segunda-feira, 2 de março de 2009

Jarbas Vasconcelos não pode ser vice de Serra (Pedro do Coutto)

Em matéria publicada em "O Estado de S. Paulo" de domingo de Carnaval, o deputado Henrique Eduardo Alves, líder do PMDB na Câmara, afirmou que a entrevista do senador Jarbas Vasconcelos à "Veja" faz parte de um plano para que se torne candidato a vice presidente na chapa de José Serra à sucessão de 2010.

Na sucessão do ano que vem, que já começou a ficar perto. Foi um equívoco ou uma tentativa de desclassificar o conteúdo das declarações que apontaram o interesse de ponderável grupo do partido no processo de corrupção administrativa. Seja qual for a intenção, Jarbas Vasconcelos não pode se tornar candidato a vice na chapa do PSDB, mantendo-se no PMDB. A legislação simplesmente não permite. Por sua legenda atual. Jarbas só pode ser candidato se homologado pela convenção e se esta optar pelo apoio ao governador de São Paulo.

Pode, isso sim, abrir uma dissidência. Mas esta é outra questão. Aliás fora de cogitações, já que o PMDB, ao qual pertenceram Tancredo Neves e Ulisses Guimarães, mantém seis ministérios no governo Lula..

E como na vai se afastar de Luis Inácio, não romperá com o plano alto do planalto. E como a candidata do presidente é a ministra Dilma Roussef, o PMDB vai com ela e com o governo até as urnas. Não existe a sua frente, hoje, nenhum outro caminho lógico. Se Dilma vence ou não é outra história. Mas não é possível que um partido abra mão de seis ministérios para apoiar o governador de São Paulo.

Por que faria isso? Se José Serra suceder Lula, o PMDB compõe com ele. Sem dúvida. Trocar duas alternativas por uma?

O PMDB de hoje transformou-se no PSD de ontem: tem uma vocação irresistível e irreversível para o poder. A frase surgiu, outrora, em forma de brincadeira, mas não se pode retirar dela uma boa dose de realidade institucional. O PMDB possui a maior bancada no Congresso.

E governo algum pode administrar em minoria ou com maioria instável. Sem entrar no mérito dos episódios, cada qual com suas características próprias, aconteceu isso com Getúlio Vargas, Café Filho, Castelo Branco, Costa e Silva e Collor de Melo. Sem sustentação parlamentar sólida, desabaram todos eles. Nenhum governo pode sobreviver em minoria parlamentar sem perspectivas de grave crise. A política é assim.

Não há como fugir da realidade, tampouco brigar com os fatos. O que se condena não são os acordos políticos, pois eles existem em todo o mundo. O que se condena, nos acordos, é o descompromisso com a construção e o compromisso com a corrupção. Seja pela convergência, seja pelo silêncio. O descompromisso com os objetivos públicos e com os interesses legítimos da população é que é um desastre.

No caso do senador Jarbas Vasconcelos, na entrevista ao repórter Otávio Cabral, que aliás continua repercutindo com intensidade, ela pode significar, sem dúvida, um rompimento com o governo Lula, mas não uma ponte para 2010, já que para ser candidato a vice, ele teria que, até 30 de setembro de 2009, ingressar em outra legenda. Mas aí deixaria de interessar a Serra. A lei exige um ano de filiação partidária. O mesmo obstáculo está à frente do governador Aécio Neves. Mas mesmo que ambos mudassem de agremiação, quem lhes poderia garantir o apoio dos partidos nos quais ingressariam?

Ninguém. Não faz sentido.

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Quem sou eu

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Médico Clínico e Sanitarista - Doutor em Saúde Pública - Coronel Reformado do Quadro de Dentistas do Exército. Autor dos livros "Sistemismo Ecológico Cibernético", "Sistemas, Ambiente e Mecanismos de Controle" e da Tese de Livre-Docência: "Profilaxia dos Acidentes de Trânsito" - Professor Adjunto IV da Faculdade de Medicina (UFF) - Disciplinas: Epidemiologia, Saúde Comunitária e Sistemas de Saúde. Professor Titular de Metodologia da Pesquisa Científica - Fundação Educacional Serra dos Órgãos (FESO). Presidete do Diretório Acadêmico da Faculdade Fluminense de Odontologia. Fundador do PDT, ao lado de Leonel Brizola, Darcy Ribeiro, Carlos Lupi, Wilson Fadul, Maria José Latgé, Eduardo Azeredo Costa, Alceu Colares, Trajano Ribeiro, Eduardo Chuy, Rosalda Paim e outros. Ex-Membro do Diretório Regional do PDT/RJ. Fundador do Movimento Verde do PDT/RJ. Foi Diretor-Geral do Departamento Geral de Higiene e Vigilância Sanitária, da Secretaria de Estado de Saúde e Higiene/RJ, durante todo o primeiro mandato do Governador Brizola.