segunda-feira, 29 de março de 2010
Saída de Ciro vira problema para Lula
Folha Online/EG
Alessandra de Souza
Além de embalar a pré-candidatura de Dilma Rousseff (PT), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem outra tarefa. No caso, bem mais espinhosa: como convencer Ciro Gomes, pré-candidato do PSB, a sair do páreo.
Apesar da pesquisa da Datafolha que mostrou crescimento do virtual candidato do PSDB, o governador José Serra (SP), Lula mantém a avaliação de que convém ao governo patrocinar uma disputa plebiscitária contra os tucanos. Nesse contexto, seria melhor retirar a candidatura de Ciro, deputado federal pelo Ceará.
O problema é que as relações entre Ciro e o PT pioraram nas últimas semanas. A versão de que Lula faz uma maldade com o aliado do PSB, tirando-lhe todo o gás político, parece que arranhou um pouco a boa relação pessoal entre os dois. Ciro estaria magoado, segundo interlocutores dele e de Lula.
A hipótese de Ciro ser vice de Dilma virou pó. O deputado federal fustiga todo dia o PMDB, partido ao qual está prometida a vice e legenda que não tem por ele apreço a ponto de renunciar a uma posição tal vital.
Após adiamentos, Lula deverá, sim, ter aquela conversa olho no olho com Ciro. O novo prazo agora é a segunda quinzena de abril.
Na última pesquisa Datafolha, Ciro ficou estacionado em relação ao levantamento anterior, assim como Dilma. Serra subiu quatro pontos e obteve 36%. Dilma oscilou negativamente um ponto percentual (27%). Ciro também, 11%. E a senador Marina Silva (PV-AC) manteve seus 8%.
Senadora patina
Desde a pesquisa Datafolha realizada entre 14 e 18 de dezembro, Marina continua com o mesmo percentual. Já realizou uma bateria de programas populares de TV e fez viagens pelo país. É verdade que sua exposição na mídia é baixa na comparação com as de Serra e Dilma.
Mas seu discurso é muito genérico. Para fugir do carimbo ambiental, faz propostas que soam semelhantes às de Serra e Dilma, patrocinados por máquinas políticas mais poderosas. É preciso inovar para sair da condição de mera coadjuvante.
Para ser uma sensação eleitoral, cairia bem terminar essa disputa na casa dos 15 pontos. Menos do que isso, garantirá um lugar de apoiadora de relevo no segundo turno. Hoje, esse apoio estaria mais para Serra do que para Dilma.
domingo, 21 de março de 2010
PSDB prepara uma festa de 2 mil pessoas para Serra
Sérgio Lima/Folha
Será em Brasília, no dia 10 de abril, um sábado, a pré-convenção em que o PSDB vai aclamar José Serra como seu candidato à sucessão de Lula.
Alugou-se um auditório no centro da Capital. Dispõe de cadeiras para 1.500 pessoas. Somando-se os que ficam em pé, acomoda uma platéia de 2.000.
Se vingarem os planos do tucanato, a proclamação da candidatura Serra será uma pajelança de casa cheia.
Reunirá, além da nata tucana, liderenças dos aliados já disponíveis: DEM e PPS. Deseja-se, além de ungir o candidato, passar a idéia de unidade.
O governador tucano de Minas, Aécio Neves, que programara sair em férias, adiou o descanso. E confirmou sua presença.
Aécio declara-se um “soldado” a serviço de Serra. Algo que o tucanato, grupo de amigos composto integralmente de inimigos, celebra.
Parte-se do pressuposto de que as relações Serra-Aécio, se mal administradas, podem custar a eleição. O passado desrecomenda o atrito.
O PSDB descera às urnas de 2002 (Serra) e de 2006 (Alckmin) trincado. Nas duas ocasiões, foi surrado por Lula.
Imagina-se que, reincidindo no erro, a principal legenda da oposição flertará, de novo, com o insucesso.
Servindo-se de outra lição extraída do passado, o PSDB decidiu reservar na pajelança pró-Serra um papel de destaque também para Fernando Henrique Cardoso.
Elabora-se, no momento, a lista de políticos com direito a microfone. Diz-se que a prerrogativa será concedida a poucos na “festa” do dia 10.
De antemão, Serra, Aécio e FHC frequentam a relação na condição de oradores naturais e compusórios.
Para fugir ao improviso, a direção do PSDB vai contratar, até a próxima terça (23), uma empresa especializada na organização de eventos.
A conta será espetada no fundo partidário. A legenda escora a decisão numa resolução do TSE.
O tribunal autorizou os partidos a usarem o fundo fornido com verbas públicas para o custeio de despesas de pré-campanha.
Decidiu-se, de resto, transmitir o evento, ao vivo, pela internet. Por que esperar até o dia 10 se José Serra deixará o governo de São Paulo no dia 2?
O PSDB alega-se que o adiamento foi, por assim dizer, imposto pela folhinha. Entre a saída de Serra do governo e a festa haverá a Semana Santa. Daí a postergação.
Depois que levar o nome de Serra à estrada, restará à oposição encontrar um discurso para rechear a carroceria da candidatura.
Escrito por Josias de Souza às 07h20
sábado, 20 de março de 2010
Serra diz pela primeira vez que é candidato à Presidência
Terra
O governador de São Paulo, José Serra, disse em entrevista a um programa de TV nesta sexta-feira que é o candidato do PSDB à Presidência da República, de acordo com a assessoria de imprensa de Serra.
É a primeira vez que Serra se apresenta como candidato. O anúncio oficial da candidatura do tucano está previsto para 10 de abril em Brasília.
Antes disso, Serra precisa se desincompatibilizar do cargo de governador, cujo prazo limite é 3 de abril.
Há expectativa de que ele se afaste de suas funções no executivo um dia antes.
O governador de São Paulo, José Serra, disse em entrevista a um programa de TV nesta sexta-feira que é o candidato do PSDB à Presidência da República, de acordo com a assessoria de imprensa de Serra.
É a primeira vez que Serra se apresenta como candidato. O anúncio oficial da candidatura do tucano está previsto para 10 de abril em Brasília.
Antes disso, Serra precisa se desincompatibilizar do cargo de governador, cujo prazo limite é 3 de abril.
Há expectativa de que ele se afaste de suas funções no executivo um dia antes.
quinta-feira, 18 de março de 2010
Em dia de Ibope aguado, Serra ouve Águas de Março
José Serra pendurou no microblog, na noite passada, a seguinte nota: “Neste 17 de março, Elis Regina faria 65 anos...”
“...Aqui, a interpretação mais que perfeita de Águas de Março”. Ele remete para o vídeo. Começa assim:
“É pau, é pedra, é o fim do caminho/É um resto de toco, é um pouco sozinho/É um caco de vidro, é a vida, é o sol/É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol...”
Mais cedo, a web fora inundada pelos números do Ibope. Puxada pela correnteza Lula, Dilma Rousseff já respinga sua viabilidade na nuca do rival.
“É madeira de vento, tombo da ribanceira/É o mistério profundo, é o queira ou não queira/É o vento ventando, é o fim da ladeira...”
De 17%, Dilma ascendeu à casa dos 30%. De 38%, Serra escorregou para 35%.
“É o pé, é o chão, é a marcha estradeira/Passarinho na mão, pedra de atiradeira/É uma ave no céu, é uma ave no chão...”
De passagem por São Paulo, Nárcio Rodrigues, o presidente do PSDB-MG, entregou a Serra uma mensagem de Aécio Neves: conte com Minas.
"É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã/É um belo horizonte, é uma febre terçã...”
