terça-feira, 21 de janeiro de 2014

PSB vai lançar candidato de faz-de-conta para satisfazer Marina Silva

20/1/2014 13:15
Por Antonio Lassance - do Rio de Janeiro

Marina Silva
Marina Silva

Para engolir a vice de Eduardo Campos, Marina Silva terá que se contentar com uma candidatura de araque na emblemática disputa pelo Governo de São Paulo.
Marina Silva cobrou de Eduardo Campos um preço para ser sua vice na chapa presidencial: que o PSB lance candidato a governador em São Paulo, abortando o apoio que já estava acertado à reeleição de Geraldo Alckmin (PSDB).
Ganhou, mas não levou. O PSB de São Paulo, sobre o qual Marina e sua Rede não têm qualquer peso, pretende lançar um candidato de araque.
Alckmin foi comunicado dessa decisão por um emissário do PSB cujo nome não foi revelado. Mas sabe-se que o emissário fez serviço completo, explicando ao governador qual é o plano. O partido não se coligará ao tucano no primeiro turno, mas já sinalizará que, em um eventual segundo turno, apoiará Alckmin.
O PSB se prepara para lançar uma candidatura que se confessa totalmente fajuta.
De pronto se admite fora de um eventual segundo turno e ansioso por apoiar o atual governador, assim que puder. Não se sabe ao certo, mas Alckmin só pode ter encerrado a conversa com um “muito obrigado”.

A intenção do PSB é arranjar um candidato a governador que não deve fazer sua própria campanha. Será um anticandidato. Tentará não roubar votos de Alckmin para também tentar contribuir ao máximo para diminuir as chances de segundo turno.
O episódio, até o momento, foi o que mais atritou a combinação entre o PSB de Eduardo Campos e a Rede, grupo de Marina Silva. De uma só vez, o PSB vai satisfazer e desmoralizar a Rede.
O PSB paulista é dominado pelos alckimistas e já tinha planos de ocupar a vice com o deputado federal Márcio França. Intenção frustrada, a ideia agora é ajudar Alckmin de outra maneira.
A primeira opção da Rede, Luiza Erundina, está praticamente descartada. A própria Erundina não quer. A alternativa de Ricardo Young, do PPS, deve ser barrada pelo próprio PPS de S. Paulo, dominado por Roberto Freire, devoto fervoroso do PSDB paulista.
De forma velada, há um veto do PSB à opção por Walter Feldman, ex-PSDB, obviamente não por sua relação com seu partido de origem – que mora no coração do PSB paulista -, e sim pela condição de Feldman como fiel escudeiro de Marina.
Se a convenção estadual do PSB, que deve ocorrer no período de 10 a 30 de junho, escolher o nome do deputado Márcio França ao governo de São Paulo, o PSB estará brincando que tem candidato.
França atuará como um pseudocandidato, mas será tratado pelos adversários como um candidato de mentirinha. Será uma enganação que jogará uma pá de cal na já ridicularizada pregação que Eduardo Campos e Marina Silva fazem por uma “nova política”.
Ainda é possível que consigam demover Márcio França dessa intenção e que apareça uma solução alternativa. Nem Márcio, nem Erundina, nem Young, nem Feldman. Alguém provavelmente menos conhecido que qualquer um dos quatro. Alckmin, mais uma vez, dirá “muito obrigado”.
Marina Silva deve saborear sua vitória antes que ela se evapore. Porém, como uma vitória de Pirro, vai lhe custar o alto preço de fazer sua Rede engolir a vice de Campos e de ter que fingir que tem candidato na emblemática disputa pelo Governo de São Paulo. Será então a hora, como dizia o poeta, de “fingir que é dor a dor que deveras sente”.
Antonio Lassance é doutor em Ciência Política.

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Quem sou eu

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Médico Clínico e Sanitarista - Doutor em Saúde Pública - Coronel Reformado do Quadro de Dentistas do Exército. Autor dos livros "Sistemismo Ecológico Cibernético", "Sistemas, Ambiente e Mecanismos de Controle" e da Tese de Livre-Docência: "Profilaxia dos Acidentes de Trânsito" - Professor Adjunto IV da Faculdade de Medicina (UFF) - Disciplinas: Epidemiologia, Saúde Comunitária e Sistemas de Saúde. Professor Titular de Metodologia da Pesquisa Científica - Fundação Educacional Serra dos Órgãos (FESO). Presidete do Diretório Acadêmico da Faculdade Fluminense de Odontologia. Fundador do PDT, ao lado de Leonel Brizola, Darcy Ribeiro, Carlos Lupi, Wilson Fadul, Maria José Latgé, Eduardo Azeredo Costa, Alceu Colares, Trajano Ribeiro, Eduardo Chuy, Rosalda Paim e outros. Ex-Membro do Diretório Regional do PDT/RJ. Fundador do Movimento Verde do PDT/RJ. Foi Diretor-Geral do Departamento Geral de Higiene e Vigilância Sanitária, da Secretaria de Estado de Saúde e Higiene/RJ, durante todo o primeiro mandato do Governador Brizola.