de Lula, não propriamente entusiasmado pelo governador mineiro. Como se trata de um delírio esperar que o presidente manifeste qualquer simpatia pela candidatura do governador paulista, fica a equação à espera do principal fator: fazer o que para não entregar o poder a José Serra?
Quem quiser que conclua, partindo da premissa de não ser porque o termômetro registra altas temperaturas ser dele a culpa pela febre. O fato de há mais de dois anos estarmos alertando para o perigo do terceiro mandato ou similar não significa a sua defesa. Pelo contrário, exprime um alerta e uma denúncia.
Estão tramando a continuidade de Lula através de artifícios variados: se Fernando Henrique mudou despudoradamente as regras do jogo para conquistar o segundo mandato, por que Lula não poderia, "democraticamente", fazer o mesmo? Ou então, para evitar a confusão eleitoral de dois em dois anos, por que não estabelecer a coincidência de mandatos municipais, estaduais e federais em 2012, com a prorrogação por dois anos dos períodos presidenciais, governamentais e congressuais? Todos iriam adorar. Para concluir, mais uma repetição: vão entregar o poder ao Serra?
"Exército Brancaleone"?
Os três mosqueteiros viraram quatro quando Cristovam Buarque, Eduardo Suplicy e Fernando Gabeira admitiram Paulo Paim na caravana que nos próximos dias começa a percorrer o País sustentando a necessidade de uma nova candidatura presidencial fora do eixo Dilma-Serra. Pediram inscrição os senadores Mozarildo Cavalcanti e Mão Santa, esperando-se a próxima adesão do senador Pedro Simon. Também Artur Virgílio foi convocado.
Não demora muito deixará de caber numa Kombi a comitiva programada para fazer palestras em universidades diversas. Vão precisar de um ônibus, ainda que se parlamentares ricos forem cooptados, por certo providenciarão um vôo-charter.
Com todo o respeito pelos ideais e até pelo diagnóstico correto de tornar-se necessário um candidato do Brasil, não apenas de São Paulo ou do PAC, a verdade é que essa iniciativa lembra muito as aventuras do "Exército Brancaleone", inesquecível filme dos anos sessenta. Se não vão salvar Jerusalém das mãos dos infiéis, almejam ao menos oferecer ao País uma alternativa acima e além do ninho dos tucanos ou da estância dos companheiros.
Pode não dar em nada a empreitada, como tantas similares verificadas no passado. Será bom não esquecer, porém, que a campanha das "Diretas-Já" começou com um comício em Goiânia, com menos de quinhentas pessoas em praça pública aplaudindo o dr. Ulysses. A bola de neve cresceu, no final eram milhões, reunidos em torno dos maiores líderes nacionais, de Lula a Brizola, de Tancredo a Sobral Pinto, de Franco Montoro a Miguel Arraes. Fora alguns bicões que por caridade é bom não citar. Os de lá e os de cá...
Estado laico
Vamos deixar de fora o fato de que Cássio Cunha Lima perdeu o mandato de governador da Paraíba por haver feito no plano estadual aquilo que Lula cansou de fazer no plano federal, ou seja, tirar proveito de obras assistenciais realizadas em seu primeiro mandato para concorrer a um segundo. O jovem acabou fulminado pela Justiça Eleitoral, o torneiro-mecânico vai bem, obrigado.
O problema é que decisões judiciais não se discutem. Cumprem-se. Não dá para entender, assim, como o arcebispo de João Pessoa tenha comparecido ao palácio do governo não apenas para hipotecar solidariedade a Cássio Cunha Lima, um direito seu e até uma iniciativa louvável, mas para descer tacape e borduna no lombo do senador José Maranhão, que vai assumir o governo do estado. Duas vezes governador segundo colocado nas eleições de 2006, manda a lei que Maranhão ocupe o cargo. Por que diabos o arcebispo tinha de se meter em questões político-partidárias? O estado, no Brasil, continua laico...