Em viagem aos Estados do Sul, Sérgio Guerra, presidente nacional do PSDB, tenta ajeitar os palanques. Preve-se para 4 de abril a saída do quase-candidato do armário.
“Pau, pedra, fim, caminho/Resto, toco, pouco, sozinho/Caco, vidro, vida, sol, noite, morte, laço, anzol...”
No pano de fundo da campanha, uma atmosfera de borrasca. Nos céus de São Paulo, um prenúncio de estiagem.
“São as águas de março fechando o verão/É a promessa de vida no teu coração”.
O barulhinho que você ouve ao fundo não é o som da chuva. É o ruído do Tom Jobim se revirando no túmulo.
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Escrito por Josias de Souza às 06h00
“...Aqui, a interpretação mais que perfeita de Águas de Março”. Ele remete para o vídeo. Começa assim:
“É pau, é pedra, é o fim do caminho/É um resto de toco, é um pouco sozinho/É um caco de vidro, é a vida, é o sol/É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol...”
Mais cedo, a web fora inundada pelos números do Ibope. Puxada pela correnteza Lula, Dilma Rousseff já respinga sua viabilidade na nuca do rival.
“É madeira de vento, tombo da ribanceira/É o mistério profundo, é o queira ou não queira/É o vento ventando, é o fim da ladeira...”
De 17%, Dilma ascendeu à casa dos 30%. De 38%, Serra escorregou para 35%.
“É o pé, é o chão, é a marcha estradeira/Passarinho na mão, pedra de atiradeira/É uma ave no céu, é uma ave no chão...”
De passagem por São Paulo, Nárcio Rodrigues, o presidente do PSDB-MG, entregou a Serra uma mensagem de Aécio Neves: conte com Minas.
"É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã/É um belo horizonte, é uma febre terçã...”
Em viagem aos Estados do Sul, Sérgio Guerra, presidente nacional do PSDB, tenta ajeitar os palanques. Preve-se para 4 de abril a saída do quase-candidato do armário.
“Pau, pedra, fim, caminho/Resto, toco, pouco, sozinho/Caco, vidro, vida, sol, noite, morte, laço, anzol...”
No pano de fundo da campanha, uma atmosfera de borrasca. Nos céus de São Paulo, um prenúncio de estiagem.
“São as águas de março fechando o verão/É a promessa de vida no teu coração”.
O barulhinho que você ouve ao fundo não é o som da chuva. É o ruído do Tom Jobim se revirando no túmulo.
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Escrito por Josias de Souza às 06h00
quarta-feira, 17 de março de 2010
Ibope: Serra, 35%, ‘ainda’ na frente de Dilma, 30%
Reuters
Antes de expor os dados, convém ambientar a cena. Recorra-se a uma imagem, digamos, molhada: noite de tempestade.
Ventania. Começa mansa. Intensifica-se. Fica forte. Muito forte. Fortíssima. De manhã, cedinho, o sujeito vai à janela.
Percebe que a rua está meio desarrumada. Tinha saído de sua pachorra. Decide conferir o quintal.
No caminho até a soleira, avista um rombo no teto da sala. As lufadas haviam sorvido algumas telhas. O tapete ensopado.
Lá fora, um imenso galho de ipê só não caíra de todo porque parou num fio de alta tensão que sai do poste da rua. Pende sobre o alpendre.
Aparece um vizinho. Eu avisei, diz. Mesmo antes da tempestade, a árvore já era uma ameaça. Estava na hora de tomar providência.
Pois bem, José Serra atravessa um roteiro semelhante. Uma ventania lhe sacode o sonho presidencial.
Mais que vergado, o “ex-poste” Dilma Rousseff se despeja, ameaçador, sobre sua candidatura. A vizinhança cobrava providências há meses.
Porém, dono de “nervos de aço”, Serra dera de ombros. E Dilma, empurrada por Lula, foi se achegando.
Segundo o último Ibope, divulgado nesta quarta (17), a diferença estreitou-se para cinco pontos percentuais. Ela com 30%. Ele, 35%.
Em novembro do ano passado, Serra tinha 38%. Dilma, 17%. Em fevereiro passado, ele amealhara 36%. Ela, 25%. Agora, 35% a 30%.
E agora, José? "Não comento pesquisa”, diz Serra. “Nem quando estou disparado nem quando não estou disparado".
"Pesquisa, até outubro ou novembro, eu nunca vou comentar". Então, tá!
- Serviço: Pressionando aqui, você chega à íntegra do relatório da pesquisa Ibope, feita por encomenda da CNI.
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Escrito por Josias de Souza às 17h27
terça-feira, 16 de março de 2010
Serra bate Lula e Dilma na gincana de inaugurações
Fotos: Milton Michida e Sérgio Lima
José Serra, o quase-presidenciável do PSDB, promoveu neste ano eleitoral de 2010 mais inaugurações do que Lula e Dilma Rousseff, a candidata do PT.
Considerando-se todo o pacote administrativo-eleitoral (inaugurações, lançamentos de projetos, visitas a indústriais e vistorias em obras), Serra foi a 32 eventos desde 1º de janeiro –um a cada dois dias.
No mesmo período, Lula e Dilma deram as caras em 27 atividades do gênero –uma a cada dois dias e meio. Somando-se a entrega de um hospital estadual, no Rio, à qual compareceu sozinha, Dilma vai a 28.
Computando-se apenas as inaugurações, Serra conserva a dianteira. Compareceu a 27 cerimônias. Lula e Dilma foram a 21. Incluindo-se o hospital carioca, Dilma soma 22.
Embora prevaleça nos números, Serra perde no tamanho da vitrine. O governador desfila sua quase-candidatura em São Paulo. Lula leva a candidatura de Dilma para passear em diferentes Estados.
Os dois lados qualificam as solenidades como atos estritamente administrativos. Mas a comparação com 2009 desmonta a pantomima.
Num cotejo com o mesmo período do ano passado, Serra participara de dez inaugurações. Lula, fora apenas a sete.
A fúria com que descerram-se as placas e cortam-se as fitas encontra explicação no calendário eleitoral.
Serra e Dilma terão de trocar as cadeiras de governador e de ministra pelos palanques até 3 de abril.
De resto, reza a lei que, a partir do dia 6 de julho, nenhum candidato a cargo eletivo poderá tomar parte de inaugurações.
Descontado o fato de que, no gogó, Lula é mais efusivo do que Serra, o governador tucano também se serve das solenidades oficiais para exaltar os próprios “feitos”.
A eloquência verbal de Lula e a indefectível presença de Dilma nos eventos federais levaram a oposição a protocolar nove representações no TSE.
PSDB, DEM e PPS acusam a candidata oficial e o cabo-eleitoral dela de fazer campanha eleitoral antecipada. Algo que a lei proíbe.
Até aqui, a tese não prosperou nos julgamentos. Para o Tribunal Superior Eleitoral, o presidente e sua preferida não ultrapassaram, por ora, a fronteira que separa o legal do ilegal.
A aferição das estatísticas pode levar o petismo a dizer que, tomada pela movimentação de Serra, a oposição reclama, por assim dizer, de barriga cheia.
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Escrito por Josias de Souza às 05h46
domingo, 14 de março de 2010
Pesquisa anota empate, com Dilma à frente de Serra
O repórter Lauro Jardim levou à coluna Radar uma trinca de notas cujo teor pode trincar o já combalido ânimo da oposição. Confira abaixo:
- Na frente? 1: De acordo com informações já do conhecimento do partido, o PSDB saiu-se mal em uma pesquisa nacional de intenção de voto a ser divulgada na quarta-feira. Ela mostra um empate técnico de José Serra e Dilma Rousseff, mas com a petista 1 ponto porcentual à frente. A pesquisa foi feita entre 5 e 10 de março com 2 002 pessoas em 142 municípios.
