sábado, 17 de abril de 2010

Serra mantém dianteira sobre Dilma, diz Datafolha

da Folha Online

Pesquisa Datafolha mostra José Serra (PSDB) com 38% das intenções de voto ante 28% de Dilma Rousseff (PT). É a primeira enquete após o lançamento da candidatura tucana, no sábado passado. No fim de março, Serra e Dilma tinham, respectivamente, 36% e 27%.

Pela primeira vez Ciro Gomes (PSB) aparece numericamente atrás de Marina Silva (PV), embora do ponto de vista estatístico ambos estejam empatados.

Veja a pesquisa completa na edição deste sábado da Folha (íntegra disponível somente para assinantes do jornal ou do UOL).

A pesquisa, registrada sob o número 8.383/2010, foi realizada nos dias 15 e 16 de abril.A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

PMDB lança Temer para vice de Dilma em 15 de maio


Roosewelt Pinheiro/ABr
O PMDB marcou para o dia 15 de maio um congresso partidário. Será em Brasília. Vai servir para aprovar a indicação de Michel Temer para vice de Dilma Rousseff.



Uma forma de abreviar decisão a ser tomada em junho, mês em que se realizará a convenção que vai referendar a coligação com o PT federal.



A notícia foi celebrada pela cúpula do PT. Veio, porém, acompanhada de uma condição.



Exige-se que o PT-MG apóie a candidatura do pemedebê Hélio Costa ao governo de Minas. Fixou-se um prazo para o acordo: 10 de maio.



Oito dias antes, em 2 de maio, o PT mineiro realiza prévias. Vai escolher o seu próprio candidato. Disputam Fernando Pimentel e Patrus Ananias.



Em acerto com a direção do PMDB, o PT federal combinou que o vencedor de sua contenda vai à mesa de negociação com Hélio Costa.



Participarão da conversa os mandanchuvas nacionais das duas legendas: Temer, pelo PMDB; e José Eduardo Dutra, pelo PT.



Empurrado por Lula, o petismo nacional parece propenso a abrir caminho para Hélio Costa. O PT de Minas, nem tanto.



A mágica da concórdia terá de ser operada em duas semanas. Cogita-se oferecer ao petista que vencer as prévias a vaga de senador na chapa do PMDB.



Reavivou-se a perspectiva de que Dilma Rousseff tenha um palanque único em Minas Gerais, o segundo maior colégio eleitoral do país.



De resto, para se recompor com o PMDB, o PT vai abrir espaço no comitê de campanha de Dilma para três representantes do PMDB.


Escrito por Josias de Souza às 22h20

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Dilma: ‘A biografia de Serra passa pelo governo FHC’


José Cruz/ABr
Num instante em que José Serra diz que o tema da eleição será “o futuro, não o passado”, Dilma Rousseff insiste em buscar o rival no retrovisor:



"O que ele foi? Ele não pode dizer que a biografia dele não passa pelo governo FHC...”



“...A minha biografia é o governo Lula. Eu carreguei o piano nesses cinco anos [na Casa Civil], eles não podem me tirar isso".



Dilma falou aos repórteres Valdo Cruz e Maria Cristina Frias. Duas horas de conversa. Tratou-se sobretudo de economia.



Vão abaixo os principais trechos, disponível na Folha.



O signatário do blog contrapôs as ideias de Dilma às de Serra, já explicitadas em discursos e entrevistas.





- Política Econômica: Atenta às dúvidas que o mercado levanta sobre suas posições, Dilma diz que manterá o tripé que combina metas de inflação, câmbio flutuante e rigor fiscal. "É mais do que compromisso", ela declara. "Por que eu iria abandonar? O que eu ganharia com isso? Vou manter as bases da nossa estabilidade". O rival dela, José Serra, também declara que vai manter o tripé. Mas diz que o modo como o governo gere a coisa toda não é o mais adequado. Sugere que fará diferente.


- Juros altos: Dilma diz que ambiciona a redução dos juros. Mas avisa que não se deve esperar dela nenhuma tentativa de "dar um golpe de forma artificial nos juros". Por quê? “Você não pode sair por aí reduzindo os juros feito maluco". Uma estocada em Serra, crítico feroz da política monetária gerida pelo presidente do BC, o ex-tucano Henrique Meirelles.