A moda vinda do frio
Encontrou-se o presidente Lula, ontem, com o presidente da Rússia, Dmitri Medvedev. Jantaram no Rio, deixando em aberto à indagação de ser verdade que os russos não entendem nada de protocolo, porque a obrigação de seu presidente era vir até Brasília, sede do poder federal, para as cerimônias de rotina.
Como George W. Bush já fez isso não faz muito, indo a São Paulo sem passar pela capital federal, é provável que a iniciativa russa tenha mais a ver com a disputa entre as duas potências do que propriamente com a intenção de nos desprestigiar. Como Lula engoliu mais um sapo na política internacional, deslocando-se para o Rio, o problema é dele. Ou dos caças Sukoi, que deixamos de comprar por pressão dos americanos, ainda que tenhamos adquirido uns tantos helicópteros russos de combate.
O que faz a gente pensar é sobre a conversa que mantiveram. Porque Medvedev acaba de ter seu mandato prorrogado, de quatro para seis anos. A Duma aprovou quase por unanimidade o casuísmo inexplicável, já que o representante das estepes foi eleito para quatro, não para seis anos. Qualquer mudança na legislação, pela lógica, deveria valer para o seu sucessor, não para ele. Será que a moda vinda do frio poderá nos contaminar?
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
domingo, 23 de novembro de 2008
FHC quer que PSDB defina nome para sucessão presidencial já em 2009
FHC defende que PSDB tenha candidato para concorrer à sucessão presidencial em 2010
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
da Folha de S. Paulo
O presidente de honra do PSDB e ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, defendeu neste sábado (22) que o partido apresente à sociedade já no ano que vem um único candidato à sucessão do petista Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto, em 2010. Ele não descarta a convenção como mecanismo de escolha.
Lula Marques/Folha Imagem
"É cedo para definir [esse nome] agora, mas não é cedo para iniciarmos as conversas entre nós. E não temos medo. Se houver divisão, fazemos a convenção. Mas [o partido] tem de ter um candidato. Caso contrário, as forças da sociedade não têm por onde ecoar, não têm como se exprimir porque não há outro lado. Nós temos de apresentar o outro lado", disse.
O ex-presidente, no entanto, não quis citar nomes. "Nós temos vários líderes com essa capacidade de despertar entusiasmo nos nossos militantes. Vamos convergir e, no momento que isso acontecer, podem contar comigo. Essa é a única coisa que eu quero fazer -ajudar a formar essa visão que incorpore alguém", disse ele em São Paulo, em evento para uma platéia de 400 pessoas, entre prefeitos e vereadores eleitos do PSDB no Estado.
Antes de iniciar seu discurso, FHC fez questão de avisar que havia jantado com o governador de São Paulo, José Serra, na madrugada anterior.
O paulista trava disputa interna com o colega mineiro Aécio Neves pelo direito de concorrer à Presidência pela chapa tucana. O ex-presidente também deve se reunir com Aécio nos próximos dias.
À tarde, ao chegar ao evento, Serra foi saudado como "futuro presidente da República", mas não quis falar de eleição.
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
Com Dilma, Lula afasta Aécio e Ciro (Pedro do Coutto)
Em Roma, cidade eterna, como se diz, ao incluir a ministra Dilma Rousseff na visita que ele e dona Marisa fizeram ao papa Bento XVI, Lula já teria deixado absolutamente claro que ela é a sua candidata, e do PT, à sucessão presidencial de 2010. Porém, para enfatizar ainda mais sua opção pela chefe da Casa Civil, referiu-se explicitamente ao seu desejo pessoal de vê-la disputando o Palácio do Planalto. Sublinhou fortemente o episódio, inclusive politizando-o ao máximo.
Lançamento de uma candidatura na audiência com Sua Santidade. Brasília vale uma missa, pode-se dizer repetindo frase histórica quanto a Paris de um rei da França no passado. Pelo cenário do lançamento, a escolha é mais que definitiva. Para ganhar ou para perder. Luís Inácio da Silva não tem mais linha de recuo.
