terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Lula, Temer e os contornos do trololó da ‘lista triplice’

Anuruddha Lokuhapuara/Reuters

O PMDB estrilou. O partido pediu explicações. A legenda exigiu o retorno de Lula aos holofotes.

Mas, decorridos seis dias, a sugestão de que o PMDB ofereça três alternativas de vice para Dilma continua de pé.

Lula voou para Copenhague. E não disse palavra sobre o mal-estar. O silêncio diz muito sobre o que vai na alma do presidente.

Vão abaixo três notas veiculadas nesta terça (15) na seção Painel, da Folha:

- Missão cumprida: Lula deixou claro para mais de um auxiliar que não pretende dar satisfações a Michel Temer sobre sua sugestão de que o PMDB apresente uma "lista tríplice" de candidatos a vice de Dilma Rousseff.

Pode vir a afagá-lo em público, mas não se enredará numa conversa privada que implique conceder ao presidente da Câmara algum favoritismo na disputa pela vaga.


Isso porque, na contramão da leitura contemporizadora de alguns petistas, houve pouco ou nenhum improviso na fala de Lula no Maranhão.

Ele de fato não quer Temer como vice e parece disposto a peitar o comando do PMDB. A poeira do incidente da semana passada vai baixar, mas o recado já foi dado.


- Gangorra: As cabeças mais frias do PMDB avaliam que a possibilidade de resistir à vontade de Lula será inversamente proporcional ao desempenho de Dilma nas pesquisas.

Quanto mais rapidamente ela subir, menor a chance de o partido impor o nome do vice. Mas, se ela patinar, a coisa muda de figura.


- Serial: Quem conhece Lula aposta que o episódio da ‘lista tríplice’ será seguido de outras estocadas no PMDB mais adiante.

O presidente poderia, por exemplo, não nomear o secretário-executivo João Reis Santana Filho para o Ministério da Integração Nacional quando Geddel Vieira Lima deixar a pasta para disputar o governo da Bahia.

Beleza. Mas Lula parece desconsiderar a personalidade do sócio majoritário de seu consórcio partidário.

O PMDB é capaz de amar dois, três, quatro parceiros ao mesmo tempo. O amor múltiplo é parte da essência da legenda.

A exclusividade que o PMDB dá é sempre momentânea e fingida. Para o PMDB, cada segundo de fidelidade é um aviltamento de seus instintos.

Escrito por Josias de Souza às 19h38

Nenhum comentário:

Arquivo do blog

Quem sou eu

Minha foto
Médico Clínico e Sanitarista - Doutor em Saúde Pública - Coronel Reformado do Quadro de Dentistas do Exército. Autor dos livros "Sistemismo Ecológico Cibernético", "Sistemas, Ambiente e Mecanismos de Controle" e da Tese de Livre-Docência: "Profilaxia dos Acidentes de Trânsito" - Professor Adjunto IV da Faculdade de Medicina (UFF) - Disciplinas: Epidemiologia, Saúde Comunitária e Sistemas de Saúde. Professor Titular de Metodologia da Pesquisa Científica - Fundação Educacional Serra dos Órgãos (FESO). Presidete do Diretório Acadêmico da Faculdade Fluminense de Odontologia. Fundador do PDT, ao lado de Leonel Brizola, Darcy Ribeiro, Carlos Lupi, Wilson Fadul, Maria José Latgé, Eduardo Azeredo Costa, Alceu Colares, Trajano Ribeiro, Eduardo Chuy, Rosalda Paim e outros. Ex-Membro do Diretório Regional do PDT/RJ. Fundador do Movimento Verde do PDT/RJ. Foi Diretor-Geral do Departamento Geral de Higiene e Vigilância Sanitária, da Secretaria de Estado de Saúde e Higiene/RJ, durante todo o primeiro mandato do Governador Brizola.