Noutros tempos, Dilma também torcia o nariz para a estratégia de Meirelles. Agora, diz que a redução, se for “artificial”, "não é sustentável".

- Autonomia do BC: Dilma diz que, eleita, não planeja alterar o modelo de autonomia informal adotado no governo Lula. "Acho que a lei que existe hoje é muito boa. Não pretendo passar nenhuma lei [sobre autonomia do BC], não vejo por quê. A que existe hoje é perfeita". Nesse ponto, Serra ostenta posição idêntica.



- Pós-Meirelles: Perguntou-se à candidata quem será o substituto de Henrique Meirelles num eventual governo Dilma. E ela: "Isso, de ficar sentando na cadeira antes, ficar escolhendo nomes antes, não dá sorte".

- Câmbio: Dilma informa que, ainda sob Lula, serão trazidas à luz novidades nessa área. Serão ajustes destinados a reduzir o custo da produção de manufaturados. "Mesmo sabendo que o que puxa a economia brasileira é o mercado interno, nós vamos ter de dar uma força imensa na ampliação das exportações, dar prioridade para os manufaturados". Para Serra, o câmbio é, hoje, um dos grandes problemas da gestão econômica. Ele acha que o Real está sobrevalorizado.

- Estímulo às fusões: Dilma sai em defesa da política adotada sob Lula, que permite ao BNDES injetar verbas públicas em operações de fusão de grandes empresas nacionais. Coisa ocorrida, por exemplo, na compra da Brasil Telecom pela Oi. "Não inventamos ninguém, fundiram-se aqueles que tinham envergadura para isso", ela declara. “Se você me pergunta se foi bom, eu digo que, na área de petroquímica, ou ganhamos escala ou não competimos internacionalmente". Discorre sobre outros setores: "Em celulose, tem de ter escala. No de carnes, é bom que tenha escala. Na telefonia, também". Nessa matéria, Serra pensa, de novo, de maneira diversa. Não se opõe às fusões que resultam na formação de grandes empresas nacionais. Mas discorda que o BNDES entre com dinheiro.

- Serra pode fazer melhor? Dilma responde à interrogação, tônica do discurso do tucanato, com um repto: "Vou dizer o seguinte: convence. Convence os empresários, os prefeitos. Sabe qual a diferença? Nós fizemos, eles [empresários] sabem que nós fizemos, e sabem das dificuldades que enfrentamos".

- Reforma tributária: Dilma informa que pretende tratar do tema na campanha. Mas não parece levar fé. Pondera: Os "empresários sabem da dificuldade de se fazer reforma tributária no Brasil por conta da questão federativa".

E quanto à desoneração da folha de pagamentos. Após alguma hesitação, ela soa peremptória: “É fundamental, temos de caminhar para isso, temos de buscar a desoneração, é uma distorção que temos.

Agora não é coisa simples de fazer. É o bom senso". Serra tangenciou o tema no discurso de lançamento de sua candidatura, no sábado (10). Não desceu a detalhes. Mas insinuou que não há espaço para aumento de tributos.



Escrito por Josias de Souza às 06h28

domingo, 11 de abril de 2010

Campanha do PSDB quer mostrar que desenvolvimento atual é herança tucana


Camila Campanerut
UOL Notícias
Em Brasília

* O ex-governador de SP José Serra ao lado do ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso no lançamento de sua pré-candidatura.

“Quero ser o presidente da União. O Brasil pode mais, conquistará mais”, encerrou emocionado o pré-candidato do PSDB ao Palácio do Planalto para as eleições de outubro, o ex-governador de São Paulo José Serra.

“Com o Plano Real, o Brasil transformou sua economia a favor do povo, controlou a inflação, melhorou a renda e a vida dos mais pobres, inaugurou uma nova era no Brasil.

Também conquistamos a responsabilidade fiscal dos governos (...). E nós somos militantes dessa transformação, protagonistas mesmo, contribuímos para essa história de progresso e de avanços do nosso país. Nós podemos nos orgulhar disso”, destacou Serra em seu discurso em evento que, mobilizou mais de 2.000 pessoas em Brasília na manhã deste sábado(10).

O encontro apresentou o tom da campanha do pré-candidato e contou com a presença e os discursos dos seus principais aliados DEM, PPS e ainda algumas personalidades do PMDB.

