Lula pediu ao presidente eleito do PT, José Eduardo Dutra, que desfaça as intrigas que envenenam as relações com o PMDB.
Mostrou-se especialmente preocupado com o “diz-que-diz” que se formou ao redor da escolha do vice ideal para a candidata Dilma Rousseff (PT).
O presidente encareceu a Dutra, segundo o repórter apurou, que levasse aos dirigentes do PMDB três informações:
1. Deseja que o debate sobre o vice saia do noticiário. Considera a discussão prematura.
2. Não há dúvida quanto à primazia do PMDB na indicação do vice. Apenas não gostaria que a escolha ganhasse ares de imposição.
3. “Se o PMDB quiser que seja o Temer, será o Temer”, o presidente mandou Dutra informar.
Depois da intervenção de Lula, o grão-petismo saiu a campo. O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP) recebeu um par de telefonemas.
Um dos que tocaram o telefone para o deputado foi o próprio Dutra. Cuidou de acalmá-lo.
Pediu a Temer que não dê crédito, por “inverídicas”, às notícias que informam sobre resistências ao nome dele no PT e no comando da campanha de Dilma.
Outro que ligou para Temer foi Cândido Vaccarezza (SP), novo líder de Lula na Câmara. Disse-lhe o que vai na alma de Lula sobre a questão do vice.
Em arremate, Ricardo Berzoini (SP), que se prepara para deixar a presidência do PT em fevereiro, veio ao meio-fio para dizer:
"Não há qualquer problema. É uma crise artificial. Não existe no PT nenhum tipo de restrição ao Michel Temer. A indicação é do PMDB, não é nossa”.
Assim, a semana termina com o desarme do que parecia ser uma bomba relógio, prestes a explodir.
Unificado em torno de Temer, que será reconduzido à presidência do partido em 6 de fevereiro, o naco governista do PMDB olhava de esguelha para o PT.
Ouvido pelo repórter, Temer manteve o timbre cauteloso que o caracteriza. Não há candidatura a vice, ele diz. O debate sobre o tema se dará mais adiante, completa.
Temer acomoda os “bois” das negociações regionais à frente do “carro” da definição do vice.
Antes de fixar a chapa, diz ele, é preciso fechar os palanques estaduais. Estima que a questão só irá à mesa entre os meses de abril e maio.
Antes, portanto, da convenção em que o PMDB homologará (ou não) o apoio a Dilma, em junho.
Fica boiando na atmosfera a pergunta: Mas, afinal, o vice de Dilma será Temer?
Um petista que se considera entendido em Lula, disse ao repórter que o presidente deve ser tomado a sério quando diz que, “se o PMDB quiser, será”.
Realça, porém, um detalhe: Lula poderia ter dito a Temer, ele próprio, o que mandou Dutra dizer.
Terceirizou o recado porque, mais adiante, se julgar que Temer não é a melhor opção, pode entrar em campo para tentar convencer o PMDB a apontar outro nome.
São três as alternativas que frequentam o pano verde: além de Temer, o ministro Hélio Costa (Comunicações) e o presidente do BC, Henrique Meirelles.
Aos olhos de hoje, o nome mais forte é o de Temer. Se o PMDB quebrar lanças por ele, o deputado prevalecerá.
O essencial, na visão de Lula, é assegurar a presença do sócio majoritário do consórcio governista na coligação que dará suporte a Dilma.
Escrito por Josias de Souza às 19h32
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