Maurício Savarese
Do UOL Notícias
Em São Paulo
Dilma é estrela da propaganda petista
Exibido na noite de quinta-feira (10), o PT centrou seu programa gratuito na televisão na apresentação da pré-candidata e ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e em críticas e comparações com a gestão do tucano Fernando Henrique Cardoso. Na semana anterior, o PSDB dividiu seu tempo exaltando as gestões dos governadores de São Paulo, José Serra, e de Minas Gerais, Aécio Neves.
"Vimos uma Dilma se apresentando como continuidade com alguma mudança, aprofundando o governo Lula para afastá-lo da Presidência de Fernando Henrique, Serra, que, embora ligado a FHC, tem luz própria e vai falar sobre boas gestões no Ministério da Saúde e no governo de São Paulo, e Aécio, que é novidade e vai se mostrar como gestor moderno", disse ao UOL Notícias o cientista político Francisco Fonseca, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP).
Embora os especialistas considerem precoce tirar dos programas de TV e declarações recentes mais do que um ensaio da campanha presidencial de 2010, o PT sinalizou claramente que vai estimular comparações entre os governos Lula e FHC e o PSDB discorrerá sobre o currículo de seus candidatos. Tanto Aécio como Serra têm vasta experiência em votações, enquanto Dilma terá seu nome na urna pela primeira vez.
Programa do PSDB mostra Serra e Aécio
Suficiente?
Para o cientista político Amaury de Souza, sócio-diretor da consultora MCM, o programa do PSDB na televisão, embora genérico e sem densidade, serviu para sinalizar que Aécio e Serra se respeitam e são amigos, o que não inviabilizaria uma chapa puro sangue. E o do PT indica que as comparações com o governo Fernando Henrique podem não ser suficientes para impulsionar a candidatura da petista.
"O programa do PSDB cuida apenas de um problema: como ficam as relações Aécio Serra. A resposta é: eles se complementam e querem andar juntos. É um pequeno ensaio da viabilidade de uma chapa só com tucanos, o que daria mais força ao candidato que estiver na frente, provavelmente Serra", afirmou.
"Já o programa do PT, que tem um governo bem avaliado para defender, tenta fortalecer a imagem da eleição plebiscitária, que também tem base nessas pesquisas que dizem que quase 70% dos eleitores não votariam em um candidato de FHC. Mas a verdadeira pergunta é quem se lembra daquele governo, com tantos jovens chegando para votar? O que tratam como rejeição pode ser desconhecimento. Sem contar que a eleição não é entre Lula e Fernando Henrique."
Professor da PUC-SP, o cientista político Claudio Couto diz que apesar de o ex-presidente não ser candidato, o interesse do PT retomar o assunto faz sentido eleitoralmente. "Se um lado tem interesse em esconder os vínculos com o governo anterior, o outro tem interesse em mostrar. Explicitar a proximidade com um governo mal avaliado é um recurso que não era deixado de lado. Mas com o passar do tempo essa vinculação tende a ser mais fraca e o efeito, mais duvidoso", afirmou.
Apesar disso, Couto avalia que as recentes aparições dos presidenciáveis não permitem definir como eles serão durante a campanha. "A agenda que eles têm mostrado é bastante genérica. Dilma continua Lula, Serra é o candidato centrado na competência pessoal e Aécio tem o discurso de quem quer se posicionar na disputa. No caso do governo, ter candidato definido não deixa o resto todo definido. No caso dos de oposição, não escolher tampouco ajuda. Estamos nos ensaios."
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