- Na frente? 2: Outra pesquisa, desta vez encomendada pelo PT, foi levada ao Planalto na sexta-feira. Deu pela primeira vez Dilma Rousseff 3 pontos à frente de José Serra.
- O rei dos palanques está aflito: Aos mais próximos, Lula tem reclamado da (falta de) desenvoltura de Dilma Rousseff nos palanques. Avalia que os seus discursos são longos e sem emoção.
Presidente do tucanato, Sérgio Guerra levou ao seu microblog um comentário: “O PSDB desconhece qualquer resultado antecipado de pesquisas”, escreveu.
“Nossos monitoramentos indicam que José Serra continua liderando essa corrida”.
A sondagem que está prestes a vir à luz foi feita pelo Ibope. Resta agora aguardar pela quarta-feira.
O último levantamento, feito pelo Datafolha, acomodara Dilma nos calcanhares de Serra –quatro pontos percentuais a separavam do tucano.
A eventual ultrapassagem, ainda que em quadro de empate técnico, converterá a apreensão dos oposicionistas em pânico.
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Escrito por Josias de Souza às 02h38
sábado, 13 de março de 2010
Serra decide anunciar candidatura após Páscoa
O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), planeja deixar o posto no fim do mês em cerimônia sóbria e sem grande alarde. Mas essa será apenas a mudança burocrática no Palácio dos Bandeirantes, para atender à formalidade da chamada "desincompatibilização". O verdadeiro lançamento da candidatura de Serra ao Planalto será realizado depois da Semana Santa - até para fugir do dia 29 de março, quando o presidente Lula e sua candidata à Presidência, ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), lançam, com pompa, circunstância e barulho, o PAC 2.
Depois de amargar quatro meses de espera pelo anúncio que não veio, a cúpula do PSDB não quer dividir a cena nem a mídia com o PT. Ao contrário, a ideia é esticar o lançamento em mais de uma etapa, para potencializar o ganho político do ingresso do governador na corrida presidencial e compensar o desgaste, virando a página dos protestos por tamanha demora. Serão duas solenidades para Serra brilhar: em São Paulo, a despedida do governo e o anúncio da candidatura de Geraldo Alckmin a governador; e o lançamento nacional em grande estilo, com aliados e tucanos de todo o Brasil reunidos em Brasília, para mostrar unidade do partido em torno do candidato.
Até lá a direção do PSDB vai costurando as alianças nos Estados e tentando contornar a agonia de aliados de peso como o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), que esta semana desistiu da reunião que ele mesmo havia pedido a Serra. Inconformado com decisão de arrastar por mais três semanas o anúncio oficial da candidatura, Jarbas chegou a divulgar uma nota na quarta-feira, para dizer que não quer conversa até lá. "Pretendo vincular minha eventual candidatura (a governador de Pernambuco) à dele, mas dispenso a audiência. Vou esperar", disse o senador.
As articulações Brasil afora continuam porque o PSDB trabalha para ampliar a aliança nacional e assim potencializar o efeito político do lançamento. Além da presença de todos os candidatos que vão garantir bons palanques a Serra nos Estados, o tucanato quer mostrar que a festa não é particular, mas da aliança.
Depois da crise que atingiu o principal aliado, com o único governador eleito pelo DEM - José Roberto Arruda, do Distrito Federal - na cadeia, o caminho para minimizar o peso do escândalo do "mensalão do DEM" sobre a coligação de Serra é apressar a ampliação da aliança. O ideal é que isso ocorra já a partir do lançamento da candidatura em Brasília.
Para dar cara múltipla à coligação, os tucanos querem não apenas dirigentes do DEM e do PPS compondo a mesa solene da festa em Brasília. O esforço é para que, em torno de Serra, também estejam os presidentes nacionais do PTB, Roberto Jefferson, e do PSC, Vitor Nósseis. O empenho do tucanato para fechar acordo com as duas legendas na campanha presidencial é grande porque a contabilidade política desse apoio é dobrada, com repercussão no palanque eletrônico de Serra e Dilma.
Como o PTB participa do governo Lula e é aliado do PT no Congresso, os articuladores da candidatura de Dilma contam com o tempo de propaganda eleitoral gratuita do partido no rádio e na televisão. Se o PSDB for bem sucedido, os 42 segundos do PTB serão subtraídos do programa do PT e transferidos a Serra. Somados aos segundos que cabem ao PSC, a articulação tucana pode render ao candidato da oposição um minuto a mais em cada bloco de propaganda que irá ao ar, em rede nacional de televisão, totalizando 7m48s, contra 8m21s da coligação de Dilma - sem contar o tempo do PSB, que ainda pode se bandear para a candidatura governista no caso de desistência do deputado Ciro Gomes.
Diário da Manhã
Depois de amargar quatro meses de espera pelo anúncio que não veio, a cúpula do PSDB não quer dividir a cena nem a mídia com o PT. Ao contrário, a ideia é esticar o lançamento em mais de uma etapa, para potencializar o ganho político do ingresso do governador na corrida presidencial e compensar o desgaste, virando a página dos protestos por tamanha demora. Serão duas solenidades para Serra brilhar: em São Paulo, a despedida do governo e o anúncio da candidatura de Geraldo Alckmin a governador; e o lançamento nacional em grande estilo, com aliados e tucanos de todo o Brasil reunidos em Brasília, para mostrar unidade do partido em torno do candidato.
Até lá a direção do PSDB vai costurando as alianças nos Estados e tentando contornar a agonia de aliados de peso como o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), que esta semana desistiu da reunião que ele mesmo havia pedido a Serra. Inconformado com decisão de arrastar por mais três semanas o anúncio oficial da candidatura, Jarbas chegou a divulgar uma nota na quarta-feira, para dizer que não quer conversa até lá. "Pretendo vincular minha eventual candidatura (a governador de Pernambuco) à dele, mas dispenso a audiência. Vou esperar", disse o senador.
As articulações Brasil afora continuam porque o PSDB trabalha para ampliar a aliança nacional e assim potencializar o efeito político do lançamento. Além da presença de todos os candidatos que vão garantir bons palanques a Serra nos Estados, o tucanato quer mostrar que a festa não é particular, mas da aliança.
Depois da crise que atingiu o principal aliado, com o único governador eleito pelo DEM - José Roberto Arruda, do Distrito Federal - na cadeia, o caminho para minimizar o peso do escândalo do "mensalão do DEM" sobre a coligação de Serra é apressar a ampliação da aliança. O ideal é que isso ocorra já a partir do lançamento da candidatura em Brasília.
Para dar cara múltipla à coligação, os tucanos querem não apenas dirigentes do DEM e do PPS compondo a mesa solene da festa em Brasília. O esforço é para que, em torno de Serra, também estejam os presidentes nacionais do PTB, Roberto Jefferson, e do PSC, Vitor Nósseis. O empenho do tucanato para fechar acordo com as duas legendas na campanha presidencial é grande porque a contabilidade política desse apoio é dobrada, com repercussão no palanque eletrônico de Serra e Dilma.
