A cúpula do PMDB anunciará na próxima semana que o partido vai apoiar a candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), à Presidência da República em 2010. Para fechar a aliança, o PMDB exigiu não apenas a vaga de vice na chapa - já oferecida pelo PT - como mais poder em caso de uma nova gestão petista à frente do Planalto. Até agora, o nome mais cotado para vice de Dilma é o do presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP). O "noivado" entre PT e PMDB será formalizado em reunião de dirigentes dos dois partidos com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma, no dia 21 ou 22.
Até a noite de terça-feira (13), a data ainda dependia da agenda de Lula. O "casamento de papel passado", porém, só ocorrerá em junho do ano que vem, após as convenções das duas legendas. "Nós vamos firmar um pré-compromisso com o PT, deixando claro que estaremos juntos em 2010 e a vaga de vice será do PMDB", afirmou o deputado Henrique Eduardo Alves (RN), líder da legenda na Câmara. O presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (PT-SP), garantiu que os problemas regionais entre os dois partidos para a formação de palanques não impedirão a coligação nacional.
"Há Estados onde o PT e o PMDB não se bicam, mas isso não atrapalha a aliança com Dilma", argumentou Berzoini. "Já dissemos várias vezes ao PMDB que estamos dispostos a estabelecer uma parceria estratégica para governar o Brasil". Diplomático, o petista fez questão de elogiar o deputado Ciro Gomes (PSB-CE), que também está de olho na cadeira de Lula. "Ciro é nosso amigo e não vamos brigar. Se ele sair candidato, a disputa será feita nos marcos da cordialidade", observou Berzoini.
NEGOCIAÇÕES
Nos últimos dias, o Palácio do Planalto intensificou as negociações para fechar as alianças com os partidos que formam a base aliada do governo. A ideia é criar um fato consumado para neutralizar o assédio do governador José Serra, pré-candidato do PSDB à Presidência, sobre os integrantes da coalizão federal, como é o caso do PMDB, que hoje ocupa seis Ministérios na Esplanada e dirige diversas estatais importantes. "Existe um movimento dos serristas para tentar impedir nossa aliança com o PMDB, mas quero dizer que estamos muito bem", reforçou Berzoini.
Orientada por Lula, a própria Dilma tem se reunido com as bancadas parlamentares. Nas palavras de deputados que já participaram desses encontros, a chefe da Casa Civil faz questão de mostrar que não é apenas "técnica". "A ministra pode aposentar aquele bambolê que demos a ela, pois já está provado que tem muito jogo de cintura política", comentou o líder do PMDB.
Nem tudo, porém, são flores. Desde que foi realizado o jantar entre parlamentares e dirigentes do PMDB, no último dia 6, não param de chegar reclamações à cúpula do partido sobre o "casamento" com o PT. As divergências são muitas nas campanhas para os governos estaduais. Os dois partidos vivem às turras em São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia, Pará, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal. Suas alas enfrentam ainda dificuldades de relacionamento em vários outros Estados, como Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte.
Além disso, senadores peemedebistas como Jarbas Vasconcelos (PE), Pedro Simon (RS) e Geraldo Mesquita Junior (AC) condenaram publicamente a dobradinha com o PT. "Precisamos ter bom senso para conduzir esse processo com baixo nível de estresse", comentou Berzoini. "A aliança com o PT é normal, coerente, ética e política. Os que são contrários compõem um grupo minoritário, de oposição ao governo", emendou Alves.(AE)
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