Quem também reforçou a idéia de que a atual "bonança" do país é herança tucana foi o ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves. "Quero reconhecer virtudes no presidente Lula, uma acima de todas as outras, é que ele manteve absolutamente inalterada a política econômica do governo FHC, disparou.

Último a subir ao palco, Aécio foi ovacionado pelo público que o chamou de "vice". O mineiro disse que deixou de lado sua pretensão em sair candidato como à presidência pelo partido e que dará todo apoio a Serra durante a corrida eleitoral.

No entanto, persiste a indefinição para o cargo de vice, que será avaliado pelo partido e aliados, que como o DEM, abriria mão do cargo em prol de Aécio.

“O Brasil não foi descoberto em 2003, como quer fazer acreditar a candidata petista”, afirmou o presidente nacional do DEM, o deputado federal Rodrigo Maia, que também defendeu que o governo federal está usando recursos públicos para a “fabricação de uma candidata” e que o PT “é conivente com a corrupção”, que ocorre no país.

A defesa da ética também foi a base da maioria das falas do encontro; “Quanto mais mentiras os adversários falarem sobre nós, mais verdades falaremos sobre eles”, desafiou Serra.

“O Brasil não tem dono. O Brasil pertence aos brasileiros que trabalham; aos brasileiros que estudam; aos brasileiros que querem subir na vida; aos brasileiros que acreditam no esforço; aos brasileiros que não se deixam corromper; aos brasileiros que não toleram os malfeitos; aos brasileiros que não dispõem de uma 'boquinha'; aos brasileiros que exigem ética na vida pública porque são decentes; aos brasileiros que não contam com um partido ou com alguma maracutaia para subir na vida”, disse o pré-candidato, que deu destaque ao mérito para conquistas em referência à indicação e inchaço de órgãos públicos.

Atrasado em quase duas horas, o evento teve como mestre de cerimônias a modelo Ana Hickmann, que tentou acalmar o público que, no início da solenidade, invadiu o palco lado a lado com grandes figurões da oposição.

“As nossas expectativas eram outras, muito mais modestas. A estrutura que nós montamos foi quebrada. Perdoem, então, por eventuais desacertos, fizemos o que estava em nossa altura”, justificou o senador pernambucano, Sérgio Guerra, que também coordena a campanha de Serra.

Diferentemente do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, a convicção de Guerra é de que esta será uma disputa bastante difícil. “Não tem essa história de São Paulo contra o Brasil nem contra o Nordeste. Não tem isso no nosso povo. O povo não reconhece isso e nem dá importância para isso”, avaliou o parlamentar tucano.

sábado, 10 de abril de 2010

PT faz ato com Lula e Dilma para rivalizar com evento tucano

da Folha Online

A pré-candidata do PT ao Planalto, Dilma Rousseff, e o presidente Lula participam hoje de um evento promovido por centrais sindicais em São Bernardo do Campo (SP). O ato, um debate sobre emprego e qualificação profissional, será a forma de o PT fazer frente ao lançamento hoje, em Brasília, da pré-candidatura de José Serra (PSDB) à Presidência.

Repórteres da Folha contam bastidores das campanhas e viagens de Dilma e Marina

A rivalidade inclui a internet: enquanto o ato tucano terá comentários ao vivo via Twitter, transmitidos em um telão, o PT dará a chance a internautas de fazerem perguntas ao vivo. Ontem, Dilma negou que a agenda seja para contrapor o lançamento de Serra.

A jornalistas ela voltou a comentar a polêmica afirmação sobre o eleitorado mineiro votar nela para presidente e no candidato tucano ao governo, Antonio Anastasia. Disse que respeita um possível movimento "Dilmasia" e que não será autoritária a ponto de dizer o que o eleitor deve ou não fazer.

No começo da semana, em Belo Horizonte, Dilma não só elogiou o ex-governador Aécio Neves como defendeu a chapa "Dilmasia" ou "Anastadilma".

As declarações irritaram o PMDB e o PT de Minas, que estão em negociação para uma chapa de oposição ao PSDB. "O fato é que eu respeito o que o eleitor fizer, ninguém pode ser autoritário a ponto de falar: "Eu não respeito o que o eleitor quer fazer". Faça o eleitor o que quiser", disse Dilma, ressaltando, entretanto, que sua manifestação em Minas foi tirada do contexto -o de que ela defende uma candidatura unificada PMDB-PT.

