sábado, 15 de novembro de 2008

Lula pede a Dilma um 'comportamento de candidata'


Aconselhada pelo chefe, a ministra aproxima-se do PMDB

Líder peemedebista elogia: ‘Ela aprendeu a ouvir a gente’

Pesquisa de opinião vai ‘testar’ imagem da presidenciável



Sérgio Lima/Folha



De passagem por Roma, Lula disse a jornalistas italianos uma verdade e uma inverdade sobre Dilma Rousseff.



O pedaço verdadeiro da entrevista: "Já tenho um nome na cabeça [para 2010], o de Dilma Rousseff".



A lorota: "Ainda não conversei com a ministra. Mas quem conhece a Dilma sabe que ela tem potencial e que poderá ser escolhida [...]”.



Lula já escolheu. Comunicou a decisão à interessada. E encomendou-lhe um “comportamento de candidatura”.



Deu-se há cerca de cinco meses. Desde então, duas Dilmas desfilam pelos corredores do Planalto.



A ministra carrancuda sobrevive apenas nas reuniões administrativas. Nos encontros com políticos, há uma presidenciável em fase de aprendizado.



As maçanetas da Casa Civil, antes avessas a senadores e deputados, tornaram-se subitamente acessíveis.



A pedido do chefe, a ministra dá atenção especial à tribo do PMDB, de cujos quadros Lula planeja extrair um vice.



A nova Dilma arranca elogios. Michel Temer (SP), presidente do PMDB, diz que o partido tem conversado amiúde com a ministra.



Henrique Eduardo Alves (RN), líder do PMDB na Câmara, gosta do que vê: “A ministra está mais acessível, mais sorridente. Ela aprendeu a ouvir o que a gente tem a dizer”.



Lula esboça os próximos passos. Planeja a realização de uma pesquisa de opinião. Deseja “testar” a imagem pública de sua presidenciável.



Trama a “oxigenação” do comando do PT. Quer ver na executiva da legenda gente que lhe seja amiga e que tenha votos.



Por exemplo: os governadores Jaques Wagner (Bahia) e Marcelo Deda (Sergipe). Na presidência do PT, Lula quer alguém que lhe devote fidelidade, que não cause problemas.



De resto, como que preocupado com o caminhar da crise financeira, Lula aperta o ritmo na costura de uma aliança que dê a Dilma suporte partidário.



Nesse ponto, a pressa de Lula não condiz com a cautela dos parceiros. Ao discorrer sobre os planos do PMDB, Michel Temer passeia por três alternativas.



O presidente do PMDB diz que, vitaminado pelas urnas municipais, o partido analisará a sério a hipótese de comparecer a 2010 com candidatura própria.



E se a coisa evoluir para uma aliança? Neste caso, diz Temer, a opção “preferencial” é o acordo com as forças que gravitam em torno de Lula.



Mas Temer não exclui o PSDB de José serra e Aécio Neves do campo das cogitações. “A decisão não depende só de mim”, diz o deputado.



O PMDB, no dizer de Temer, não é legenda de “caciques”. A opção de 2010 será construída em regime de colegiado.



Dono de um linguajar mais direto que o de Temer, o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), diz que a crise global devolveu o PSDB ao jogo sucessório.



Declara que o discurso da candidatura própria do PMDB é conversa fiada: “O partido tem que trabalhar para manter a aliança com o presidente Lula...”



“...Do contrário, o PMDB teria de adotar um comportamento digno, devolver tudo o que tem no governo e ir embora. Fora disso, é brincadeira”.



Mas Geddel também não tem pressa: “Isso é assunto para segundo semestre do ano que vem”.



Até lá, diz o ministro, “o PMDB deve ter como prioridade a construção da aliança com lula”. Geddel traduz assim o que entende por “prioridade”.



“Eu digo prioridade porque, não sendo mais o presidente Lula o candidato, é preciso analisar a conjuntura...”



“...Num país federado como o nosso, com os interesses que tem, é preciso saber como esse contexto nacional pode se consolidar nas composições dos Estados...”



...Por ora, acho que o PMDB tem que fazer a manifestação de preferência. A boa norma política aconselha a superação dos problemas, para consolidar aliança com o PT”.



No caso de Geddel, o “problema” estadual atende pelo nome de Jaques Wagner. Para 2010, embora não admita de público, o ministro peemedebista é sério candidato a adversário do governador petista na disputa pelo governo da Bahia.



Para que diferenças assim sejam superadas, Dilma terá de exibir, além de sorrisos, musculatura eleitoral que possa ser traduzida em votos.

Escrito por Josias de Souza às 04h46

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Médico Clínico e Sanitarista - Doutor em Saúde Pública - Coronel Reformado do Quadro de Dentistas do Exército. Autor dos livros "Sistemismo Ecológico Cibernético", "Sistemas, Ambiente e Mecanismos de Controle" e da Tese de Livre-Docência: "Profilaxia dos Acidentes de Trânsito" - Professor Adjunto IV da Faculdade de Medicina (UFF) - Disciplinas: Epidemiologia, Saúde Comunitária e Sistemas de Saúde. Professor Titular de Metodologia da Pesquisa Científica - Fundação Educacional Serra dos Órgãos (FESO). Presidete do Diretório Acadêmico da Faculdade Fluminense de Odontologia. Fundador do PDT, ao lado de Leonel Brizola, Darcy Ribeiro, Carlos Lupi, Wilson Fadul, Maria José Latgé, Eduardo Azeredo Costa, Alceu Colares, Trajano Ribeiro, Eduardo Chuy, Rosalda Paim e outros. Ex-Membro do Diretório Regional do PDT/RJ. Fundador do Movimento Verde do PDT/RJ. Foi Diretor-Geral do Departamento Geral de Higiene e Vigilância Sanitária, da Secretaria de Estado de Saúde e Higiene/RJ, durante todo o primeiro mandato do Governador Brizola.