Com isso, afastou totalmente as hipóteses de vir a apoiar ou Aécio Neves, caso deixasse o PSDB e fosse para o PMDB, ou Ciro Gomes, em aliança com o PSB. Aécio ainda vai lutar por um lugar ao sol entre os tucanos. Ciro Gomes ficou completamente sem espaço. Pode concorrer isoladamente pelo Partido Socialista Brasileiro, mas sem possibilidade de êxito. Aliás, seria sua terceira tentativa. Na primeira, em 98, teve 10 por cento dos votos.
Na segunda, em 2002, chegou à escala de 112 pontos. Sua legenda é muito fraca, carece de estrutura sólida, o tempo na televisão é mínimo. A impressão que se tem, quanto a Aécio, é que, se não conseguir derrotar José Serra na convenção do PSDB, não terá outro caminho senão apoiá-lo, inclusive podendo aceitar a vice na chapa de oposição. Inclusive, pressentindo que não seria acolhido por Lula, o governador de Minas já iniciou uma série de críticas ao governo, aliás reproduzidas em uma das colunas recentes de Dora Kramer em "O Estado de S. Paulo".
Fechava a estrada do situacionismo, e, como se dizia antigamente, Aécio Neves optou pela rota da oposição. Está certo. Não podendo ser reeleito daqui a dois anos para o Palácio da Liberdade, o chefe do Executivo mineiro ou tenta uma aproximação com o governador de São Paulo ou renuncia seis meses antes para se candidatar ao Senado.
Aliás, sob este aspecto, verifica-se a total impropriedade da legislação eleitoral brasileira introduzida pela emenda 16, de junho de 97. Um governador que disputar a reeleição não precisa desincompatibilizar-se. Enfrenta as urnas no cargo. Mas se desejar candidatar-se ao Senado ou à Câmara dos Deputados precisa renunciar seis meses antes. O mesmo absurdo se aplica ao presidente da República e aos prefeitos.
Das duas, uma: ou ninguém precisaria sair, como ocorre nos Estados Unidos, ou então todos têm que sair. A diferença, resultante de um casuísmo para beneficiar Fernando Henrique Cardoso e que acabou beneficiando também Lula, é simplesmente incompreensível à luz do Direito. Isso de um lado. De outro, pelo que os sintomas indicam, o instituto da reeleição vai terminar com o anunciado projeto de reforma política.
O fim da reeleição viabilizaria Lula para disputar um novo mandato em 2014 ou 2015. Neste último caso, se o término da reeleição acarretasse consigo a volta do mandato presidencial de cinco anos. Eu disse que Dilma Rousseff é a candidata definitiva de Lula para ganhar ou perder. Isso mesmo. Porque, no fundo, o projeto de Lula é o mesmo que Juscelino Kubitschek imaginou para si nas eleições de 60: JK 65, depois de transmitir o governo a Jânio Quadros, em 61.
Era um projeto bastante lógico, pois Juscelino deixou o governo sob grande popularidade. Em 63, lembro bem, as pesquisas do Ibope apontavam grande vantagem para ele contra Carlos Lacerda, virtual candidato da UDN e portanto da oposição. Mas a radicalização do processo político, culminando com a deposição de Jango em 64, mudou todo o esquema. JK era o candidato mais forte para as eleições que não iriam se realizar.
Afirmei que Lacerda era o candidato da oposição. Sem dúvida. Oposição a JK, oposição a Jânio Quadros, já que tinha rompido com o presidente no episódio da condecoração de Guevara, e depois oposição a João Goulart. A contestação a Jânio ficou clara quando, enquanto sexta-feira, em Brasília, Quadros condecorava Che Guevara, no sábado, no Palácio Guanabara, Carlos Lacerda entregava a chave da cidade e recepcionava o líder anticastrista Manoel Varona.
