As vitórias de José Sarney e Michel Temer para as mesas do Congresso, se de um lado consolidaram de modo absoluto a candidatura da ministra Dilma Roussef na sucessão de 2010, mantendo firme a aliança PMDB-PT em torno do governo Lula, de outro contribuíram, especialmente para a eleição de Sarney, para tornar evidente uma cisão no Partido dos Trabalhadores.
Inegavelmente este, no fundo, foi o sentido que inspirou a presença de Tião Viana na disputa pelo comando do Senado. E não apenas isso. A senadora Ideli Salvati, ex-líder do PT, que se empenhou por Tião, acusou correligionários de terem traído compromissos que assumiram em favor desta candidatura.
A insatisfação com Sarney, assim, foi tornada pública. Sentindo a dissidência que começou a aparecer, o PSDB decidiu apoiar o parlamentar do Acre contra o do Amapá, ex-presidente da República. Na esperança de vencer a disputa na chamada câmara alta? Não.
Os senadores tucanos, Arthur Virgílio à frente, sabiam que não poderiam vencer. Até mesmo talvez nem quisessem a vitória, pois esta poderia desestabilizar politicamente o presidente Lula. Não poderia ser este o interesse da oposição. O interesse da oposição era o de encurtar a margem de derrota no Senado visando com isso alimentar a divisão que emergiu das cinzas parlamentares de segunda-feira. Conseguiu.
Como a candidatura de José Serra dá sinais de se encontrar plenamente projetada para o embate do próximo ano, a começar pelo que revelam as pesquisas do Datafolha e do Ibope, o PSDB tenta, desde já, reduzir o poder de fogo do Partido dos Trabalhadores. Manobra, aliás, inteligente. Em relação à qual Tião Viana não pode alegar desconhecimento.
O senador Tião cumpriu com perfeição o desempenho a que se propôs. Não que tenha traído a legenda ou o governo de Lula. Mas sim porque deixou claro a existência de pelo menos uma dose de insatisfação quanto à escolha da chefe da Casa Civil para disputar as eleições presidenciais que vão se realizar daqui a somente vinte meses.
Vinte meses passam depressa. Daí, de outro lado, a urgência do Senado e da Câmara votarem a reforma política, sempre adiada, mas que no momento torna inadiável uma definição nela contida: a reeleição acaba ou permanece? Este é um ponto vital. E não pode a decisão passar deste ano. Se o fim da reeleição, como se espera, ficar para 2010, só poderá vigorar a partir de 2014.
E não é este o interesse do presidente Lula e do próprio PT. O objetivo natural do presidente é que o segundo mandato acabe logo, mesmo ao preço do período presidencial voltar a ser de cinco anos, como foi o de JK antes da crise que começou com a renúncia de Jânio Quadros e atingiu o cume com o movimento militar que derrubou o presidente João Goulart. Mas isso pertence à História, encontra-se na galeria do passado.
O futuro próximo exige uma definição rápida. Sela ela qual for. O fim da reeleição, pelo que se percebe na atmosfera, interessa a todos, envolvendo tanto a opinião pública quanto os partidos. A candidatura Dilma Roussef certamente vai mobilizar o PT, até porque o partido não possui outro caminho, a menos que rompesse com Lula.
Não vai romper, claro. Porém vai desenvolver esforços e articulações para que Dilma Roussef desça um pouco do Planalto e se aproxime mais da planície. Ou seja: vá mais ao encontro do PT. Política é assim.
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
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- Médico Clínico e Sanitarista - Doutor em Saúde Pública - Coronel Reformado do Quadro de Dentistas do Exército. Autor dos livros "Sistemismo Ecológico Cibernético", "Sistemas, Ambiente e Mecanismos de Controle" e da Tese de Livre-Docência: "Profilaxia dos Acidentes de Trânsito" - Professor Adjunto IV da Faculdade de Medicina (UFF) - Disciplinas: Epidemiologia, Saúde Comunitária e Sistemas de Saúde. Professor Titular de Metodologia da Pesquisa Científica - Fundação Educacional Serra dos Órgãos (FESO). Presidete do Diretório Acadêmico da Faculdade Fluminense de Odontologia. Fundador do PDT, ao lado de Leonel Brizola, Darcy Ribeiro, Carlos Lupi, Wilson Fadul, Maria José Latgé, Eduardo Azeredo Costa, Alceu Colares, Trajano Ribeiro, Eduardo Chuy, Rosalda Paim e outros. Ex-Membro do Diretório Regional do PDT/RJ. Fundador do Movimento Verde do PDT/RJ. Foi Diretor-Geral do Departamento Geral de Higiene e Vigilância Sanitária, da Secretaria de Estado de Saúde e Higiene/RJ, durante todo o primeiro mandato do Governador Brizola.
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