Dilma explicita sua estratégia: fica, Lula
Presidente mexe no staff pessoal para fortalecer candidatura à reeleição; entrada em cena de Ricardo Berzoini, duas vezes ministro do ex-presidente Lula, desata plano de melhor convivência com o PT e o Congresso; Dilma Rousseff sinaliza que abre núcleo duro para fortalecer defesas à sua gestão; ataques desferidos pela oposição nos últimos dias sobre o alvo da Petrobras não suscitaram comentário do ex-presidente em socorro do governo; apenas um desmentido de frase; relações entre ambos vivem momento de maior eletricidade desde a posse de Dilma; no Senado, ex-ministra Gleisi Hoffmann brilha ao conseguir adiar, ao menos por um dia, instalação da CPI da Petrobras; fôlego para novato no Planalto
1 de Abril de 2014 às 20:55
¶ 247 – A presidente Dilma Rousseff deixou claro com a posse do novo ministro das Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, que não tem problemas, a esta altura do mandato, em acrescentar ao núcleo duro do governo um deputado petista identificado com a antiga corrente sindical da legenda, de amplo trânsito nas bancadas do partido no Congresso e, especialmente, diálogo sereno com o ex-presidente Lula. Dilma, afinal, quer que tudo fique como está em termos de sucessão presidencial dentro do PT.
Com Berzoini, que rapidamente deverá se tornar o canal mais forte de interlocução política com o Palácio do Planalto – até porque o chefe da Casa Civil Aloízio Mercadante está mergulhado em discrição, como anunciara --, a presidente deixa aberta uma porta para a entrada de reivindicações. Tanto vindas do PT como de outras legendas. Mas em troca parece dizer que vai exigir lealdade ao plano traçado previamente de que ela é a candidata do partido à reeleição – e também do ex-presidente Lula.
Os sobressaltos da pesquisa Ibope com uma queda de sete pontos na popularidade do governo e a razzia da oposição na formação de uma CPI da Petrobras, sentidos desde a semana passada, corresponderam a uma resposta rápida do governo. O nome dessa resposta é Berzoini.
No Congresso, Dilma já sentiu os benefícios de ter uma defesa atenta. Depois que o líder na Câmara Vicentinho lançou a ideia de uma CPI do Metrô para fazer frente à investigação sobre a Petrobras, nesta terça-feira 1 a senadora Glesi Hoffmann brilhou mais uma vez ao conseguir o adiamento por um dia da decisão do presidente da Casa, Renan Calheiros, sobre a CPI da Petrobras. De Berzoini a presidente espera a montagem de esquemas que previnam desastres como esse.
Diante de Lula, o papel de Berzoini será igualmente estratégico. Dilma e o ex-presidente, é claro, não precisam de intermediários para se falarem e trocarem reflexões. Porém, a posição de Dilma sobre a compra da refinaria de Pasadena, pela Petrobras, em 2006, não foi, digamos, considerada a melhor por Lula.
O ex-presidente desmentiu a autoria da frase de que a presidente dera um tiro no pé, mas mais não fez. Ainda não houve manifestação de Lula em apoio a Dilma nesse episódio. O ex-presidente não desmentiu, porém, outra frase atribuída a ele, a de que estaria "pronto", mas não iria magoar a presidente. Um referência clara à situação de que se julga melhor candidato do que ela para manter o poder com o PT.
Na gangorra das semanas, em que fatos a favor e contra o governo se sucedem, o tema chamado de 'volta, Lula' já frequenta as melhores colunas de informação política. No PT, o assunto é proibido. E até agora não houve um cristão que aparecesse para dizer que o candidato do partido deva ser ele – e não Dilma. Por via das dúvidas, a presidente, com a mexida conciliatória no cerne do governo, estaria a dizer: fica, Lula.
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