Era a crise explodindo. Três dias depois, como conta Murilo Melo Filho em seu livro, Lacerda vai à TV Tupi e anuncia ter sido convidado pelo presidente para participar de um golpe de estado, incluindo o fechamento do Congresso. Nos bastidores dos quartéis, Jânio tentou armar uma intervenção na Guanabara. Não obtendo o apoio dos ministros Odilo Denys, Silvio Heck e Gabriel Grun Moss, escolheu o lance da renúncia.
Pensou em mobilizar multidões nas ruas por seu retorno nos braços do povo. Mas as multidões se mobilizaram pela posse de Goulart. Rei morto, rei posto, como afirmou na ocasião o governador Juraci Magalhães, então na UDN, mas que fora o primeiro presidente da Petrobras, nomeado por Vargas em 54, meses antes da tragédia de agosto. Mas estas questões pertencem à história e, portanto, ao passado. Agora, o futuro. Lula fez sua opção. Como disse Júlio César, 43 anos antes de Cristo, a sorte está lançada.
Lançamento de uma candidatura na audiência com Sua Santidade. Brasília vale uma missa, pode-se dizer repetindo frase histórica quanto a Paris de um rei da França no passado. Pelo cenário do lançamento, a escolha é mais que definitiva. Para ganhar ou para perder. Luís Inácio da Silva não tem mais linha de recuo.
Com isso, afastou totalmente as hipóteses de vir a apoiar ou Aécio Neves, caso deixasse o PSDB e fosse para o PMDB, ou Ciro Gomes, em aliança com o PSB. Aécio ainda vai lutar por um lugar ao sol entre os tucanos. Ciro Gomes ficou completamente sem espaço. Pode concorrer isoladamente pelo Partido Socialista Brasileiro, mas sem possibilidade de êxito. Aliás, seria sua terceira tentativa. Na primeira, em 98, teve 10 por cento dos votos.
Na segunda, em 2002, chegou à escala de 112 pontos. Sua legenda é muito fraca, carece de estrutura sólida, o tempo na televisão é mínimo. A impressão que se tem, quanto a Aécio, é que, se não conseguir derrotar José Serra na convenção do PSDB, não terá outro caminho senão apoiá-lo, inclusive podendo aceitar a vice na chapa de oposição. Inclusive, pressentindo que não seria acolhido por Lula, o governador de Minas já iniciou uma série de críticas ao governo, aliás reproduzidas em uma das colunas recentes de Dora Kramer em "O Estado de S. Paulo".
Fechava a estrada do situacionismo, e, como se dizia antigamente, Aécio Neves optou pela rota da oposição. Está certo. Não podendo ser reeleito daqui a dois anos para o Palácio da Liberdade, o chefe do Executivo mineiro ou tenta uma aproximação com o governador de São Paulo ou renuncia seis meses antes para se candidatar ao Senado.
Aliás, sob este aspecto, verifica-se a total impropriedade da legislação eleitoral brasileira introduzida pela emenda 16, de junho de 97. Um governador que disputar a reeleição não precisa desincompatibilizar-se. Enfrenta as urnas no cargo. Mas se desejar candidatar-se ao Senado ou à Câmara dos Deputados precisa renunciar seis meses antes. O mesmo absurdo se aplica ao presidente da República e aos prefeitos.
Das duas, uma: ou ninguém precisaria sair, como ocorre nos Estados Unidos, ou então todos têm que sair. A diferença, resultante de um casuísmo para beneficiar Fernando Henrique Cardoso e que acabou beneficiando também Lula, é simplesmente incompreensível à luz do Direito. Isso de um lado. De outro, pelo que os sintomas indicam, o instituto da reeleição vai terminar com o anunciado projeto de reforma política.
O fim da reeleição viabilizaria Lula para disputar um novo mandato em 2014 ou 2015. Neste último caso, se o término da reeleição acarretasse consigo a volta do mandato presidencial de cinco anos. Eu disse que Dilma Rousseff é a candidata definitiva de Lula para ganhar ou perder. Isso mesmo. Porque, no fundo, o projeto de Lula é o mesmo que Juscelino Kubitschek imaginou para si nas eleições de 60: JK 65, depois de transmitir o governo a Jânio Quadros, em 61.