Como o PTB participa do governo Lula e é aliado do PT no Congresso, os articuladores da candidatura de Dilma contam com o tempo de propaganda eleitoral gratuita do partido no rádio e na televisão. Se o PSDB for bem sucedido, os 42 segundos do PTB serão subtraídos do programa do PT e transferidos a Serra. Somados aos segundos que cabem ao PSC, a articulação tucana pode render ao candidato da oposição um minuto a mais em cada bloco de propaganda que irá ao ar, em rede nacional de televisão, totalizando 7m48s, contra 8m21s da coligação de Dilma - sem contar o tempo do PSB, que ainda pode se bandear para a candidatura governista no caso de desistência do deputado Ciro Gomes.
Diário da Manhã
segunda-feira, 8 de março de 2010
Tucanos montam roteiro para 'exibir' Serra nos Estados
Para comando do PSDB, é a única saída para driblar mais 15 dias de silêncio do governador sobre sua candidatura
Christiane Samarco
"DESFILE" - Serra precisa agir como fez anteontem no Sul, diz senador
BRASÍLIA
O comando nacional e as direções regionais do PSDB avaliam que só têm uma saída para driblar mais 15 dias de silêncio do governador de São Paulo, José Serra, sobre sua candidatura ao Planalto: fazer com que o presidenciável tucano "desfile" ao lado dos candidatos a governador do partido e de legendas aliadas que estão em campanha Brasil afora. "Vamos nos mexer", diz o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE). "Todo mundo quer a presença dele nos Estados e Serra precisa desatar esse nó."
O tucanato não desistiu de convencê-lo a antecipar a candidatura. Para conter a ansiedade com a falta de uma declaração afirmativa do governador, o partido mobiliza as bases em vários Estados e monta uma agenda para exibir seu candidato. "O que Serra tem que fazer nessas duas semanas até sair do governo para cuidar da candidatura é exatamente o que fez no Rio Grande do Sul, no fim de semana", afirma Guerra.
De acordo com a governadora gaúcha, Yeda Crusius (PSDB), quem testemunhou a passagem de Serra anteontem pela Festa da Uva, em Caxias do Sul, não tem a menor dúvida de que ele é o candidato do PSDB à Presidência. A tucana se diz convencida de que Serra "desfez com gestos" qualquer dúvida sobre a participação na corrida sucessória. "Éramos dois pré-candidatos: eu, candidata declarada ao governo, e ele a presidente. Quem nos viu não teve dúvida."
Yeda elogia a militância, que estava "muito acesa", chegou em dois ônibus enfeitados com faixas de "Serra presidente" e recepcionou o governador portando adesivos com os mesmos dizeres colados nas camisetas.
Serra não falou uma só palavra sobre eleição, mas se portou como político em busca de votos. Conversou com visitantes, distribuiu abraços e posou para fotos, sempre sorridente. Bem diferente do Serra meio cabisbaixo que deixou Belo Horizonte, na semana passada, depois de participar da inauguração da nova sede do governo mineiro, ao lado de Aécio Neves, este sim recepcionado aos gritos de "Aécio presidente".
Não houve manifestação de hostilidade ao paulista durante os festejos do governo de Minas, mas os mineiros deixaram vazar a frustração por Aécio não ser o cabeça de chapa. Dirigentes do PSDB avaliam que Serra poderia ter evitado os apupos a Aécio, se tivesse antecipado a candidatura. Mas dizem entender a preocupação dele em deixar claro que sua prioridade é a função de governador. É com uma "boa arrancada" a partir de São Paulo que os tucanos contam para construir a vitória sobre a petista Dilma Rousseff.
domingo, 7 de março de 2010
Plano do PT prevê Dilma à frente de Serra até julho
Lula Marques/Folha
O PT enganchou sua estratégia de campanha a uma meta: deseja que Dilma Rousseff ultrapasse José Serra nas pesquisas antes de 1º de julho.
Pelo calendário da Justiça Eleitoral, é nesse dia que começa a propaganda eleitoral eletrônica. Os candidatos levarão a cara à TV e a voz ao rádio.
Animado com o Datafolha que acomodou Dilma a quatro pontos dos calcanhares de Serra, o petismo passou a cultivar uma “certeza”.
Além de chegar à vitrine eletrônica na frente de Serra, Dilma vai ao ar com ares de "favorita".
Um favoritismo tonificado pelo flerte do eleitor com a tese da “continuidade”.
Para converter pretensão em realidade, o PT ajusta sua tática. Nos próximos meses, planeja, por exemplo, intensificar as viagens de sua candidata a São Paulo.
Nesse ponto, o plano do partido coincide com a vontade de Lula. Também ele avalia que o jogo da sucessão será jogado no Sudeste, com peso em São Paulo.
Tomado pela leitura que o governo faz da conjuntura, o tucanato joga suas fichas em São Paulo e Minas. Daí a pressão para que Aécio Neves aceite ser vice.
Enxerga-se lógica na movimentação do rival. O PSDB tenta compensar nos dois maiores colégios eleitorais a dianteira de Dilma nas regiões Nordeste e Norte.
Lula e o PT farão o que puder para atrapalhar. Além dos seus próprios esforços, contam com um desgaste "natural" de Serra.
Afora o estrago provocado pelas enchentes, estima-se que o PSDB está na bica de enfiar na coligação de Serra duas encrencas: Roberto Jefferson e Joaquim Roriz.
Para tonificar o tempo de TV de Serra, menor que o de Dilma, o tucanato negocia a adesão do PTB de Jefferson e do PSC de Roriz.
O petismo solta fogos. Acha que os dois novos aliados do adversário não serão digeridos pelo eleitor de classe média, simpático a Serra.
Estima, de resto, que, de mãos dadas com Orestes Quércia (PMDB), Jefferson e Roriz, Serra perde as condições de se enrolar na bandeira da ética.
O zero a zero no placar das perversões empurraria a disputa, segundo a visão de integrantes da cúpula do PT, para o campo programático.
Nesse quesito, o PT acredita que Dilma tende a prevalecer de goleada. Por quê? Ela seria a única contendora com legitimidade para dizer que manterá Lula, aprofundando-o.
Para o PT, Dilma tem a era Lula para apresentar. E Serra teria dificuldades para contrapor sua gestão paulista aos “feitos” de Brasília, de amplitude nacional.
Imagina-se também que será fácil colar a imagem do ex-ministro Serra à de FHC, um ex-presidente que frequenta as pesquisas com semblante de rejeitado.
Embora Serra ainda não tenha retirado a candidatura do armário, o PT já o tem como adversário. Mais: descrê da hipótese de Aécio virar vice.
Torce para que o companheiro de chapa de Serra venha das fileiras do DEM. Algo que, mercê dos panetone$ do DF, lhe furtaria de vez o discurso da ética.
Na prancheta, a estratégia do PT é infalível. Submetido ao acaso, personagem invisível e caprichoso, o plano terá de vencer o imprevisível.
De concreto, apenas uma previsão é, por ora, infalível: pode até acontecer que a Dilma ganhe, na hipótese de que não perca.
Escrito por Josias de Souza às 06h02
sexta-feira, 5 de março de 2010
Ala tucana insistirá com Aécio Neves para disputar vice-presidência
Sigla também avalia nomes de Tasso e Marisa Serrano
Nem todos os tucanos estão convencidos da negativa do governador mineiro, Aécio Neves, em ocupar a vice na chapa encabeçada por José Serra para disputar a corrida presidencial. Uma ala do partido aposta que Aécio pode mudar de ideia até junho, prazo final para a composição. A prioridade agora, defendem, é o lançamento da candidatura de Serra à sucessão do presidente Lula, o que deverá ocorrer daqui a três semanas.