Dilma disse ainda que não pretende fazer um apelo para que Ciro Gomes (PSB) desista de sua pré-candidatura à Presidência. Ela visitará o Ceará no início da semana que vem. Dilma falou depois de ter se encontrado com o presidente do Chile, Sebastián Piñera, na Embaixada do Chile.

Ao meio-dia, em entrevista à Rádio Capital AM, de São Paulo, a pré-candidata afirmou que a eleição será difícil, mas que seu partido nunca esteve "tão preparado e amadurecido". Sobre Lula, disse querer "que ele tenha essa presença bendita de conselheiro" caso seja eleita.

Dilma afirmou ainda que vai continuar comparando o governo Lula com o de seu antecessor. "Eu vou fingir que não participei do governo Lula porque os outros têm vergonha de ter participado do governo Fernando Henrique?", disse.

Colaborou DANIEL RONCAGLIA, da Reportagem Local

sexta-feira, 9 de abril de 2010

DEM e PPS tentam inflar festa de lançamento de Serra


Partidos mobilizam militantes para prestigiarem evento em Brasília no sábado
Thiago Faria, do R7


DivulgaçãoFoto por Divulgação
O Centro de Eventos Brasil 21, em Brasília, foi o local escolhido
pelo PSDB para lançar a pré-candidatura de Serra amanhã

Mais do que o lançamento da pré-candidatura de José Serra (PSDB) à Presidência, a oposição tem neste sábado (10) o primeiro grande ato da campanha eleitoral. Prova disso é que tanto o DEM quanto o PPS tentam mobilizar o maior número de militantes para inflar a festa de lançamento do tucano.

A expectativa dos organizadores é reunir cerca de 2.000 pessoas em um centro de convenções em Brasília. O PPS garante pelo menos 500 militantes do partido, incluindo deputados federais, estaduais e líderes da sigla de todo o país.

O DEM também promete não decepcionar. O partido colocou um vídeo em seu site na quinta-feira (9) convocando seus correligionários a participarem do evento em Brasília. Além do presidente do DEM, Rodrigo Maia, o presidente tucano, Sérgio Guerra, e o presidente do PPS, Roberto Freire, fazem a convocação.

O líder do DEM na Câmara, Paulo Bornhausen (SC), prefere não estimar qual será a contribuição do partido em números.

- Não vamos arriscar números, até porque não vamos uniformizar ninguém. O DEM tem um grande poder de mobilização e vamos poder levar muita gente.

De acordo com o cronograma do evento, previsto para começar às 9h, Serra deve fazer seu discurso de saudação a partir do meio-dia. Antes dele, devem falar os presidentes do PPS e do DEM, além do ex-governador Aécio Neves e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Os discursos serão transmitidos ao vivo pela internet.

terça-feira, 6 de abril de 2010

No Twitter, Serra invoca imperador romano e diz que "sorte está lançada"

ANA FLOR
da Folha de S.Paulo

Comedido ao falar publicamente sobre os detalhes da decisão de deixar o governo de São Paulo para concorrer à Presidência da República, o pré-candidato José Serra (PSDB) soltou o verbo no Twitter nos últimos dias.

No microblog, o ex-governador comentou a saída do cargo com seguidores. "Quase toda a minha vida foi feita de incertezas e acasos. A sensação é de "alea jacta est" [em latim, a sorte está lançada]... e seja o que Deus quiser", publicou, às 3h25 de sábado.

A frase é atribuída ao imperador romano Júlio César ao tomar uma de suas decisões mais difíceis, a de iniciar uma guerra para tomar o poder.

Em outro comentário, publicado às 2h10 de 1º de abril, o ex-governador respondeu a um seguidor: "Há batalhas que a gente escolhe, mas há outras que nos escolhem". Logo em seguida, citou um antigo ditado: "Quando o discípulo está pronto, o mestre aparece".

Com observações postadas quase sempre de madrugada, o tucano vem utilizando o Twitter para comentar sua agenda e indicar livros, filmes e músicas. Nos últimos dias, já fora do governo, aproveitou para prestar contas e relatar ações de sua gestão.

