sábado, 21 de março de 2009

Datafolha consolida quadro da sucessão de 2010 (Pedro do Coutto)

A excelente pesquisa do Datafolha, publicada na FSP de sexta-feira, sobre a aprovação do governo Lula e o panorama hoje visto da ponte para a sucessão presidencial de 2010 consolida plenamente o quadro identificado pelo mesmo instituto no ano passado. A crise financeira internacional afetou pouco a faixa dos que consideram a administração Luis Inácio ótima e boa, registrando uma descida de 70 para 65 pontos.

Há dois meses, em levantamento feito para a Confederação Nacional dos Transportes, o Sensus havia identificado uma aprovação recorde da ordem de 84%. Mas 65% é um índice positivo fantástico para um governante, sobretudo no sexto ano de seu período. Inclusive porque parcela de 28 por cento considera o governo regular. E somente 8%, ruim e péssimo.

A média de Lula, dividindo-se o maior pelo menor, apresenta um resultado extremamente favorável. Entretanto, seu desempenho, de acordo com o Datafolha, não foi suficiente para transferir votos em favor da ministra Dilma Roussef. Ela ficou com 11% das intenções de voto, percentagem idêntica à obtida pela ex-senadora, agora vereadora em Maceió, Heloisa Helena. Vinculada a uma legenda pequena, o PSOL, é, por isso mesmo, muito forte a presença de Heloisa Helena junto à opinião pública do País.

Quando digo que o panorama sucessório não mudou é porque o governador José Serra continua liderando com 41 pontos, seguido de longe por Ciro Gomes com 16. Quando a pesquisa substitui Serra pelo governador de Minas, Aécio Neves registra apenas 17%. Não há dúvida que o PSDB vai escolher Serra. Aécio talvez de vice numa chapa café com leite. São Paulo-Minas Gerais, como no tempo da república velha.

As bases da campanha sucessória assim estão lançadas, faltando definir somente se a reeleição permanece ou termina. Se for acabar, já está em tempo de emenda constitucional com este objetivo começar a tramitar. O fim da reeleição proporciona a Lula a oportunidade de retornar ao Planalto em 2014 ou 2015, neste segundo caso se o mandato presidencial passasse a ser de 5 anos. Uma hipótese.

Porém é possível que o atual presidente da República pretenda voltar a disputar o poder em 2014, mesmo com a reeleição mantida. Isso não afetará o desenrolar dos próximos lances. Eles serão intensos de uma maneira ou de outra. O que pode sensibilizar, em matéria de articulação política, é a boa cotação alcançada pelo deputado Ciro Gomes.

Afinal, teve 16% das intenções de voto para presidente. Muito, sobretudo levando-se em conta que também pertence a uma legenda pequena, a do PSB. Mas pode estar se habilitando à vice na chapa da chefe da Casa Civil. É possível, mas não muito provável.

Pois se Ciro viesse a ser vice de Dilma Roussef, estaria abalada a aliança PT-PMDB, que assegura ao presidente da República ampla maioria no Congresso e as maiorias, quando sólidas, constituem sempre um fator de estabilização do poder. A maioria parlamentar, seja por qual ângulo for analisada, é sempre fundamental. Evita uma série de crises. Vejam-se os exemplos, em épocas distintas, de Getúlio Vargas, de Jânio Quadros, de Castelo Branco e de Costa e Silva. As consequências foram desastrosas.

Mas esta é outra questão. O fato é que o quadro básico para os próximos dois anos se manteve. Porém as preocupações subiram: o desemprego passou à condição de maior problema do País e para 78% a crise internacional vai afetar o Brasil de alguma forma.

Este pensamento vai se fazer sentir durante a campanha. Ela, aliás, já começou.

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Médico Clínico e Sanitarista - Doutor em Saúde Pública - Coronel Reformado do Quadro de Dentistas do Exército. Autor dos livros "Sistemismo Ecológico Cibernético", "Sistemas, Ambiente e Mecanismos de Controle" e da Tese de Livre-Docência: "Profilaxia dos Acidentes de Trânsito" - Professor Adjunto IV da Faculdade de Medicina (UFF) - Disciplinas: Epidemiologia, Saúde Comunitária e Sistemas de Saúde. Professor Titular de Metodologia da Pesquisa Científica - Fundação Educacional Serra dos Órgãos (FESO). Presidete do Diretório Acadêmico da Faculdade Fluminense de Odontologia. Fundador do PDT, ao lado de Leonel Brizola, Darcy Ribeiro, Carlos Lupi, Wilson Fadul, Maria José Latgé, Eduardo Azeredo Costa, Alceu Colares, Trajano Ribeiro, Eduardo Chuy, Rosalda Paim e outros. Ex-Membro do Diretório Regional do PDT/RJ. Fundador do Movimento Verde do PDT/RJ. Foi Diretor-Geral do Departamento Geral de Higiene e Vigilância Sanitária, da Secretaria de Estado de Saúde e Higiene/RJ, durante todo o primeiro mandato do Governador Brizola.