Serra fez o convite a Aécio - e ouviu a recusa - na madrugada de quarta-feira, em hotel de Brasília. "A definição do vice não é sangria desatada. Isso tem até 30 de junho para ser decidido", afirmou o deputado Jutahy Magalhães Júnior (PSDB-BA).
Partidários da chapa puro-sangue têm esperança que o mineiro faça uma reflexão sobre a vice e reconsidere o convite. "Temos de dar tranquilidade para o Aécio decidir. Não adianta pressioná-lo", disse o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ). Mas Aécio já teria confidenciado que sua negativa é definitiva. Hoje, o nome mais falado, caso Aécio não aceite a tarefa, é o do senador Tasso Jereissati (CE), por ele ser do Nordeste e ter trânsito junto ao empresariado. Outra hipótese é a senadora Marisa Serrano (MS), vice-presidente do PSDB.
Ontem, Serra sofreu o constrangimento de acompanhar os gritos de "Aécio presidente" na inauguração da Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves, nova sede do governo mineiro - um suntuoso centro administrativo projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer. A cerimônia reuniu 8 mil pessoas.
Serra chegou atrasado à concentração da comitiva. Tendo Aécio à frente, o grupo desceu a rampa do Palácio do Governo - prédio que vai abrigar o gabinete do governador mineiro, com 146 metros de vão livre, considerado o maior vão suspenso do mundo.
Foi quando foram ouvidos os gritos de "Aécio presidente", numa espécie de entrada triunfal do governador. Houve novo coro quando o mineiro preparava-se para discursar.
Aécio fez gestos pedindo que o público encerrasse a manifestação.
"O momento de uma eventual candidatura minha ao posto passou. Não será desta vez."
ANA PAULA SCINOCCA, EUGÊNIA LOPES, EDUARDO KATTAH E CHRISTIANE SAMARCO
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Nem todos os tucanos estão convencidos da negativa do governador mineiro, Aécio Neves, em ocupar a vice na chapa encabeçada por José Serra para disputar a corrida presidencial. Uma ala do partido aposta que Aécio pode mudar de ideia até junho, prazo final para a composição. A prioridade agora, defendem, é o lançamento da candidatura de Serra à sucessão do presidente Lula, o que deverá ocorrer daqui a três semanas.
Serra fez o convite a Aécio - e ouviu a recusa - na madrugada de quarta-feira, em hotel de Brasília. "A definição do vice não é sangria desatada. Isso tem até 30 de junho para ser decidido", afirmou o deputado Jutahy Magalhães Júnior (PSDB-BA).
Partidários da chapa puro-sangue têm esperança que o mineiro faça uma reflexão sobre a vice e reconsidere o convite. "Temos de dar tranquilidade para o Aécio decidir. Não adianta pressioná-lo", disse o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ). Mas Aécio já teria confidenciado que sua negativa é definitiva. Hoje, o nome mais falado, caso Aécio não aceite a tarefa, é o do senador Tasso Jereissati (CE), por ele ser do Nordeste e ter trânsito junto ao empresariado. Outra hipótese é a senadora Marisa Serrano (MS), vice-presidente do PSDB.
Ontem, Serra sofreu o constrangimento de acompanhar os gritos de "Aécio presidente" na inauguração da Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves, nova sede do governo mineiro - um suntuoso centro administrativo projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer. A cerimônia reuniu 8 mil pessoas.
Serra chegou atrasado à concentração da comitiva. Tendo Aécio à frente, o grupo desceu a rampa do Palácio do Governo - prédio que vai abrigar o gabinete do governador mineiro, com 146 metros de vão livre, considerado o maior vão suspenso do mundo.
Foi quando foram ouvidos os gritos de "Aécio presidente", numa espécie de entrada triunfal do governador. Houve novo coro quando o mineiro preparava-se para discursar.
Aécio fez gestos pedindo que o público encerrasse a manifestação.
"O momento de uma eventual candidatura minha ao posto passou. Não será desta vez."
ANA PAULA SCINOCCA, EUGÊNIA LOPES, EDUARDO KATTAH E CHRISTIANE SAMARCO
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quinta-feira, 4 de março de 2010
Serra diz que é candidato e convida Aécio para ser vice
da Folha Online
Hoje na Folha O governador de São Paulo, José Serra, confirmou à cúpula do PSDB que é candidato à Presidência. O tucano deixou clara a disposição de concorrer em jantar com o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, e em conversas com senadores. Mesmo assim, lideranças do partido receiam que ele recue, informa a reportagem de Catia Seabra e Valdo Cruz, publicada nesta quinta-feira.
Na aproximação com Aécio, nome que Serra quer como vice, o tucano paulista participa hoje da inauguração do novo complexo administrativo de Minas Gerais.
De acordo com a reportagem, Aécio se comprometeu a obter a vitória do PSDB em Minas e defendeu o nome de Tasso Jereissatti (CE) para vice. Horas depois do jantar com Serra, numa conversa com os senadores do partido, repetiu seus argumentos. E apelou: "Por favor, não insistam no meu nome para a vice".
Ontem, em homenagem a Tancredo Neves, Serra criticou a tese da "herança maldita" usada pelo PT contra a gestão Fernando Henrique Cardoso. Disse que o PT se beneficiou do Plano Real, do Proer e da Lei de Responsabilidade Fiscal.
quarta-feira, 3 de março de 2010
Tucanato prioriza agora a ‘unidade’ de São Paulo e Minas
Nani
Pressionado, Serra ‘sinaliza’, enfim, decisão de concorrer
Iniciou formação de comitês para campanha e ‘programa’
Sob atmosfera de campanha, congressistas do PSDB, DEM e PPS recepcionarão em Brasília, nesta quarta (3), as duas principais estrelas da oposição.
Os governadores tucanos José Serra e Aécio Neves serão cortejados em cerimônia organizada no Senado a pretexto de festejar o centenário de Tancredo Neves.
Neto do homenageado, Aécio aceitara o convite sem hesitação. Serra cogitara não dar as caras. Foi convencido a comparecer.
O alto comando do tucanato considerou que não conviria a Serra o desperdício do palco. Instou-o a “desfilar”. De preferência com um modelito de candidato.
Além de espantar as dúvidas quanto à solidez da candidatura presidencial de Serra, o PSDB deseja tonificar a ideia de unidade entre São Paulo e Minas.
Embora ainda acalente o sonho de empurrar Aécio para dentro da chapa de Serra, o tucanato decidiu levar ao freezer a escolha do vice.
Deve-se o congelamento do debate em torno da almejada chapa puro-sangue à resistência de Aécio ‘Mestiço’ Neves.
Ao reafirmar sua decisão de concorrer ao Senado, Aécio provocara uma instantânea e prematura busca de alternativas.
Foi às manchetes o nome de outro grão-tucano: Tasso Jereissati (CE). Abespinhada, a cúpula do DEM avisou que, sem Aécio, a vaga é sua.
Ao esfriar o caldeirão, o PSDB passou fita isolante num fio que, por desencapado, ameaçava produzir curto-circuito em hora imprópria.
Optou-se por adiar a encrenca para abril. Formou-se entre tucanos e ‘demos’ um denso consenso: é hora de empinar a candidatura Serra.
Puxado pelos aliados e acossado pelas pesquisas, Serra começou a retirar sua candidatura do armário.
Concordou, finalmente, em emitir os primeiros sinais palpáveis de que a subida de Dilma Rousseff não arrefeceu suas ambições presidenciais.
Liberou a divulgação de informações sobre o início da montagem de seu comitê de campanha. Surgiram os primeiros nomes.
José Henrique Reis Lobo, eis o primeiro integrante do comando de campanha de Serra. Vem a ser o secretário de Relações Institucionais do governo paulista.