Na madrugada de domingo, Serra escreveu que tirou o final de semana para "reorganizar a vida e voltar para casa". Citou uma expressão que ouviu de um amigo: "Ótima pra esses momentos: freio de arrumação = hora de parar tudo e acertar as coisas".

Serra é o pré-candidato ao Planalto mais ativo no Twitter. Até ontem, seus seguidores chegavam a 187.589.

Marina Silva (PV) também passou a fazer comentários diários no microblog. Tem 14.390 seguidores. Ciro Gomes (PSB), com 9.716 seguidores, é menos ativo. Seu último comentário, até ontem, era de 22 de março.

Dos principais candidatos ao Planalto, só a petista Dilma Rousseff ainda não tem perfil oficial no Twitter, apesar daqueles alimentados por simpatizantes e por opositores. Sua assessoria afirma que as primeiras "tuitadas" acontecerão ainda em abril.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Dilma: como ministro, José Serra ‘planejou’ o apagão


Debate sobre a questão ética ‘é muito bom para a gente’

‘Se teve um governo que levantou o tapete, foi o nosso’

‘Principais descobertas envolvem os governos anteriores’

‘Serra foi ministro do Planejamento. Planejou o quê, hein?’



Sérgio Lima/Folha
Em sua primeira entrevista como ex-ministra, a candidata Dilma Rousseff começou a exibir as garras.



Ela falou ao repórter Leonencio Nossa, que a abordou ao final de uma de suas caminhadas matinais às margens do Lago Paranoá.



Acompanhada apenas de Nego, o cão labrador que herdou de José Dirceu, Dilma falou de bate-pronto.



Questionada sobre as referências éticas que permearam o discurso de despedida do rival José Serra do governo de São Paulo, Dilma disse:



“Esse debate é muito bom para a gente. Pode olhar tudo o que foi feito. Nunca se esqueça que foi a CGU quem descobriu a máfia dos sanguessugas”.



Esquivou-se de mencionar A menção à quadrilha do sangue não foi gratuita. Deflagrada pela PF sob Lula, em 2006, a Operação Sanguessuga iluminou um malfeito iniciado em 2001.



Justamente o período em que Serra respondia pela pasta da Saúde. A patifaria sobreviveu a Lula. Mas Dilma não se animou a entrar em tantos detalhes.



Ao deixar o governo, Serra dissera: "Aqui não se cultiva escândalos, malfeitos, roubalheira. [...] Nunca incentivamos o silêncio da cumplicidade e da conivência com o malfeito".



Referia-se, sobretudo, ao mensalão. Um escândalo que sacudiu o governo Lula em 2005 e roubou do PT o que lhe restava de presunção moral.



Sem citar o caso em sua entrevista, Dilma não se deu por achada:



“Se teve um governo que levantou o tapete, foi o governo Lula. [...] Estava vendo, outro dia, levantamento da CGU...”



“...Mostra que as principais descobertas e investigações neste governo foram de casos que ocorreram em governos anteriores”.



Contra a tática do plebiscito –era FHC X ciclo Lula—, Serra tem declarado que prefere contrapor sua biografia à de Dilma.



A candidata petê como que serviu um aperitivo do antídoto que pretende usar para imunizar-se do veneno do rival.



Disse que, sob FHC, Serra não foi apenas ministro da Saúde. Foi também titular da pasta do Planejamento.



Perguntou: “Planejou o quê, hein? Ali, se gestou sabe o quê? O apagão”. Apressou-se em diferenciar a treva tucana do blecaute que desligou da tomada 18 Estados, no ano passado:



“O apagão que eu falo é o racionamento. Porque o pessoal usa um pelo outro. Racionamento é ficar oito meses sem energia”.



Vão abaixo as principais declarações da candidata de Lula:



- A Educação: Ele [Lula] construiu um alicerce. Vamos ter que aumentar ainda mais os investimentos. Não vou dizer porcentual porque não sou doida, mas dá para aumentar progressivamente os investimentos. Não podemos esquecer que teremos recursos da exploração do pré-sal.



- A Saúde: Não tivemos na saúde, nos últimos 30 anos, um momento tão propício, como agora. Demos um grande salto quando estruturamos o SUS, ninguém pode negar. [...] Uma pessoa ficava em filas e filas. Isso não foi resolvido por ninguém. Acho que o grande passo foi dado com as UPAs, as Unidades de Pronto Atendimento, que garantem atenção 24 horas por dia e impedem que a fila se dê no hospital, transfere o atendimento de urgência e emergência para essas unidades...