Era um projeto bastante lógico, pois Juscelino deixou o governo sob grande popularidade. Em 63, lembro bem, as pesquisas do Ibope apontavam grande vantagem para ele contra Carlos Lacerda, virtual candidato da UDN e portanto da oposição. Mas a radicalização do processo político, culminando com a deposição de Jango em 64, mudou todo o esquema. JK era o candidato mais forte para as eleições que não iriam se realizar.
Afirmei que Lacerda era o candidato da oposição. Sem dúvida. Oposição a JK, oposição a Jânio Quadros, já que tinha rompido com o presidente no episódio da condecoração de Guevara, e depois oposição a João Goulart. A contestação a Jânio ficou clara quando, enquanto sexta-feira, em Brasília, Quadros condecorava Che Guevara, no sábado, no Palácio Guanabara, Carlos Lacerda entregava a chave da cidade e recepcionava o líder anticastrista Manoel Varona.
Era a crise explodindo. Três dias depois, como conta Murilo Melo Filho em seu livro, Lacerda vai à TV Tupi e anuncia ter sido convidado pelo presidente para participar de um golpe de estado, incluindo o fechamento do Congresso. Nos bastidores dos quartéis, Jânio tentou armar uma intervenção na Guanabara. Não obtendo o apoio dos ministros Odilo Denys, Silvio Heck e Gabriel Grun Moss, escolheu o lance da renúncia.
Pensou em mobilizar multidões nas ruas por seu retorno nos braços do povo. Mas as multidões se mobilizaram pela posse de Goulart. Rei morto, rei posto, como afirmou na ocasião o governador Juraci Magalhães, então na UDN, mas que fora o primeiro presidente da Petrobras, nomeado por Vargas em 54, meses antes da tragédia de agosto. Mas estas questões pertencem à história e, portanto, ao passado. Agora, o futuro. Lula fez sua opção. Como disse Júlio César, 43 anos antes de Cristo, a sorte está lançada.
sábado, 15 de novembro de 2008
Lula pede a Dilma um 'comportamento de candidata'
Aconselhada pelo chefe, a ministra aproxima-se do PMDB
Líder peemedebista elogia: ‘Ela aprendeu a ouvir a gente’
Pesquisa de opinião vai ‘testar’ imagem da presidenciável
Sérgio Lima/Folha
De passagem por Roma, Lula disse a jornalistas italianos uma verdade e uma inverdade sobre Dilma Rousseff.
O pedaço verdadeiro da entrevista: "Já tenho um nome na cabeça [para 2010], o de Dilma Rousseff".
A lorota: "Ainda não conversei com a ministra. Mas quem conhece a Dilma sabe que ela tem potencial e que poderá ser escolhida [...]”.
Lula já escolheu. Comunicou a decisão à interessada. E encomendou-lhe um “comportamento de candidatura”.
Deu-se há cerca de cinco meses. Desde então, duas Dilmas desfilam pelos corredores do Planalto.
A ministra carrancuda sobrevive apenas nas reuniões administrativas. Nos encontros com políticos, há uma presidenciável em fase de aprendizado.
As maçanetas da Casa Civil, antes avessas a senadores e deputados, tornaram-se subitamente acessíveis.
A pedido do chefe, a ministra dá atenção especial à tribo do PMDB, de cujos quadros Lula planeja extrair um vice.
A nova Dilma arranca elogios. Michel Temer (SP), presidente do PMDB, diz que o partido tem conversado amiúde com a ministra.
Henrique Eduardo Alves (RN), líder do PMDB na Câmara, gosta do que vê: “A ministra está mais acessível, mais sorridente. Ela aprendeu a ouvir o que a gente tem a dizer”.
Lula esboça os próximos passos. Planeja a realização de uma pesquisa de opinião. Deseja “testar” a imagem pública de sua presidenciável.