Vai se desligar do cargo na semana que vem. Deve se afastar também do posto de presidente do diretório municipal do PSDB paulistano.
Para não deixar dúvidas quanto às novas atribuições, o PSDB pretende providenciar para Reis Lobo uma sala em Brasília.
Nesta quinta (4), também o presidente do Centro de Estudos e Pesquisas de Administração Municipal, Felipe Sotelo, deixará o cargo para integrar-se à campanha.
De resto, o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), abriu a temporada de convites para compor o grupo que vai elaborar um plano de governo.
A oposição foi arrancada da letargia pelo Datafolha. Assustou-se com a pesquisa que acomodou Dilma a quatro pontos percentuais de Serra.
De Brasília, Serra voará para Belo Horizonte. À noite, dividirá a mesa de jantar com Aécio, que o hospedará no Palácio da Liberdade.
Na quinta (4), hóspede e anfitrião exibirão sua “unidade” em outra solenidade pública: a inauguração da Cidade Administrativa.
Trata-se da nova sede do governo mineiro. Erigida sob Aécio, foi batizada com o nome do avô Tancredo Neves.
Como que desejoso de realçar o perfil “agregador” que seu partido desprezou, Aécio organizou uma pejalança pluripartidária.
Convidada, Dilma declinou. Mas, para desassossego de Serra, o desafeto Ciro Gomes (PSB), que se refere a ele como “o Coiso”, talvez compareça.
Descontados os narizes torcidos, o PSDB espera que a passagem de Serra pelas duas passarelas –a brasiliense e a mineira— lhe dê as feições de candidato indubitável.
Nas próximas semanas, além de completar o comitê eleitoral e o grupo programático, o tucanato vai acelerar a negociação dos palanques estaduais. Tenta-se vencer o atraso.
- Em tempo: Ilustração via blog do Nani.
Escrito por Josias de Souza às 04h41
Pressionado, Serra ‘sinaliza’, enfim, decisão de concorrer
Iniciou formação de comitês para campanha e ‘programa’
Sob atmosfera de campanha, congressistas do PSDB, DEM e PPS recepcionarão em Brasília, nesta quarta (3), as duas principais estrelas da oposição.
Os governadores tucanos José Serra e Aécio Neves serão cortejados em cerimônia organizada no Senado a pretexto de festejar o centenário de Tancredo Neves.
Neto do homenageado, Aécio aceitara o convite sem hesitação. Serra cogitara não dar as caras. Foi convencido a comparecer.
O alto comando do tucanato considerou que não conviria a Serra o desperdício do palco. Instou-o a “desfilar”. De preferência com um modelito de candidato.
Além de espantar as dúvidas quanto à solidez da candidatura presidencial de Serra, o PSDB deseja tonificar a ideia de unidade entre São Paulo e Minas.
Embora ainda acalente o sonho de empurrar Aécio para dentro da chapa de Serra, o tucanato decidiu levar ao freezer a escolha do vice.
Deve-se o congelamento do debate em torno da almejada chapa puro-sangue à resistência de Aécio ‘Mestiço’ Neves.
Ao reafirmar sua decisão de concorrer ao Senado, Aécio provocara uma instantânea e prematura busca de alternativas.
Foi às manchetes o nome de outro grão-tucano: Tasso Jereissati (CE). Abespinhada, a cúpula do DEM avisou que, sem Aécio, a vaga é sua.
Ao esfriar o caldeirão, o PSDB passou fita isolante num fio que, por desencapado, ameaçava produzir curto-circuito em hora imprópria.
Optou-se por adiar a encrenca para abril. Formou-se entre tucanos e ‘demos’ um denso consenso: é hora de empinar a candidatura Serra.
Puxado pelos aliados e acossado pelas pesquisas, Serra começou a retirar sua candidatura do armário.
Concordou, finalmente, em emitir os primeiros sinais palpáveis de que a subida de Dilma Rousseff não arrefeceu suas ambições presidenciais.
Liberou a divulgação de informações sobre o início da montagem de seu comitê de campanha. Surgiram os primeiros nomes.
José Henrique Reis Lobo, eis o primeiro integrante do comando de campanha de Serra. Vem a ser o secretário de Relações Institucionais do governo paulista.
Vai se desligar do cargo na semana que vem. Deve se afastar também do posto de presidente do diretório municipal do PSDB paulistano.
Para não deixar dúvidas quanto às novas atribuições, o PSDB pretende providenciar para Reis Lobo uma sala em Brasília.
Nesta quinta (4), também o presidente do Centro de Estudos e Pesquisas de Administração Municipal, Felipe Sotelo, deixará o cargo para integrar-se à campanha.
De resto, o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), abriu a temporada de convites para compor o grupo que vai elaborar um plano de governo.
A oposição foi arrancada da letargia pelo Datafolha. Assustou-se com a pesquisa que acomodou Dilma a quatro pontos percentuais de Serra.
De Brasília, Serra voará para Belo Horizonte. À noite, dividirá a mesa de jantar com Aécio, que o hospedará no Palácio da Liberdade.
Na quinta (4), hóspede e anfitrião exibirão sua “unidade” em outra solenidade pública: a inauguração da Cidade Administrativa.
Trata-se da nova sede do governo mineiro. Erigida sob Aécio, foi batizada com o nome do avô Tancredo Neves.
Como que desejoso de realçar o perfil “agregador” que seu partido desprezou, Aécio organizou uma pejalança pluripartidária.
Convidada, Dilma declinou. Mas, para desassossego de Serra, o desafeto Ciro Gomes (PSB), que se refere a ele como “o Coiso”, talvez compareça.
Descontados os narizes torcidos, o PSDB espera que a passagem de Serra pelas duas passarelas –a brasiliense e a mineira— lhe dê as feições de candidato indubitável.
Nas próximas semanas, além de completar o comitê eleitoral e o grupo programático, o tucanato vai acelerar a negociação dos palanques estaduais. Tenta-se vencer o atraso.
- Em tempo: Ilustração via blog do Nani.
Escrito por Josias de Souza às 04h41
terça-feira, 2 de março de 2010
Com recusa de Aécio, DEM exigirá indicação do ‘vice’
Inviabilizado o 'Plano Aécio', DEM ameaça 'chutar o balde' se PSDB lhe negar a vice
Aliado do PSDB não se dispõe a ceder a vaga para Tasso
Às voltas com o inferno astral das pesquisas, o PSDB está prestes a empurrar para dentro da não declarada candidatura de José Serra uma encrenca nova.
Arma-se uma confusão em torno da escolha do candidato à vice-presidência na chapa oposicionista. No centro da polêmica, está o tucano Tasso Jereissati (CE).
Na fase em que a “cabeça” da chapa ainda era disputada entre Aécio Neves e José Serra, ficara entendido que caberia ao DEM indicar o vice.
Sentindo-se preterido, Aécio abdicou da disputa em dezembro. Voltou suas baterias para Minas Gerais, de cujas urnas planeja extrair uma cadeira no Senado.
A partir daí, tucanos e ‘demos’ firmaram um pacto não escrito: moveriam as montanhas de Minas para fazer de Aécio o vice de Serra.
Aécio deu de ombros para a pressão. Nem o último Datafolha, que acomodou Dilma Rousseff nos calcanhares de Serra, o fez mudar de idéia.
“Sou mestiço”, disse Aécio nesta segunda (1º), ao reafirmar sua resistência à idealizada chapa “puro-sangue”.
Súbito, o tucanato passou a perscrutar alternativas a Aécio. Para desassossego do DEM, foi ao noticiário o nome do grã-tucano Tasso Jereissati.