- A realidade da Saúde é outra, não? Acho que vamos mudar esta realidade. O pessoal tem toda a razão quando se queixa. Não tinha fila no INSS? Nós não falamos que íamos acabar? Acabamos. Vamos mudar a situação da saúde.



- Serra e a ética: Esse debate é muito bom para a gente. [...] Nunca se esqueça que foi a CGU quem descobriu a máfia dos sanguessugas. Tudo foi feito pela CGU, combinado com a PF. Se teve um governo que levantou o tapete, foi o governo Lula. Antes não apareciam denúncias, porque ficavam debaixo do tapete, ninguém apurava. [...] Levantamento da CGU mostra que as principais descobertas e investigações neste governo foram de casos que ocorreram em governos anteriores. A apuração das denúncias levantadas pela Operação Castelo de Areia é um caso [Esse inquérito envolve também obras do PAC, entre elas a Refinaria Abreu e Lima] Acabamos com a figura do engavetador-geral [referência ao ex-procurador-geral da República Geraldo Brindeiro, nomeado por FHC]. Onde está o engavetador? A União não engaveta mais nada. Nos sentimos muito à vontade em fazer essa discussão.



- A biografia do adversário: O Serra que me desculpe, mas ele não foi só ministro da Saúde. Foi ministro do Planejamento. Planejou o quê, hein? Ali, se gestou sabe o quê? O apagão. O apagão que eu falo é o racionamento. Porque o pessoal usa um pelo outro. Racionamento é ficar oito meses sem energia.



- Ciro Gomes: Tenho uma relação muito forte com Ciro. Por conta do fato de termos sido ministros no primeiro mandato do presidente Lula. Foi uma época muito difícil, havia muita tensão, muitas acusações. O Ciro foi um companheiro inestimável. Ele pensa semelhante a todo o projeto do governo. Agora, o que ele vai fazer só ele pode dizer...



- A abertura dos arquivos da ditadura: Não tem revanchismo em relação à memória. Fizemos todas as tratativas na Casa Civil, quando mandamos ofícios a todos os órgãos arquivistas existentes na República. Pedimos que entregassem os arquivos. Foi dito que tinham sido queimados. Então, que se apresentassem as provas. A Aeronáutica entregou a parte do arquivo. As demais Forças disseram que não existem arquivos. O que pudemos fazer, nós fizemos.



- Se eleita, vai abrir o arquivo da inteligência do Exército? O Brasil está bastante aberto. Depende do que vai ocorrer daqui para frente. O aperfeiçoamento da democracia não é uma coisa que se faz de uma vez por todas. Faz a cada dia. É um processo de consulta a pessoas.



- As Forças Armadas: O Plano de Defesa que fizemos foi uma das melhores coisas do governo Lula. Um país deste tamanho tem de aparelhar e valorizar as suas Forças Armadas, tem de ter uma estratégia de defesa. É preciso estar presente na nossa imensa costa, até porque temos a questão do pré-sal, e daí a importância dos submarinos.



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Escrito por Josias de Souza às 06h07

sábado, 3 de abril de 2010

Lula se dá por vencido e Temer será o ‘vice’ de Dilma


Lula Marques/Folha
Está pavimentado o caminho que levará o deputado Michel Temer à posição de candidato a vice-presidente na chapa de Dilma Rousseff.



Em diálogo que manteve com um dirigente do PT, Lula disse que desistiu de “dar murro em ponta de faca”.



Patrono do projeto Dilma-2010, Lula torcia o nariz para Temer. Buscava alternativas. A principal era Henrique Meirelles, presidente do BC.



Lula desistiu de esmurrar a faca, segundo disse, porque Temer “fechou o PMDB”. Daí ter pedido a Meirelles que ficasse no BC.



Concluiu que, levada às últimas consequências, a resistência a Temer poderia comprometer “o essencial”.



E o que é “o essencial”? O apoio formal do PMDB a Dilma, com a cessão do tempo de televisão do partido à candidata.



Para ser oficial, a adesão precisa ser formalizada em convenção. E o grupo de Temer controla a grossa maioria dos votos.



O deputado “fechou o PMDB”, na expressão de Lula, em fevereiro, mês em que foi reconduzido à presidência do partido.



