segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Operações da Polícia Federal acirram disputa por candidaturas a vice-presidente



* Lula Marques/Folha Imagem

Futuro indefinido A maioria dos parlamentares
do PMDB nacional nem sequer cogita trocar
Michel Temer (foto) por outro quadro na provável candidatura à Vice-Presidência, mas alguns admitem que o presidente licenciado do partido pode optar por uma fácil reeleição na Câmara e pela quarta vez presidir a casa no biênio 2011-2012

Maurício Savarese
Do UOL Notícias
Em São Paulo
A chapa governista à Presidência da República já parecia definida com a petista ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o peemedebista presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer. Oposicionista líder nas pesquisas de intenção de voto, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), chegou a dizer que em 2010 o eleitor poderia "votar em um careca e ganhar dois" ao lado do colega do Distrito Federal, José Roberto Arruda. Foi então que a Polícia Federal colocou a primeira fórmula em dúvida e inviabilizou a segunda.



* Michel Temer critica Lula por sugestão de lista tríplice do PMDB para indicação de vice de Dilma



Depois que Temer apareceu citado nas investigações da operação Castelo de Areia, como um dos supostos beneficiários de repasses da construtora Camargo Correa, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou em lista tríplice de peemedebistas para compor com Dilma. O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, mesmo recém-filiado, ganhou impulso no partido. E até mesmo o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão - cujo filho já acumulou problemas com a PF -, passou a ser citado como potencial vice.

A maioria dos parlamentares do PMDB nacional nem sequer cogita trocar Temer por outro quadro na provável candidatura à Vice-Presidência, mas alguns admitem que o presidente licenciado do partido pode optar por uma fácil reeleição na Câmara e pela quarta vez presidir a casa no biênio 2011-2012. "Senti que ele não parece tão convencido de que quer ser candidato a vice. Se as coisas forem bem, aceitará. Senão, fica como está, presidente da Câmara por mais três anos", afirmou um interlocutor dele ao UOL Notícias.

Além das investigações da Castelo de Areia, o presidente da Câmara - que negou todas as acusações feitas a ele - também é citado em um dos vídeos que mostra corrupção no governo do Distrito Federal como um dos supostos beneficiários de recursos vindos de empresas e sem origem declarada, segundo investigações da Polícia Federal.

Antes do fim de semana, Dilma falou com Temer por telefone para acalmá-lo sobre seu interesse em tê-lo como companheiro de chapa em 2010. Isso, no entanto, não evitou que o peemedebista criticasse Lula por ter sugerido a lista tríplice. "Não foi uma fala feliz. Nós jamais iríamos dizer o que o PT deve fazer ou não fazer. O PMDB é que tem que decidir", disse ele a jornalistas no domingo (13), depois de votar nas eleições internas que reconduziram Orestes Quércia ao comando da sigla em São Paulo.


Falando como candidato
"Não me manifestei porque todo mundo diz que eu posso ser candidato a vice (na chapa de Dilma). Eu jamais falei. O presidente Lula um dia me disse que eu deveria ser o vice. Eu respondi: 'Presidente, vamos fechar a aliança e verificar qual o nome que melhor soma para a candidata'. Muitos setores do governo, do PT e do PMDB dizem que o nome ideal é o meu. Vou examinar isso lá no futuro", afirmou Temer. As apurações da PF prosseguem.

Meirelles, em entrevista recente, limitou-se a dizer que a candidatura nacional não é questão de vontade, mas sim de "destino". Ele se filiou ao PMDB depois de ouvir vários políticos de Goiás e, inicialmente, o objetivo era não se indispor com o governador Alcides Rodrigues (PP), de um partido da base aliada de Lula, mas que é político próximo de um dos senadores mais criticados pelo governo, Marconi Perillo (PSDB).

Líderes peemedebistas até pouco tempo consideravam improvável a candidatura do presidente do Banco Central como coroação da aliança entre PT e PMDB. Além de presidente nacional do partido, licenciado por ocupar o mais alto cargo da Câmara, Temer ajudaria Dilma com a estrutura da legenda no maior colégio eleitoral país, dominado há 16 anos pelos tucanos, aliados de Quércia.

Temer participará da Executiva do PMDB em São Paulo, depois de ser eleito na chapa de Quércia. Membros do partido cogitaram nas últimas semanas que ele se aliaria ao candidato que acabou derrotado por ampla margem, Francisco Rossi - cuja candidatura foi estimulada por setores do PT.

