Lúcio Távora/Folha
Foi antecipado em um dia o encontro da cúpula do PMDB com Lula. Será na noite desta terça (20). Um jantar, no Palácio da Alvorada.
Sócio majoritário do consórcio que dá suporte congressual a Lula, o PMDB levará ao presidente as suas “condições” para o acerto de 2010.
Pretende-se escorar o apoio do partido à candidatura presidencial da ministra Dilma Rousseff num “pré-acordo”. São três os pontos tidos como essenciais:
1. A garantia de que o candidato a vice sairá dos quadros do PMDB. A escolha do nome fica para 2010.
2. A incorporação do PMDB à coordenação da campanha de Dilma, hoje confiada apenas a políticos do PT.
3. A participação do PMDB no grupo que elabora, sob a coordenação do petista Marco Aurélio Garcia, o programa de governo da candidata.
Em privado, Lula revela-se disposto a atender às “exigências” do PMDB. Considera a aliança com o partido “vital” para o êxito eleitoral de Dilma.
Vão ao repasto com Lula, além de lideranças do PMDB, mandachuvas do PT e a própria Dilma, principal beneficiária do ajuste.
Pelo lado do PMDB, a principal voz será a de Michel Temer, presidente licenciado da legenda, mandachuva da Câmara e nome mais cotado para a vice.
Pelo PT, falará no jantar o deputado Ricardo Berzoini, que preside a legenda até a escolha de um novo dirigente, no final do ano.
Tratada como favas contadas, a celebração do acordo pré-nupcial, representará uma guinada na estratégia que o PMDB traçara no início do ano.
Antes, priorizava-se a negociação das alianças com o PT nos Estados. Agora, acomoda-se o carro nacional à frente das boiadas estaduais.
Munido do pacto federal, o pedaço governista do PMDB tentará conter as defecções nos diretórios estaduais que flertam com José Serra, do PSDB.
Para que se converta em decisão oficial, a aliança com Dilma precisa ser referendada pela convenção nacional do PMDB.
A convenção só irá se reunir em junho de 2010. O colegiado é integrado por delegados escolhidos pelos diretórios estaduais da legenda.
Daí a importância de fechar bons acertos regionais com o PT. Há Estados em que o desacerto com o petismo parece incontornável. Bahia, por exemplo.
Para esses casos, o PMDB advoga a fórmula do duplo palanque. Lula e Dilma participariam, em condições igualitárias, das duas campanhas estaduais.
Noutros Estados, a decisão de apoiar Serra está consolidada. Por exemplo: São Paulo, Pernambuco e Santa Catarina.
Pela lei, os diretórios estaduais não estão obrigados a seguir a orientação nacional. Podem se integrar à campanha do candidato da oposição sem sofrer sanções.
Fechado com Serra, o presidente do PMDB-SP, Orestes Quércia, conspira para produzir na convenção nacional uma maioria pró-Serra.
Em entrevista concedida ao blog no início do mês, Quércia disse: “O PMDB não vai a mercadoria [que Temer promete] a Lula”.
A despeito de soar peremptório, Quércia sabe que, aos olhos de hoje, o pedaço governista é majoritário no PMDB. Torce para que Dilma empaque nas pesquisas.
Afora os termos do pré-acordo, o PMDB levará a Lula a sugestão de que tire uma licença do cargo de presidente, em 2010, para cuidar da eleição.
Proposta do líder do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves. Lula mostra-se receptivo. Fala em dedicar-se à campanha de Dilma durante três meses.
A implementação do projeto depende, porém, de variáveis que nem o PMDB nem Lula controlam. A saúde do vice-presidente José Alencar, por exemplo.
Escrito por Josias de Souza às 02h47
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