Temer reteve a cadeira, que ocupa desde 2001, em costura que envolveu os protolulistas José Sarney e Renan Calheiros.



De quebra, isolou o pedaço do PMDB que pende para o presidenciável José Serra, do PSDB. E fulminou a quimera da candidatura própria.



Também o PT rendeu-se a Temer. Ouvido pelo repórter, uma liderança do partido disse que o futuro vice não renderá votos a Dilma. Porém...



Porém, vai entregar à candidata um tempo de TV que, somado ao dos outros partidos da coligação, resultará na maior vitrine eletrônica da campanha.



Estimou que Dilma terá à sua disposição algo como 45% de todo o espaço televisivo a ser partilhado entre os candidatos à sucessão de Lula.



Num exercício retórico, o grão-petê explicou que, num cenário de disputa apertada, a televisão é tão importante para Dilma quanto o ar que a candidata respira.



Disse que, menos conhecida que o rival Serra, Dilma usará metade do tempo para se apresentar ao eleitor. A outra metade servirá para vinculá-la à gestão Lula.



Trabalha-se com a seguinte equação: Dilma + Lula x Continuidade = Favoritismo. Meirelles injetava na conta uma variável que poderia conspurcar o resultado.



Esta será a segunda vez que Temer vai às urnas como candidato a um cargo executivo. A primeira tentativa resultou em fiasco.



Deu-se em 2004, na eleição para prefeito de São Paulo, vencida por José Serra. Temer foi à disputa como vice de Luiza Erundina (PSB).



A dupla beliscou escassos 4% dos votos dos paulistanos. Amargou um constrangedor quarto lugar.



Deputado desde 1987 –primeiro como suplente, titular a partir de 1995— Temer receberia em 2006 um, por assim dizer, recado do eleitor.



Tomado pelo número de votos que obteve (99.046), Temer não teria sido devolvido à Câmara. Serviu-se, na bacia das almas, das sobras do quociente eleitoral.



Chegou ao Congresso com uma estatura menor que a exibida em 2002, quando amealhara sua melhor marca: 252.229 votos.



Naquele ano, graças às articulações do grupo de Temer, o PMDB entregara seu tempo de TV ao tucano José Serra.



O partido plantara na chapa de Serra, como candidata a vice, a deputada pemedebê Rita Camata (ES), hoje filiada ao PSDB.



A vitória de Lula submeteu Temer a uma realidade adversa. Sob FHC, fora à presidência da Câmara duas vezes. Obtivera cargos na máquina pública.



No primeiro mandato de Lula, perderia os cargos. E seria ultrapassado em prestígio por Sarney e Renan, lulistas de primeira hora.



Reeleito em 2006, Lula decidiu ampliar sua base congressual. Encontrou em Temer um interlocutor maleável.



Fragilizado pelas urnas miúdas e premido pela necessidade de recuperar o espaço que seu grupo perdera para a ala do Senado, Temer acertou-se com o governo.



Firmou com o petismo um acordo que o faria presidente da Câmara pela terceira vez, no estratégico biênio 2009-2010.



Ampliou-se para seis o número de ministros do PMDB. Entre os que foram à Esplanada, Geddel Vieira Lima, outro ex-aliado do tucanato.



Geddel tornou-se o principal defensor do projeto de Temer. Candidato ao governo da Bahia, operou nos subterrâneos contra a conversão do cristão novo Meirelles em vice de Dilma.



Sempre que o nome de Meirelles emergia nas manchetes, Geddel cuidava de lembrar ao PT que o prestígio do presidente do BC se restringia ao mundo das finanças.



Cristão novo no PMDB, partido ao qual se filiou em setembro de 2009, Meirelles não arrastaria na convenção do partido um mísero voto para Dilma.



Ficou entendido que a parceria eleitoral dependia da entrega da vice a Temer, guindado à condição de fiador do entendimento.



A última pesquisa Datafolha como que aplainou a crista de Lula e do petismo. Embora competitiva, Dilma estacionou. E a vantagem de Serra foi a nove pontos.



Para evitar reviravoltas, Lula desistiu de Meirelles. Pressentiu que era hora de garantir “o essencial”: o tempo de TV do PMDB. Digeriu Temer.



