Gabriel Manzano - O Estado de S. Paulo
São Paulo - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse nesta
sexta-feira, 8, que "não será nenhuma tragédia" se, nas eleições presidenciais
do ano que vem, o PSB tomar o lugar do PSDB na disputa de um eventual segundo
turno com a presidente Dilma Rousseff, atualmente a grande favorita da disputa.
"Não acredito nessa possibilidade, mas se ela ocorrer não será nenhuma
tragédia", afirmou FHC. "O que eu acho é que temos de ter alternância no poder.
O PT está há muito tempo no poder".
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Mas FHC advertiu que o governador Eduardo Campos, provável nome do PSB em
2014, "tem que se encorpar", porque "se ele não encorpar, não teremos segundo
turno". A avaliação foi feita em entrevista ao blog do jornalista Kennedy
Alencar.
Mas o ex-presidente deixou claro, na conversa, que não acredita nessa
possibilidade - a de o provável candidato tucano, Aécio Neves, vir a ser
superado nas urnas pelo governador pernambucano. Segundo ele, Aécio "tem mais
condições, porque a organização do PSDB é maior". Ele mencionou, então, os
Estados de São Paulo, Minas, Paraná, que têm um grande eleitorado, e o Pará. "O
Aécio tem um enorme apoio em Minas, enquanto o Eduardo só tem Pernambuco",
completou.
No cenário eleitoral por ele traçado, o apoio da ex-senadora Marina Silva
"vai ajudar, e é bom que ajude mesmo" a fortalecer a candidatura de Campos. Mas
o ex-presidente preferia mesmo, segundo observou, que houvesse quatro candidatos
fortes na disputa - ou seja, que Marina tivesse conseguido registrar a sua Rede
Sustentabilidade. "Tinha que ter quatro candidatos. Agora é mais
complicado".
FHC justificou sua decisão de apoiar o nome de Aécio - e não o do
ex-governador José Serra - pela necessidade de renovação. "Há um momento em que
precisa renovar. O Serra é um quadro muito capaz, votei nele a vida inteira, mas
é o momento de Aécio". Recorreu ao exemplo de seu sucessor, o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, que depois de lançar Dilma à presidência indicou Fernando
Haddad na disputa pela prefeitura de São Paulo e agora recorre ao ministro
Alexandre Padilha para disputar o governo paulista. "Hoje há uma fadiga de
material, um certo cansaço. O Lula percebeu isso, tentou colocar candidatos
novos".
Candidatura. Mas Fernando Henrique não defendeu como
indispensável o lançamento antecipado da candidatura - uma questão que veio à
tona, dentro do PSDB, depois de Serra ter defendido a ideia de se aguardar até
março de 2014 para a definição do nome tucano.
"Na verdade, já estamos em disputa", definiu o ex-presidente. "Dilma já tem
uma agenda de candidato. No cargo, tem uma enorme vantagem e temos que
contrabalançar isso, o mais cedo possível". Ele não considera indispensável
"lançar necessariamente a candidatura", mas "atuar como candidato". Não há
"necessidade de lançamento formal", completou. Provocado a definir qual é a
marca do governo Dilma, falou em "produtivismo, uma volta ao governo (Ernesto)
Geisel: produzir, crescer. Mas não está crescendo. Então a marca é da
frustração."
Tapando buraco. FHC também descartou a acusação de que haja
uma campanha da oposição, do mercado e da mídia a respeito da situação fiscal do
País. Para ele, a situação não está "fora do controle", mas há "sinais graves de
que (o governo) está perdendo a rigidez fiscal". "Não há uma coisa caótica",
avisou, "mas dá a impressão de que o governo está tapando buraco". FHC
queixou-se, também, da "falta de generosidade" do ex-presidente Lula, que,
segundo ele, não reconhece ações positivas de seu governo. "Falta um pouquinho
de generosidade e reconhecer as coisas. Eu reconheço o que ele fez de bom, mas o
Lula não consegue".
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