A falácia da maioria: 58% rejeitam Dilma, mas 66% não querem volta do PSDB
Mário Magalhães
É direito da ex-senadora votar e chamar voto em quem bem entender.
Nos momentos que antecedem o anúncio da concorrente do PSB, seus colaboradores mais próximos enfatizam um argumento interpretado como endosso ao candidato Aécio Neves, do PSDB: a maioria se pronunciou contra a continuidade do atual governo, e portanto da postulante à reeleição, Dilma Rousseff, do PT.
De acordo com o raciocínio de muitos comentaristas, Marina seria fiel ao pronunciamento dos brasileiros: depois de quase 12 anos de governos petistas, os cidadãos querem mudar.
Primeira dúvida: em 2010, Dilma também não recebeu a maioria dos sufrágios no primeiro turno; logo, a maioria negou-se a escolher o PT; por que, então, Marina ficou neutra entre o PT e o PSDB de José Serra?
Ela pode apoiar Aécio agora, mas se o argumento forem os números da rodada inicial, cai em contradição com sua atitude de quatro anos atrás.
Há uma falácia na pregação sobre a maioria contra Dilma e a contrapartida da decisão por Aécio. Se é verdade que 58 em cada 100 votos válidos desprezaram a presidente, foram mais os que disseram não ao regresso dos tucanos ao Planalto: 66 por centena.
A falácia é justificar voto contra Dilma porque a maioria não a quis, e chancelar quem é ainda mais minoritário que a petista.
Ao contrário do que imaginam alguns bem-pensantes, está claro aos eleitores que Aécio representa a agremiação de Fernando Henrique Cardoso. Até porque o senador teve a honestidade e a decência de não esconder o ex-presidente, homem digno, ao contrário do que fizeram seus correligionários Alckmin e Serra em 2006 e 2010.
A voz das ruas (também) foi esta: com 11 candidatos no jogo, a rejeição ao PSDB foi ainda maior do que ao PT.
Segundo turno é para isso mesmo: para estabelecer maioria absoluta. Esta só se decide em 26 de outubro.
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