domingo, 30 de agosto de 2009

Reconhecida na área ambiental, Marina Silva gera discussão com postura conservadora

Claudia Andrade e Piero Locatelli
Do UOL Notícias
Em Brasília
A provável candidatura da senadora Marina Silva (AC) à Presidência da República pelo PV já mexe com os ânimos de diversos setores da sociedade. Conhecida principalmente por sua atuação na área do meio ambiente - visto por muitos como o tema a ser debatido na atualidade -, a ex-ministra tem uma postura conservadora em relação a outros temas, como a descriminalização do aborto.
  • Ana Marques/Folha Imagem

    Conhecida principalmente por sua atuação na área do meio ambiente, a ex-ministra tem uma postura conservadora em relação a outros temas, como a descriminalização do aborto


Ruralistas e ambientalistas têm posições claras sobre a candidatura de Marina Silva. Já os setores católico e feminista ainda evitam analisar o cenário político do próximo ano com a participação da senadora.

O PV é favorável a descriminalização do aborto, ao contrário de Marina. A solução para a incompatibilidade foi a criação do que os dirigentes do partido chamaram de "cláusula de consciência": Marina deve se omitir da questão se assim desejar.

Para organizações feministas, o tema não deve ficar fora da pauta de debates no próximo ano. "Não podemos nos esquivar desse tema. O tema da ilegalidade do aborto no Brasil merece um debate sério e aprofundado, sem influência de julgamentos morais e religiosos", disse Patrícia Rangel, assessora técnica do Cfemea (Centro Feminista de Estudos e Assessoria).

"Sabemos que o tema ainda desperta polêmica e infla os ânimos, mas esperamos que todos os candidatos - o que, claro, inclui Marina Silva - promovam um debate sério. Esperamos que o debate saia do âmbito da polêmica gratuita e das discussões religiosas, e seja colocado no campo dos direitos das mulheres e da saúde pública", afirmou Valéria Melki, da entidade feminista "Católicas pelo direito de decidir".

Marina Silva queria ser freira em sua adolescência e militou nas Comunidades Eclesiais de Base, ligadas à Teologia da Libertação. Mais tarde, abandonou a "esquerda católica" e tornou-se evangélica da Assembleia de Deus.

O vereador fluminense Alfredo Sirkis, um dos fundadores do PV, diz que a religião não influirá nas propostas da possível candidata. As organizações feministas têm a mesma expectativa.

"A Marina Silva e os demais candidatos devem, na esfera pública, legislar para garantir a saúde e os direitos humanos das mulheres, incluindo direitos sexuais e reprodutivos. Em sua vida privada, cada um pode mover-se pela sua crença e seus valores pessoais, mas no âmbito público, não", analisou Valéria Melki.

Marina Silva tomou a decisão certa ao sair do PT?


Procuradas, as entidades católicas CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e CPT (Comissão Pastoral da Terra) não quiseram dar declarações sobre a possível candidatura da senadora.

Meio Ambiente
Sobre o setor em que Marina Silva é mais atuante, o meio ambiente, a única convergência entre ruralistas e ambientalistas é que sua candidatura será importante para colocar o assunto em pauta. A partir daí, contudo, as opiniões de ambos são antagônicas.

"Eu acho importante a possível candidatura da Marina. Ela vai trazer para pauta o ambientalismo radical. Aquele que não tem diálogo, que é ditadura pura e que é comandado pelas ONGs estrangeiras", ironiza o deputado Valdir Colatto (PMDB-SC), líder da bancada ruralista na Câmara dos Deputados.

Segundo Colatto, a discussão sobre a posição "radical" da ex-ministra do Meio Ambiente daria mais destaque ao trabalho do setor agropecuário.

Já o diretor de política ambiental da ONG Conservação Internacional, Paulo Prado, diz que a candidatura de Marina seria uma oportunidade de debater a sustentabilidade. "Nunca vi a Marina falar contra o desenvolvimento. O Brasil quer desenvolvimento e ela quer desenvolvimento sustentável".

Para Prado, no entanto, a filiação da senadora ao PV é uma oportunidade melhor para o partido do que para a possível candidata. "O PV é um enigma e ainda não disse ao que veio. Não tem coerência programática. O pouco que é conhecido de sua bandeira é confuso".

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Quem sou eu

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Médico Clínico e Sanitarista - Doutor em Saúde Pública - Coronel Reformado do Quadro de Dentistas do Exército. Autor dos livros "Sistemismo Ecológico Cibernético", "Sistemas, Ambiente e Mecanismos de Controle" e da Tese de Livre-Docência: "Profilaxia dos Acidentes de Trânsito" - Professor Adjunto IV da Faculdade de Medicina (UFF) - Disciplinas: Epidemiologia, Saúde Comunitária e Sistemas de Saúde. Professor Titular de Metodologia da Pesquisa Científica - Fundação Educacional Serra dos Órgãos (FESO). Presidete do Diretório Acadêmico da Faculdade Fluminense de Odontologia. Fundador do PDT, ao lado de Leonel Brizola, Darcy Ribeiro, Carlos Lupi, Wilson Fadul, Maria José Latgé, Eduardo Azeredo Costa, Alceu Colares, Trajano Ribeiro, Eduardo Chuy, Rosalda Paim e outros. Ex-Membro do Diretório Regional do PDT/RJ. Fundador do Movimento Verde do PDT/RJ. Foi Diretor-Geral do Departamento Geral de Higiene e Vigilância Sanitária, da Secretaria de Estado de Saúde e Higiene/RJ, durante todo o primeiro mandato do Governador Brizola.