Escrito por Josias de Souza às 07h11

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Serra agradece a Mantega a 'correção' com São Paulo


Divulgação

Em sua última visita, Serra vai a ambulatório em Heliópolis: "Meu grande orgulho"



Um dia depois de pronunciar um discurso recheado de ataques a Lula e ao governo dele, José Serra rendeu uma homenagem à gestão petista.



Neste 1º de abril, ‘Dia da Mentira’, o governador de São Paulo tocou o telefone para o ministro petista da Fazenda, Guido Mantega.



Agradeceu o tratamento “correto” dispensado a ele próprio e ao governo de São Paulo. Mantega cuidou de transmitir o agradecimento a Lula.



Na véspera, Serra soara bem menos amistoso. Em discurso de despedida, criticara as “bravatas” de Lula.



Pior: insinuara que o cabo eleitoral de sua rival, Dilma Rousseff, chefia uma administração dada a “escândalos, malfeitos e roubalheiras”.



Mais: sugerira que o governo Lula serve à “maquina partidária”, não ao “interesse público”.



O Serra desta quinta (1º) tratou de tornar público o agradecimento ao governo que o Serra da quarta (31) desqualificara.



Em nota levada ao seu microblog nesta madrugada, Serra informou:



“Liguei hoje para agradecer ao Guido Mantega, ministro da Fazenda, que foi sempre correto e responsável comigo e com o governo de SP”.



O atestado de correção foi expedido em meio a outros pequenos textos nos quais Serra deu conta de seus últimos atos como governador.



Antecipou: “Fazendo a mudança... Envio nesta sexta-feira (2) à Assembléia Legislativa minha carta de renúncia ao governo de SP. É uma exigência legal”.



Celebrou: “Ah, a estréia do Rodoanel foi um sucesso”. Referência à obra que fizera questão de inaugurar antes de mergulhar na campanha.



Um pedaço de rodovia concebido para desafogar o trânsito de São Paulo, retirando diariamente do miolo da Capital 16,5 mil caminhões e 55,5 mil carros de passeio.



Serra também deu conta de sua passagem por um ambulatório médico da favela de Heliópolis, sua “última visita como governador” (foto lá no alto).



Jactou-se: “É o primeiro ambulatório do país com ressonância magnética. Salas de cirurgia, leitos, 45 consultórios para 2 milhões de pessoas”.



No mais, Serra prestou contas de uma demanda que lhe chegara pelo twitter. Um seguidor reclamara de remédio o governo lhe sonegava.



De saída, Serra informou: “[...] O governo de São Paulo já entregou a ele o medicamento importado”.



A madrugada já ia alta, 4h desta sexta (2), quando Serra deixou o computador. Despediu-se: “Do governo de SP era isso. Acabou. Bom feriado a todos”.



Deixou a platéia virtual em boa companhia: Pavarotti e Sting, entoando, em dueto, Panis Angelicus.



Na madrugada anterior, Serra despedira-se com uma peça mais sugestiva: “Tá chegando a hora... Cielito Lindo, André Rieu”.


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Médico Clínico e Sanitarista - Doutor em Saúde Pública - Coronel Reformado do Quadro de Dentistas do Exército. Autor dos livros "Sistemismo Ecológico Cibernético", "Sistemas, Ambiente e Mecanismos de Controle" e da Tese de Livre-Docência: "Profilaxia dos Acidentes de Trânsito" - Professor Adjunto IV da Faculdade de Medicina (UFF) - Disciplinas: Epidemiologia, Saúde Comunitária e Sistemas de Saúde. Professor Titular de Metodologia da Pesquisa Científica - Fundação Educacional Serra dos Órgãos (FESO). Presidete do Diretório Acadêmico da Faculdade Fluminense de Odontologia. Fundador do PDT, ao lado de Leonel Brizola, Darcy Ribeiro, Carlos Lupi, Wilson Fadul, Maria José Latgé, Eduardo Azeredo Costa, Alceu Colares, Trajano Ribeiro, Eduardo Chuy, Rosalda Paim e outros. Ex-Membro do Diretório Regional do PDT/RJ. Fundador do Movimento Verde do PDT/RJ. Foi Diretor-Geral do Departamento Geral de Higiene e Vigilância Sanitária, da Secretaria de Estado de Saúde e Higiene/RJ, durante todo o primeiro mandato do Governador Brizola.