Uma tentativa de evitar que o “sangue” da chapa tucana seja contaminado pelo panetone-vírus, um micróbio que levou à cova a seccional do DEM em Brasília.
Ao farejar o cheiro de queimado, a tribo ‘demo’ levou as mãos ao tacape. Avisa, por ora a portas fechadas, que não aceitará a manobra.
Frustrando-se o plano Aécio, o DEM vai exigir o retorno ao acerto original: considera que a posição de vice é sua. E não admite que ninguém tasque.
O blog ouviu, na noite passada, dois políticos da direção nacional do DEM. Ambos disseram que, sem Aécio, ou mistura-se o sangue ou haverá problemas.
Um dos líderes ouvidos pelo repórter pronunciou duas frases singelas:
1. “O tempo de TV do DEM é idêntico ao do PSDB”.
2. “Quem manda na convenção do DEM somos nós, não o PSDB”.
Dito de outro modo: Serra dispõe, hoje, de menos tempo de televisão que Dilma Rousseff, rodeada por uma megacoligação...
...Se for adiante a idéia de trocar Aécio por Tasso, o DEM ameaça tomar outro rumo na convenção do partido, marcada para junho.
Assim, ou PSDB engole as passas do panetone brasiliense ou se arrisca a comparecer à campanha aliado apenas ao PPS e a outras legendas cujo apoio ainda negocia.
Entre elas o mensaleiro PTB de Roberto Jefferson e o PSC de Joaquim Roriz, uma espécie de precursor dos malfeitos que desaguaram em José Roberto Arruda, engolfando-o.
“Problemas todos os partidos têm”, disse um dos líderes do DEM ao repórter. “Nós soubemos lidar com os nossos...”
“...E não vamos admitir ser tratados como aliados de segunda classe. Não somos”.
De resto, a direção do DEM considera um “grave erro” a abertura da caça ao “alazão” alternativo antes de explicar, tintim por tintim, os porquês da recusa de Aécio.
O diabo é que o próprio Aécio, na manifestação feita nesta segunda-feira, levou água para o moinho de Tasso Jereissati –“um bom nome”, ele disse.
De resto, o governador tucano de Minas já elaborou os argumentos que levará à mesa de um jantar que terá com José Serra, nesta quarta (4).
Dirá que serve mais e melhor à causa da oposição se conservar o foco em Minas, o segundo maior colégio eleitoral do país.
Alega que o eleitorado do Estado apreciaria ter um mineiro em quem votar para presidente. A vice, ao contrário, pode soar como prêmio de consolação.
Algo que, no dizer de Aécio, frustraria seus eleitores. E, no limite, tiraria votos da chapa tucana em vez de agregar-lhe força.
Daí sua decisão de concentrar-se na campanha de seu candidato ao governo mineiro, Antonio Anastasia, e na sua própria campanha –ao Senado, não a vice.
Ou seja, a menos que o PSDB consiga produzir o milagre do convencimento, Serra terá de comparecer aos palanques de 2010 ao lado de um vice ‘demo’.
- Em tempo: Ilustração via "Pequeno Dicionário Ilustrado de Expressões Idiomáticas".
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segunda-feira, 1 de março de 2010
Desconhecimento de Dilma é incógnita para o PT (Fernando Rodrigues)
· leia aqui os principais números do Datafolha e também pesquisas de outros institutos
(post extra, nas férias, para analisar o Datafolha)
Dilma Rousseff (PT) subiu e quase empatou com José Serra (PSDB) na pesquisa Datafolha realizada nos dias 24 e 25 de fevereiro. O tucano está com 32% contra 28% da petista.
Um fato porém chama muito a atenção. Enquanto José Serra é o candidato mais conhecido do eleitorado, Dilma continua com metade da taxa do tucano nesse quesito.
O Datafolha pergunta quem conhece os candidatos e estratifica as respostas. No caso de Serra, 33% dos eleitores dizem conhecê-lo “muito bem”. Já Dilma só é conhecida “muito bem” por 17% dos eleitores. A seguir, a tabela com o grau de conhecimento de cada candidato:
O que significa esse ainda baixo grau de conhecimento de Dilma por parte dos eleitores? Primeiro, que a alta da candidata do PT nas pesquisas eleitorais se deu muito por conta do apoio que recebeu do presidente Lula, cuja popularidade bate recorde após recorde. Segundo, que o grande teste para Dilma Rousseff ainda não chegou: virá quando ela ficar mais solta na campanha, vai se expor mais e faltamente será bem conhecida de uma parcela maior do eleitorado. Terceiro, que o fato de ser pouco conhecida agora pode ser bom ou ruim; tudo dependerá do grau de empatia que Dilma conseguirá estabelecer com seus eventuais eleitores.
É evidente que Dilma já demonstrou ser uma candidata competitiva. Mas a solidez das intenções de voto só poderá ser verificada mais adiante, quando ela se apresentar por inteira ao eleitorado. Esse momento ainda deve demorar mais alguns meses para chegar.
Marqueteiros experientes enxergam o seguinte cenário à frente para Dilma e para a sucessão em geral:
1. Dilma subirá mais ainda nas pesquisas, por inércia das ações do governo (um marketing disfarçado e muito bem articulado) e pela inoculação que receberá da popularidade de Lula;
2. Não será surpresa se Dilma passar José Serra logo após sair da Casa Civil;
3. A candidata do PT começara a estabilizar então em seguida, podendo cair um pouco quando ficar sozinha na planície, sem cargo nem propaganda na TV até o início da campanha;
4. A partir daí, tudo dependera do desempenho do programa eleitoral e da capacidade dos dois principais candidatos, Dilma e Serra, de convencerem o eleitor sobre quem é o mais adequado para seguir a “obra” do super bem avaliado Lula;
5. Será uma campanha dura, mas em teoria muito mais fácil para o PT e para Dilma por conta da grande popularidade de Lula e por causa da desarticulação do PSDB nos Estados e da ausência do mineiro Aécio Neves na campanha tucana (a não ser que venha a ser vice de Serra, o que parece altamente improvável.
Feita a análise e a ressalva a respeito do pouco conhecimento do eleitorado sobre Dilma, é necessário dizer que a pesquisa Datafolha teve um resultado excepcional para a o PT e para a candidata petista. Para ter acesso aos dados principais da pesquisa e também aos dados de todos os levantamentos anteriores, clique aqui. Este blog tem a tradição desde o ano 2000 (quando ainda nem existiam blogs) de manter a maior compilação de pesquisas eleitorais para presidente, governador e senador.
No caso dos outros candidatos a presidente, algumas observações:
José Serra (PSDB): a resiliência do tucano é grande, pois ele ainda se mantém à frente de Dilma apesar da gigantesca máquina de propaganda federal a favor da candidata do PT. Mas o casco do navio do PSDB está muito avariado. Basta dizer que Serra é hoje, numericamente, o candidato a presidente com maior rejeição entre os que estão no páreo. Pior: perdeu pontos em todos os cenários e em todas as regiões do país, segundo o Datafolha.
A grande esperança tucana é desconstruir Dilma e provar ao eleitor que Serra seria o melhor nome para ocupar o lugar de Lula. Não é tarefa simples –e a curva do tucano está embicando para baixo.
Ciro Gomes (PSB): não aconteceu. Teve seus 10 minutos de propaganda eleitoral em fevereiro. O efeito foi nulo. Ciro tinha 13% em dezembro. Agora, tem 12%, segundo o Datafolha. No seu partido são poucos os que desejam a manutenção da postulação ao Planalto. Para complicar, está mais do que provado que Ciro tende a não ser necessário para garantir a passagem de Dilma ao segundo turno.