Trama a “oxigenação” do comando do PT. Quer ver na executiva da legenda gente que lhe seja amiga e que tenha votos.
Por exemplo: os governadores Jaques Wagner (Bahia) e Marcelo Deda (Sergipe). Na presidência do PT, Lula quer alguém que lhe devote fidelidade, que não cause problemas.
De resto, como que preocupado com o caminhar da crise financeira, Lula aperta o ritmo na costura de uma aliança que dê a Dilma suporte partidário.
Nesse ponto, a pressa de Lula não condiz com a cautela dos parceiros. Ao discorrer sobre os planos do PMDB, Michel Temer passeia por três alternativas.
O presidente do PMDB diz que, vitaminado pelas urnas municipais, o partido analisará a sério a hipótese de comparecer a 2010 com candidatura própria.
E se a coisa evoluir para uma aliança? Neste caso, diz Temer, a opção “preferencial” é o acordo com as forças que gravitam em torno de Lula.
Mas Temer não exclui o PSDB de José serra e Aécio Neves do campo das cogitações. “A decisão não depende só de mim”, diz o deputado.
O PMDB, no dizer de Temer, não é legenda de “caciques”. A opção de 2010 será construída em regime de colegiado.
Dono de um linguajar mais direto que o de Temer, o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), diz que a crise global devolveu o PSDB ao jogo sucessório.
Declara que o discurso da candidatura própria do PMDB é conversa fiada: “O partido tem que trabalhar para manter a aliança com o presidente Lula...”
“...Do contrário, o PMDB teria de adotar um comportamento digno, devolver tudo o que tem no governo e ir embora. Fora disso, é brincadeira”.
Mas Geddel também não tem pressa: “Isso é assunto para segundo semestre do ano que vem”.
Até lá, diz o ministro, “o PMDB deve ter como prioridade a construção da aliança com lula”. Geddel traduz assim o que entende por “prioridade”.
“Eu digo prioridade porque, não sendo mais o presidente Lula o candidato, é preciso analisar a conjuntura...”
“...Num país federado como o nosso, com os interesses que tem, é preciso saber como esse contexto nacional pode se consolidar nas composições dos Estados...”
...Por ora, acho que o PMDB tem que fazer a manifestação de preferência. A boa norma política aconselha a superação dos problemas, para consolidar aliança com o PT”.
No caso de Geddel, o “problema” estadual atende pelo nome de Jaques Wagner. Para 2010, embora não admita de público, o ministro peemedebista é sério candidato a adversário do governador petista na disputa pelo governo da Bahia.
Para que diferenças assim sejam superadas, Dilma terá de exibir, além de sorrisos, musculatura eleitoral que possa ser traduzida em votos.
Escrito por Josias de Souza às 04h46
sábado, 1 de novembro de 2008
Eleições 2010: FH defende nome de consenso do PSDB (Tribuna da Imprensa)
O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso defendeu ontem um nome de consenso no PSDB para as eleições de 2010. Quinta-feira, dois potenciais candidatos, José Serra e Aécio Neves, concordaram com a realização de uma prévia interna para escolha do candidato ao Palácio do Planalto. Tradicionalmente, cabe à cúpula do PSDB definir o nome do concorrente tucano às eleições.
"Acho que pode haver um nome de consenso no partido. Tenho esperança de que haja uma convergência entre Aécio e Serra. Eles são os potenciais e acho difícil que apareça um terceiro", disse FHC após participar de um prêmio concedido pela mineradora Vale à ex-primeira dama Ruth Cardoso. "Vou trabalhar para que haja um nome de convergência, que para mim pode ser qualquer um dos dois", completou.
Fernando Henrique descartou uma possível ruptura de Aécio com o PSDB caso o partido opte por Serra, que já foi derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais de 2006. "Não existe essa possibilidade. Isso é absolutamente fora de cogitação", afirmou.
