terça-feira, 20 de outubro de 2009

PMDB expõe a Lula suas condições para apoiar Dilma

Lúcio Távora/Folha

Foi antecipado em um dia o encontro da cúpula do PMDB com Lula. Será na noite desta terça (20). Um jantar, no Palácio da Alvorada.

Sócio majoritário do consórcio que dá suporte congressual a Lula, o PMDB levará ao presidente as suas “condições” para o acerto de 2010.

Pretende-se escorar o apoio do partido à candidatura presidencial da ministra Dilma Rousseff num “pré-acordo”. São três os pontos tidos como essenciais:

1. A garantia de que o candidato a vice sairá dos quadros do PMDB. A escolha do nome fica para 2010.

2. A incorporação do PMDB à coordenação da campanha de Dilma, hoje confiada apenas a políticos do PT.

3. A participação do PMDB no grupo que elabora, sob a coordenação do petista Marco Aurélio Garcia, o programa de governo da candidata.

Em privado, Lula revela-se disposto a atender às “exigências” do PMDB. Considera a aliança com o partido “vital” para o êxito eleitoral de Dilma.

Vão ao repasto com Lula, além de lideranças do PMDB, mandachuvas do PT e a própria Dilma, principal beneficiária do ajuste.

Pelo lado do PMDB, a principal voz será a de Michel Temer, presidente licenciado da legenda, mandachuva da Câmara e nome mais cotado para a vice.

Pelo PT, falará no jantar o deputado Ricardo Berzoini, que preside a legenda até a escolha de um novo dirigente, no final do ano.

Tratada como favas contadas, a celebração do acordo pré-nupcial, representará uma guinada na estratégia que o PMDB traçara no início do ano.

Antes, priorizava-se a negociação das alianças com o PT nos Estados. Agora, acomoda-se o carro nacional à frente das boiadas estaduais.

Munido do pacto federal, o pedaço governista do PMDB tentará conter as defecções nos diretórios estaduais que flertam com José Serra, do PSDB.

Para que se converta em decisão oficial, a aliança com Dilma precisa ser referendada pela convenção nacional do PMDB.

A convenção só irá se reunir em junho de 2010. O colegiado é integrado por delegados escolhidos pelos diretórios estaduais da legenda.

Daí a importância de fechar bons acertos regionais com o PT. Há Estados em que o desacerto com o petismo parece incontornável. Bahia, por exemplo.

Para esses casos, o PMDB advoga a fórmula do duplo palanque. Lula e Dilma participariam, em condições igualitárias, das duas campanhas estaduais.

Noutros Estados, a decisão de apoiar Serra está consolidada. Por exemplo: São Paulo, Pernambuco e Santa Catarina.

Pela lei, os diretórios estaduais não estão obrigados a seguir a orientação nacional. Podem se integrar à campanha do candidato da oposição sem sofrer sanções.

Fechado com Serra, o presidente do PMDB-SP, Orestes Quércia, conspira para produzir na convenção nacional uma maioria pró-Serra.

Em entrevista concedida ao blog no início do mês, Quércia disse: “O PMDB não vai a mercadoria [que Temer promete] a Lula”.

A despeito de soar peremptório, Quércia sabe que, aos olhos de hoje, o pedaço governista é majoritário no PMDB. Torce para que Dilma empaque nas pesquisas.

Afora os termos do pré-acordo, o PMDB levará a Lula a sugestão de que tire uma licença do cargo de presidente, em 2010, para cuidar da eleição.

Proposta do líder do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves. Lula mostra-se receptivo. Fala em dedicar-se à campanha de Dilma durante três meses.

A implementação do projeto depende, porém, de variáveis que nem o PMDB nem Lula controlam. A saúde do vice-presidente José Alencar, por exemplo.

Escrito por Josias de Souza às 02h47

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Médico Clínico e Sanitarista - Doutor em Saúde Pública - Coronel Reformado do Quadro de Dentistas do Exército. Autor dos livros "Sistemismo Ecológico Cibernético", "Sistemas, Ambiente e Mecanismos de Controle" e da Tese de Livre-Docência: "Profilaxia dos Acidentes de Trânsito" - Professor Adjunto IV da Faculdade de Medicina (UFF) - Disciplinas: Epidemiologia, Saúde Comunitária e Sistemas de Saúde. Professor Titular de Metodologia da Pesquisa Científica - Fundação Educacional Serra dos Órgãos (FESO). Presidete do Diretório Acadêmico da Faculdade Fluminense de Odontologia. Fundador do PDT, ao lado de Leonel Brizola, Darcy Ribeiro, Carlos Lupi, Wilson Fadul, Maria José Latgé, Eduardo Azeredo Costa, Alceu Colares, Trajano Ribeiro, Eduardo Chuy, Rosalda Paim e outros. Ex-Membro do Diretório Regional do PDT/RJ. Fundador do Movimento Verde do PDT/RJ. Foi Diretor-Geral do Departamento Geral de Higiene e Vigilância Sanitária, da Secretaria de Estado de Saúde e Higiene/RJ, durante todo o primeiro mandato do Governador Brizola.