Tudo leva a crer que Ciro não conseguirá ser candidato. Até porque seu partido pode negar-lhe a legenda na convenção de junho (prazo oficial e obrigatório para definição de quem será lançado candidato). Restariam a Ciro três opções. Primeiro, não ser candidato a nada. Segundo, ser candidato ao governo de São Paulo representando os partidos lulistas. Terceiro, ser o candidato a vice-presidente numa chapa com Aécio Neves (PSDB), algo que nos bastidores vem sendo dito com insistente frequência. Mas essa terceira saída parece remota, pois implicaria numa desistência de José Serra –algo aparentemente improvável (mas não impossível) no momento.
Os sinais todos são de que Ciro anda chateado com essa situação. Quem é que depois de ter sido candidato a presidente duas vezes gostaria de saber que não terá mais chance? O hoje deputado do PSB, como se sabe, não é dado a “soft landings”. Fica, então, uma dúvida: o ex-ministro de Lula sairá desse processo calminho ou vai atirar para todos os lados?
Marina Silva (PV): outra que não deslancha. Assim como Ciro, teve seus 10 minutos na TV em fevereiro, mas não saiu do lugar. Tinha 8% em dezembro. Agora, manteve-se com 8%.
O desafio de Marina é desgarrar-se do discurso centrado de maneira excessiva no meio ambiente. Ela tem tentado, mas o eleitor está respondendo com indiferença. Ou seja, há que recalibrar a sua “parlance” política. Pelo menos para terminar a eleição do mesmo tamanho que tem hoje.
Por Fernando Rodrigues
(post extra, nas férias, para analisar o Datafolha)
Dilma Rousseff (PT) subiu e quase empatou com José Serra (PSDB) na pesquisa Datafolha realizada nos dias 24 e 25 de fevereiro. O tucano está com 32% contra 28% da petista.
Um fato porém chama muito a atenção. Enquanto José Serra é o candidato mais conhecido do eleitorado, Dilma continua com metade da taxa do tucano nesse quesito.
O Datafolha pergunta quem conhece os candidatos e estratifica as respostas. No caso de Serra, 33% dos eleitores dizem conhecê-lo “muito bem”. Já Dilma só é conhecida “muito bem” por 17% dos eleitores. A seguir, a tabela com o grau de conhecimento de cada candidato:
O que significa esse ainda baixo grau de conhecimento de Dilma por parte dos eleitores? Primeiro, que a alta da candidata do PT nas pesquisas eleitorais se deu muito por conta do apoio que recebeu do presidente Lula, cuja popularidade bate recorde após recorde. Segundo, que o grande teste para Dilma Rousseff ainda não chegou: virá quando ela ficar mais solta na campanha, vai se expor mais e faltamente será bem conhecida de uma parcela maior do eleitorado. Terceiro, que o fato de ser pouco conhecida agora pode ser bom ou ruim; tudo dependerá do grau de empatia que Dilma conseguirá estabelecer com seus eventuais eleitores.
É evidente que Dilma já demonstrou ser uma candidata competitiva. Mas a solidez das intenções de voto só poderá ser verificada mais adiante, quando ela se apresentar por inteira ao eleitorado. Esse momento ainda deve demorar mais alguns meses para chegar.
Marqueteiros experientes enxergam o seguinte cenário à frente para Dilma e para a sucessão em geral:
1. Dilma subirá mais ainda nas pesquisas, por inércia das ações do governo (um marketing disfarçado e muito bem articulado) e pela inoculação que receberá da popularidade de Lula;
2. Não será surpresa se Dilma passar José Serra logo após sair da Casa Civil;
3. A candidata do PT começara a estabilizar então em seguida, podendo cair um pouco quando ficar sozinha na planície, sem cargo nem propaganda na TV até o início da campanha;
4. A partir daí, tudo dependera do desempenho do programa eleitoral e da capacidade dos dois principais candidatos, Dilma e Serra, de convencerem o eleitor sobre quem é o mais adequado para seguir a “obra” do super bem avaliado Lula;
5. Será uma campanha dura, mas em teoria muito mais fácil para o PT e para Dilma por conta da grande popularidade de Lula e por causa da desarticulação do PSDB nos Estados e da ausência do mineiro Aécio Neves na campanha tucana (a não ser que venha a ser vice de Serra, o que parece altamente improvável.
Feita a análise e a ressalva a respeito do pouco conhecimento do eleitorado sobre Dilma, é necessário dizer que a pesquisa Datafolha teve um resultado excepcional para a o PT e para a candidata petista. Para ter acesso aos dados principais da pesquisa e também aos dados de todos os levantamentos anteriores, clique aqui. Este blog tem a tradição desde o ano 2000 (quando ainda nem existiam blogs) de manter a maior compilação de pesquisas eleitorais para presidente, governador e senador.
No caso dos outros candidatos a presidente, algumas observações:
José Serra (PSDB): a resiliência do tucano é grande, pois ele ainda se mantém à frente de Dilma apesar da gigantesca máquina de propaganda federal a favor da candidata do PT. Mas o casco do navio do PSDB está muito avariado. Basta dizer que Serra é hoje, numericamente, o candidato a presidente com maior rejeição entre os que estão no páreo. Pior: perdeu pontos em todos os cenários e em todas as regiões do país, segundo o Datafolha.
A grande esperança tucana é desconstruir Dilma e provar ao eleitor que Serra seria o melhor nome para ocupar o lugar de Lula. Não é tarefa simples –e a curva do tucano está embicando para baixo.
Ciro Gomes (PSB): não aconteceu. Teve seus 10 minutos de propaganda eleitoral em fevereiro. O efeito foi nulo. Ciro tinha 13% em dezembro. Agora, tem 12%, segundo o Datafolha. No seu partido são poucos os que desejam a manutenção da postulação ao Planalto. Para complicar, está mais do que provado que Ciro tende a não ser necessário para garantir a passagem de Dilma ao segundo turno.
Tudo leva a crer que Ciro não conseguirá ser candidato. Até porque seu partido pode negar-lhe a legenda na convenção de junho (prazo oficial e obrigatório para definição de quem será lançado candidato). Restariam a Ciro três opções. Primeiro, não ser candidato a nada. Segundo, ser candidato ao governo de São Paulo representando os partidos lulistas. Terceiro, ser o candidato a vice-presidente numa chapa com Aécio Neves (PSDB), algo que nos bastidores vem sendo dito com insistente frequência. Mas essa terceira saída parece remota, pois implicaria numa desistência de José Serra –algo aparentemente improvável (mas não impossível) no momento.
Os sinais todos são de que Ciro anda chateado com essa situação. Quem é que depois de ter sido candidato a presidente duas vezes gostaria de saber que não terá mais chance? O hoje deputado do PSB, como se sabe, não é dado a “soft landings”. Fica, então, uma dúvida: o ex-ministro de Lula sairá desse processo calminho ou vai atirar para todos os lados?
Marina Silva (PV): outra que não deslancha. Assim como Ciro, teve seus 10 minutos na TV em fevereiro, mas não saiu do lugar. Tinha 8% em dezembro. Agora, manteve-se com 8%.
O desafio de Marina é desgarrar-se do discurso centrado de maneira excessiva no meio ambiente. Ela tem tentado, mas o eleitor está respondendo com indiferença. Ou seja, há que recalibrar a sua “parlance” política. Pelo menos para terminar a eleição do mesmo tamanho que tem hoje.
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