Bem humorado, o ex-presidente aproveitou o evento para ironizar a recente declaração do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho, de que o Partido dos Trabalhadores e o PMDB estarão unidos nas eleições de 2010.
"Isso tudo é muito variável e daqui a dois anos acho que o Cabral vai estar conosco", disse. Sem descartar a importância de uma aliança com o PMDB, Fernando Henrique fez questão de ressaltar que fundamental mesmo para o partido tucano é defender uma candidatura que o "povo queira".
"O importante para o PSDB e os demais partidos é encontrar bons candidatos. Essas últimas eleições mostraram que nosso eleitor é muito independente. Ele não segue ordem de ninguém e nem tem muito amor a nenhum partido político especificamente. Ele quer saber quem na naquele momento assegura um futuro melhor".
O ex-presidente aproveitou ainda para descartar a possibilidade de voltar a concorrer ao Palácio do Planalto. "Já disse antes que cada um tem que saber o seu momento na história. Meu papel é agora outro",afirmou.
"Acho que pode haver um nome de consenso no partido. Tenho esperança de que haja uma convergência entre Aécio e Serra. Eles são os potenciais e acho difícil que apareça um terceiro", disse FHC após participar de um prêmio concedido pela mineradora Vale à ex-primeira dama Ruth Cardoso. "Vou trabalhar para que haja um nome de convergência, que para mim pode ser qualquer um dos dois", completou.
Fernando Henrique descartou uma possível ruptura de Aécio com o PSDB caso o partido opte por Serra, que já foi derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais de 2006. "Não existe essa possibilidade. Isso é absolutamente fora de cogitação", afirmou.
Bem humorado, o ex-presidente aproveitou o evento para ironizar a recente declaração do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho, de que o Partido dos Trabalhadores e o PMDB estarão unidos nas eleições de 2010.
"Isso tudo é muito variável e daqui a dois anos acho que o Cabral vai estar conosco", disse. Sem descartar a importância de uma aliança com o PMDB, Fernando Henrique fez questão de ressaltar que fundamental mesmo para o partido tucano é defender uma candidatura que o "povo queira".
"O importante para o PSDB e os demais partidos é encontrar bons candidatos. Essas últimas eleições mostraram que nosso eleitor é muito independente. Ele não segue ordem de ninguém e nem tem muito amor a nenhum partido político especificamente. Ele quer saber quem na naquele momento assegura um futuro melhor".
O ex-presidente aproveitou ainda para descartar a possibilidade de voltar a concorrer ao Palácio do Planalto. "Já disse antes que cada um tem que saber o seu momento na história. Meu papel é agora outro",afirmou.
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Quem sou eu
- Blog do Paim
- Médico Clínico e Sanitarista - Doutor em Saúde Pública - Coronel Reformado do Quadro de Dentistas do Exército. Autor dos livros "Sistemismo Ecológico Cibernético", "Sistemas, Ambiente e Mecanismos de Controle" e da Tese de Livre-Docência: "Profilaxia dos Acidentes de Trânsito" - Professor Adjunto IV da Faculdade de Medicina (UFF) - Disciplinas: Epidemiologia, Saúde Comunitária e Sistemas de Saúde. Professor Titular de Metodologia da Pesquisa Científica - Fundação Educacional Serra dos Órgãos (FESO). Presidete do Diretório Acadêmico da Faculdade Fluminense de Odontologia. Fundador do PDT, ao lado de Leonel Brizola, Darcy Ribeiro, Carlos Lupi, Wilson Fadul, Maria José Latgé, Eduardo Azeredo Costa, Alceu Colares, Trajano Ribeiro, Eduardo Chuy, Rosalda Paim e outros. Ex-Membro do Diretório Regional do PDT/RJ. Fundador do Movimento Verde do PDT/RJ. Foi Diretor-Geral do Departamento Geral de Higiene e Vigilância Sanitária, da Secretaria de Estado de Saúde e Higiene/RJ, durante todo o primeiro mandato do Governador Brizola.