domingo, 22 de novembro de 2009

PSDB tenta ampliar aliança ouvindo ‘aliados’ de Lula


Fotos: Divulgação

Sem alarde, a direção do PSDB fará nas próximas semanas um lote de consultas a lideranças de partidos que gravitam em torno de Lula.

Deseja-se verificar se há entre os sócios do consórcio governista quem cogite a sério a hipótese de se compor com a oposição em 2010.

Por ora, são dois os parceiros eleitorais do PSDB: DEM e PPS. Vai-se verificar se há alguma chance de enganchar outras legendas à coligação.

Serão procurados políticos de pelo menos quatro agremiações: PDT, PR, PP, PTB e a ala dos descontentes do PMDB. Deseja-se saber:

1. Se os partidos que gravitam em torno de Lula já assumiram compromissos irreversíveis com a candidatura oficial de Dilma Rousseff.

2. Se há entre as legendas governistas alguma que se disponha a trocar de canoa.

3. Se a opção por Aécio Neves, em detrimento de José Serra, ampliaria as chances de atrair novas adesões à caravana da oposição.

O ciclo de consultas é parte do processo que levará o tucanato a optar, até janeiro de 2010, por Serra ou por Aécio.

Deve-se a decisão de ouvir os supostos aliados do inimigo à estratégia desenvolvida pelo governador tucano de Minas Gerais.

Aécio coleciona nas pesquisas de opinião menos da metade das intenções de votos atribuídas ao governador de São Paulo, líder das sondagens.

A despeito disso, Aécio estica a corda. Reitera internamente uma tese que esgrime sob holofotes há meses:

A decisão do partido, diz Aécio, não pode levar em conta apenas as pesquisas. Alega que é mais “agregador” do que Serra.

Afirma que, escolhendo-o, o PSDB desarruma o palanque que Lula, impondo dificuldades à trajetória de Dilma.

O alto comando do tucanato não ignora que o nome de Aécio, de fato, transita no universo governista com mais fluidez que o de Serra.

Jeitoso, Aécio tem diálogo fácil com o ministro Carlos Lupi (Trabalho), mandachuva do PDT. É sobrinho de Francisco Dornelles, presidente do PP.

Ex-presidente da Câmara, colecionou simpatias suprapartidárias. Transita com facilidade entre as bancadas de legendas mensaleiras como a do PR.

Antes de trocar o Planalto pelo TCU, o ministro José Múcio (PTB), ex-coordenador político de Lula, conversava amiúde com Aécio.

Ao abrir o ciclo de consultas, a direção do PSDB deseja tirar a prova dos nove. Quer saber até onde vai o poder de sedução de Aécio.

Noutras palavras: deseja-se verificar se o charme do rival de Serra pode mesmo resultar em acordos formais.

A intenção não é a de confrontar Aécio. Ao contrário. A intenção do grão-tucanato é a de demonstrar ao rival de Serra que o partido leva em conta os seus argumentos.

O grosso do PSDB pende para Serra. Mas sabe que, sem o eleitorado de Minas, um candidato de São Paulo entra na briga com cara de perdedor.

Daí a decisão de realizar, por meio de consultas às legendas governistas, uma aferição prática da capacidade agregadora que Aécio se auto-atribui.

Na semana passada, como que desejoso de realçar que traz na cintura mais roldanas do que Serra, Aécio reuniu-se com Ciro Gomes, o pseudopresidenciável do PSB.

Inimigo figadal de Serra, a quem chama de “o coiso”, Ciro disse aos microfones que, prevalecendo Aécio, sua candidatura torna-se dispensável.

Nos subterrâneos, a turma de Serra chiou a mais não poder. Mas, na direção do partido, o movimento de Aécio foi visto com compreensão inaudita.

A cúpula do tucanato intui que Ciro faz o jogo dele, não o de Aécio. Ouça-se o que disse ao repórter um dirigente do PSDN:

“Seguramente, o Ciro não tem a intenção de trazer o PSB para nos apoiar. Ao criar problemas para o Serra, ele se credencia junto ao Lula, que o escanteou...”

“...Mas o Aécio cumpre o papel dele. Ele tem de manter a candidatura presidencial até o limite máximo...”

“...Se prevalecer, ótimo. Se der o Serra, como tudo leva a crer, ele terá demonstrado ao eleitorado de Minas que lutou até o limite de suas forças...”

“...O nosso papel é construir um processo de decisão que não deixe mal o Aécio, que leve em conta os argumentos dele”.

O esforço do PSDB para evitar que Aécio saia com a cara de derrotado da disputa que trava com Serra inclui a preocupação com o calendário.

A direção do partido não cogita adiar a escolha do candidato para além do mês de janeiro de 2010.

Em parte porque Aécio quer assim. Mas também porque é minoritário o grupo que se dispõe a esperar até março, como quer Serra.

Ouça-se, de novo, o dirigente do PSDB: “Nosso pessoal já está inquieto. As pessoas vêem a candidata do governo fazendo campanha à luz do dia...”

“...Do nosso lado, enxerga-se a confusão entre Serra e Aécio. Todo mundo quer uma definição. Agimos para que tudo termine bem. E rápido”.

Escrito por Josias de Souza às 05h41

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Médico Clínico e Sanitarista - Doutor em Saúde Pública - Coronel Reformado do Quadro de Dentistas do Exército. Autor dos livros "Sistemismo Ecológico Cibernético", "Sistemas, Ambiente e Mecanismos de Controle" e da Tese de Livre-Docência: "Profilaxia dos Acidentes de Trânsito" - Professor Adjunto IV da Faculdade de Medicina (UFF) - Disciplinas: Epidemiologia, Saúde Comunitária e Sistemas de Saúde. Professor Titular de Metodologia da Pesquisa Científica - Fundação Educacional Serra dos Órgãos (FESO). Presidete do Diretório Acadêmico da Faculdade Fluminense de Odontologia. Fundador do PDT, ao lado de Leonel Brizola, Darcy Ribeiro, Carlos Lupi, Wilson Fadul, Maria José Latgé, Eduardo Azeredo Costa, Alceu Colares, Trajano Ribeiro, Eduardo Chuy, Rosalda Paim e outros. Ex-Membro do Diretório Regional do PDT/RJ. Fundador do Movimento Verde do PDT/RJ. Foi Diretor-Geral do Departamento Geral de Higiene e Vigilância Sanitária, da Secretaria de Estado de Saúde e Higiene/RJ, durante todo o primeiro mandato do Governador Brizola.