Opção pela sucessão estadual será mantida como ‘Plano B’
Fotos: Folha
O PSB, partido de Ciro Gomes, marcará, nos próximos dias, uma reunião de sua Executiva nacional.
No encontro, a direção da legenda deve recomendar a Ciro Gomes que transfira o seu título eleitoral do Ceará para São Paulo.
Simultaneamente, o PSB reafirmará que Ciro é candidato à presidência da República, não ao governo paulista.
Uma pergunta ganhará instantaneamente o noticiário: ora, se a candidatura é presidencial, por que mudar o domicílio eleitoral para São Paulo?
O senador Renato Casagrande (ES), secretário-geral do PSB, explicou ao blog o sentido da decisão que seu partido está prestes a tomar:
“O PSB quer que o Ciro seja candidato a presidente. O Ciro também quer. Só que nós não sabemos como o quadro vai evoluir até o ano que vem...”
“...A maioria do partido entende que a transferência do título de Ciro, embora crie, uma especulação sobre a dele em São Paulo, não o retira do projeto nacional”.
São Paulo fica como um plano B? “Ciro é nosso candidato à presidência”, Casagrande repisa. “Mas...”
“...Mas, caso isso não se viabilize por alguma razão, ele tem a alternativa de São Paulo. Uma alternativa remota”.
Por que remota? “Nossas teses estão se fortalecendo a cada dia”, afirma Casagrande.
“A cada pesquisa, verifica-se que é a chanca de a disputa presidencial ser definida no primeiro turno é improvável...”
“...Vai-se consolidando a tese das múltiplas candidaturas presidenciais, inclusive no campo do governo. O debate sobre alianças tende a ficar para o segundo turno”.
Casagrande explica que há um descompasso entre o tempo que a lei impõe para a definição sobre o domicílio de Ciro e o tempo de maturação do projeto político.
Pela lei, os políticos que desejam transferir seus títulos eleitorais de um Estado para outro precisam fazê-lo um ano antes da eleição –até 2 de outubro, portanto.
Daí a pressa do PSB. “Hoje, a tendência da maioria da Executiva é pela transferência. Depois, temos tempo para cuidar da política. O Ciro continuará percorrendo o país”.
Na última sexta (11), Ciro estava em Porto Alegre. O repórter Fabiano Costa entrevistou-o. É candiato à presidência?, perguntou. E Ciro:
“Pessoalmente, nunca vacilei nisso. Mas eu sei, com 30 anos de experiência na vida pública, que na política não é o que você quer. O meu partido é que terá a última palavra nesse assunto.
Lula desistiu da ideia de vê-lo concorrer ao governo paulista? “Disse a Lula que não era o meu desejo, mas assumo disciplinadamente a tarefa que o partido me der”.
Ecoando Casagrande, Ciro também descrê da disputa pesidencial plebiscitária que Lula sonhou para 2010.
“Lula diz idealizar que a melhor tática para o enfrentamento de 2010 é um plebiscito para os brasileiros decidirem se vai ser com Lula ou contra Lula...”
“...Digo ao presidente que acho uma tática errada. A coalizão PT-PMDB, pelo tipo de frouxidão moral que infelizmente a gente adota, não é o que importa para o país”.
Em termos práticos, ao tornar-se um político elegível em São Paulo, Ciro vai às manchetes como candidato à dúvida.
De quebra, açula as incertezas de Lula, do PT e, muito particularmente, do petista Antonio Palocci.
Desde que foi inocentado pelo STF no caso do caseiro Francenildo, Palocci tenta empinar sua candidatura ao governo de São Paulo.
A definição depende da vontade de Lula. Enquanto Ciro estiver no páreo, o presidente tende a cozinhar Palocci em banho-maria.
Escrito por Josias de Souza às 04h39
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