Para o interlocutor do presidente da Câmara, o movimento serve para aproximar o ex-governador e evitar ataques pesados a Dilma nas eleições de 2010. Também para, se for o caso, garantir nova eleição de Temer para o cargo que ocupa hoje na legislatura que começa em 2011 caso busque apenas a reeleição como parlamentar.

* Lula Marques/Folha Imagem

Carecas O governador de São Paulo, José Serra, discursa ao lado do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, durante a assinatura de um convênio na área de habitação, no ano passado. Serra chegou a dizer chegou a dizer que em 2010 o eleitor poderia "votar em um careca e ganhar dois", em referência ao colega do DF. Após as denúncias de corrupção contra Arruda, a dobradinha na chapa dos tucanos e democratas parece inviável

Sem careca
Após a avassaladora série de denúncias que comprometem o governador do Distrito Federal, o favoritismo no DEM para ocupar o posto de vice em uma possível chapa de Serra ou do governador de Minas Gerais, Aécio Neves, passou a ser do senador José Agripino Maia (RN), líder do partido no Senado.

Cotado para o posto em 2006, quando foi preterido pelo então senador José Jorge (PE) para ser candidato a vice do tucano Geraldo Alckmin, o potiguar tinha em Arruda seu principal adversário interno e, paradoxalmente, principal defensor na postulação.

"Quem sabe José Agripino não será convocado para contribuir com o Brasil? Sinto cheiro de vitória nesse auditório", disse o governador do Distrito Federal em um seminário realizado em Natal em setembro deste ano, antes das denúncias de compra de apoio parlamentar com recursos ilegais para empresas beneficiadas por seu governo, segundo as investigações da Operação Caixa de Pandora.

O presidente do Democratas, deputado Rodrigo Maia (RJ), avalia que há outras possibilidades de candidatos a vice além de Agripino, como o líder do partido na Câmara, Ronaldo Caiado (GO) e o ex-líder na mesma Casa, José Carlos Aleluia (BA), mas acredita que "o objetivo central é vencer o PT" e que isso pode até afastar a sigla da chapa, que seria composta por Serra e Aécio - na preferência dele com o mineiro na cabeça.

"O importante é vencermos as eleições e a candidatura a vice é algo que só vamos definir depois de o PSDB se definir. Enquanto isso não acontecer haverá muita conversa, mas o fato é que precisamos disso resolvido primeiro para saber se indicaremos o vice ou se apoiaremos, com o mesmo entusiasmo, uma composição entre Serra e Aécio", afirmou.

Petistas comentam nos bastidores que se Agripino for candidato a vice em uma chapa liderada por um dos governadores tucanos repetirão à exaustão uma eloquente resposta de Dilma ao senador em depoimento à Comissão de Infra-Estrutura da Casa, datado de maio do ano passado. Na ocasião, o senador comparou a habilidade da ministra de mentir durante tortura à possibilidade de que ela mentisse sobre a acusação de que a Casa Civil teria produzido um dossiê com gastos pessoais do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e sua mulher.

* do UOL Notícias

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Quem sou eu

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Médico Clínico e Sanitarista - Doutor em Saúde Pública - Coronel Reformado do Quadro de Dentistas do Exército. Autor dos livros "Sistemismo Ecológico Cibernético", "Sistemas, Ambiente e Mecanismos de Controle" e da Tese de Livre-Docência: "Profilaxia dos Acidentes de Trânsito" - Professor Adjunto IV da Faculdade de Medicina (UFF) - Disciplinas: Epidemiologia, Saúde Comunitária e Sistemas de Saúde. Professor Titular de Metodologia da Pesquisa Científica - Fundação Educacional Serra dos Órgãos (FESO). Presidete do Diretório Acadêmico da Faculdade Fluminense de Odontologia. Fundador do PDT, ao lado de Leonel Brizola, Darcy Ribeiro, Carlos Lupi, Wilson Fadul, Maria José Latgé, Eduardo Azeredo Costa, Alceu Colares, Trajano Ribeiro, Eduardo Chuy, Rosalda Paim e outros. Ex-Membro do Diretório Regional do PDT/RJ. Fundador do Movimento Verde do PDT/RJ. Foi Diretor-Geral do Departamento Geral de Higiene e Vigilância Sanitária, da Secretaria de Estado de Saúde e Higiene/RJ, durante todo o primeiro mandato do Governador Brizola.