sábado, 12 de dezembro de 2009

Comparação Lula-FHC e capacidade pessoal são temas eleitorais de 2010, dizem analistas


Maurício Savarese
Do UOL Notícias
Em São Paulo

Dilma é estrela da propaganda petista

Os governistas prometem insistir na comparação entre as gestões de Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva. A oposição promoverá o debate sobre capacidade pessoal para ocupar o Palácio do Planalto a partir de 2011. Depois dos programas e inserções na televisão de PSDB e PT e de discursos dos presidenciáveis são essas as tendências já perceptíveis para as eleições de 2010, segundo especialistas.

Exibido na noite de quinta-feira (10), o PT centrou seu programa gratuito na televisão na apresentação da pré-candidata e ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e em críticas e comparações com a gestão do tucano Fernando Henrique Cardoso. Na semana anterior, o PSDB dividiu seu tempo exaltando as gestões dos governadores de São Paulo, José Serra, e de Minas Gerais, Aécio Neves.

"Vimos uma Dilma se apresentando como continuidade com alguma mudança, aprofundando o governo Lula para afastá-lo da Presidência de Fernando Henrique, Serra, que, embora ligado a FHC, tem luz própria e vai falar sobre boas gestões no Ministério da Saúde e no governo de São Paulo, e Aécio, que é novidade e vai se mostrar como gestor moderno", disse ao UOL Notícias o cientista político Francisco Fonseca, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP).

Embora os especialistas considerem precoce tirar dos programas de TV e declarações recentes mais do que um ensaio da campanha presidencial de 2010, o PT sinalizou claramente que vai estimular comparações entre os governos Lula e FHC e o PSDB discorrerá sobre o currículo de seus candidatos. Tanto Aécio como Serra têm vasta experiência em votações, enquanto Dilma terá seu nome na urna pela primeira vez.

A ministra é a preferida de Lula para concorrer. Serra e Aécio disputam a indicação tucana para concorrer à Presidência da República. Até o fim deste ano, o governador de São Paulo liderava as pesquisas de intenção de voto. No cenário com o governador mineiro, o líder é o deputado Ciro Gomes (PSB-CE). Aécio aparece atrás de Dilma, em terceiro lugar, à frente apenas da senadora Marina Silva (PV-AC).

Suficiente?
Para o cientista político Amaury de Souza, sócio-diretor da consultora MCM, o programa do PSDB na televisão, embora genérico e sem densidade, serviu para sinalizar que Aécio e Serra se respeitam e são amigos, o que não inviabilizaria uma chapa puro sangue. E o do PT indica que as comparações com o governo Fernando Henrique podem não ser suficientes para impulsionar a candidatura da petista.

"O programa do PSDB cuida apenas de um problema: como ficam as relações Aécio Serra. A resposta é: eles se complementam e querem andar juntos. É um pequeno ensaio da viabilidade de uma chapa só com tucanos, o que daria mais força ao candidato que estiver na frente, provavelmente Serra", afirmou.

"Já o programa do PT, que tem um governo bem avaliado para defender, tenta fortalecer a imagem da eleição plebiscitária, que também tem base nessas pesquisas que dizem que quase 70% dos eleitores não votariam em um candidato de FHC. Mas a verdadeira pergunta é quem se lembra daquele governo, com tantos jovens chegando para votar? O que tratam como rejeição pode ser desconhecimento. Sem contar que a eleição não é entre Lula e Fernando Henrique."

Professor da PUC-SP, o cientista político Claudio Couto diz que apesar de o ex-presidente não ser candidato, o interesse do PT retomar o assunto faz sentido eleitoralmente. "Se um lado tem interesse em esconder os vínculos com o governo anterior, o outro tem interesse em mostrar. Explicitar a proximidade com um governo mal avaliado é um recurso que não era deixado de lado. Mas com o passar do tempo essa vinculação tende a ser mais fraca e o efeito, mais duvidoso", afirmou.

Apesar disso, Couto avalia que as recentes aparições dos presidenciáveis não permitem definir como eles serão durante a campanha. "A agenda que eles têm mostrado é bastante genérica. Dilma continua Lula, Serra é o candidato centrado na competência pessoal e Aécio tem o discurso de quem quer se posicionar na disputa. No caso do governo, ter candidato definido não deixa o resto todo definido. No caso dos de oposição, não escolher tampouco ajuda. Estamos nos ensaios."

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Quem sou eu

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Médico Clínico e Sanitarista - Doutor em Saúde Pública - Coronel Reformado do Quadro de Dentistas do Exército. Autor dos livros "Sistemismo Ecológico Cibernético", "Sistemas, Ambiente e Mecanismos de Controle" e da Tese de Livre-Docência: "Profilaxia dos Acidentes de Trânsito" - Professor Adjunto IV da Faculdade de Medicina (UFF) - Disciplinas: Epidemiologia, Saúde Comunitária e Sistemas de Saúde. Professor Titular de Metodologia da Pesquisa Científica - Fundação Educacional Serra dos Órgãos (FESO). Presidete do Diretório Acadêmico da Faculdade Fluminense de Odontologia. Fundador do PDT, ao lado de Leonel Brizola, Darcy Ribeiro, Carlos Lupi, Wilson Fadul, Maria José Latgé, Eduardo Azeredo Costa, Alceu Colares, Trajano Ribeiro, Eduardo Chuy, Rosalda Paim e outros. Ex-Membro do Diretório Regional do PDT/RJ. Fundador do Movimento Verde do PDT/RJ. Foi Diretor-Geral do Departamento Geral de Higiene e Vigilância Sanitária, da Secretaria de Estado de Saúde e Higiene/RJ, durante todo o primeiro mandato do Governador Brizola.